Em 31
de março ocorreu a primeira reunião pedagógica de
2012 dos
professores e pedagogos do Colégio Estadual
Francisco Zardo,
de
Curitiba.
A discussão foi em torno de aspectos descritos no Projeto Político
Pedagógico e Regimento Escolar sobre Ensino, Aprendizagem e Trabalho
Docente. As
atividades da reunião foram organizadas em exposição sobre os
temas pela Direção e Equipe Pedagógica, seguido por trabalho em
grupo no qual os professores discutiram e realizaram sínteses para
serem partilhadas em plenária. O
texto a seguir é resultado do que os professores elaboraram,
bem como as linhas gerais de análise e avaliação dos temas
discutidos.
Um dos
temas abordados, no aspecto ensino, foi sobre a aplicação das
tecnologias digitais, na metodologia do ensino. Constata-se que há
deficiência na formação prática do professor no uso das
tecnologias. A maioria dos docentes não teve nenhuma prática
voltada às tecnologias durante seus estudos acadêmicos, visto que
muitas das tecnologias são relativamente novas. Para preencher essa
lacuna, é necessário que o professor busque essa qualificação. É
possível buscar o conhecimento a respeito das tecnologias através
de cursos presenciais ou a distância (inclusive ofertados por
diversas instituições de maneira gratuita) e contar com a ajuda de
colegas mais familiarizados com a tecnologia. Também pode haver a
inclusão de aulas práticas de tecnologia durante semana pedagógica.
É
importante ressaltar que apenas a habilidade no manuseio dos
equipamentos tecnológicos não habilitará o professor para tal
prática, mas sim um esclarecimento e delineamento do seu
encaminhamento pedagógico relacionado e contextualizado. Não basta
dominar a tecnologia, deve-se saber atrelar ao conteúdo que se
pretende trabalhar, para que os recursos se tornem um meio de
produção do conhecimento muito valioso na prática pedagógica.
Nesse sentido, é de fundamental importância que a SEED se preocupe
com essa questão e oferte cursos que realmente ensinem a prática de
como utilizar essas novas tecnologias. Mesmo assim, o professor deve
buscar métodos e formas de melhorar suas aulas utilizando recursos
já disponíveis com a tecnologia digital. A experimentação e a
avaliação dos resultados são fundamentais para utilizar como
parâmetros. Isso servirá de base para próximas elaborações das
aulas. Outra forma é a troca de experiências que devem ocorrer
entre os professores, principalmente em experiências bem sucedidas.
Ainda
sobre ensino, foi levantada a questão sobre a importância da
elaboração do Plano de Trabalho Docente (PTD)
que é
um norte para as ações dos professores. Mesmo definindo esse norte,
o PTD pode sofrer variações em função de acontecimentos que
aparecem no decorrer do ano letivo tais como: mudança do número de
alunos (para mais ou para menos), nível da turma, características
das diferentes turmas (ritmo de aprendizado, por exemplo), etc.
O
Plano de Trabalho Docente dará todo o embasamento para o trabalho do
professor. O seu conteúdo delineará o caminho a ser seguido e
facilitará todo o trabalho pedagógico, visto que permitirá o
planejamento antecipado de todos os conteúdos de maneira organizada
e ordenada. Também é importante para que a escola se organize no
caso de uma eventual necessidade de afastamento do professor, pois
assim o seu sucessor ou substituto poderá prosseguir dentro do que
foi planejado. A
elaboração
do plano docente permite um melhor direcionamento e objetividade nas
aulas, que reflete em maior interesse dos alunos que percebem a
objetividade do professor.
Refletimos
também sobre o aspecto aprendizagem e a prática do professor, que
tem um reflexo direto no comportamento e aproveitamento do aluno
(tanto em questões de aprendizagem quanto de indisciplina). Afinal,
o modo como o professor trabalha terá influência, pois os alunos
sabem muito bem identificar um professor que está preparado para dar
o seu conteúdo e para manter a ordem em sala de aula. Os alunos
testam muito os professores, principalmente no início com uma nova
turma, que sempre busca saber “até onde pode ir com determinado
professor”. É comum comentários dos alunos do tipo que com
professor X pode-se “fazer bagunça”, já com professor Y o
pessoal se comporta. Então, o que leva esses alunos a tirarem essa
conclusão é o modo como o professor conduz a sua aula e a sua sala
de aula. Logicamente existem turmas mais agitadas e mais difíceis de
se manter a ordem do que outras, mas certamente o preparo do docente
em lidar com determinadas situações influenciará muito. Observa-se
também que, infelizmente estamos em um momento onde os alunos
refletem na escola a sociedade do portão para fora. Falta uma
adequação para conviver e lidar com as situações que estão
aparecendo no dia-a-dia escolar.
Conforme elaboração do
plano de aula individualizado, cabe a cada docente desenvolver o seu
planejamento utilizando recursos diferenciados para que o objetivo
seja concretizado. Quando não acontece em algumas “turmas”,
avaliar com cuidado o problema e buscar soluções junto à equipe
pedagógica e pais. O professor que planeja suas aulas fica mais
motivado para ministrar suas aulas e isso reflete automaticamente no
comportamento do aluno que percebe que o professor gosta do que faz e
realmente está preparado para ministrar os conteúdos. Assim,
é mais fácil atingir, pelo menos na maioria, a disciplina dos
alunos. O professor deve planejar bem o conteúdo, saber transmitir o
que planejou, a aula não pode ser monótona, pois isso leva o aluno
à indisciplina. Em casos de indisciplina, o professor deve ser claro
em sua postura em relação ao aluno, caso não consiga, comunicar a
equipe.
Hoje o bom professor não
é aquele que detém o conhecimento e busca transmitir ao aluno e sim
aquele que encanta o aluno e o instiga a buscar mais informações
sobre o assunto trabalhado. O professor deve sempre manter a postura
de mestre, mesmo sabendo que não resolverá todos os problemas da
indisciplina, mas será a referência que muitos não possuem nos
seus lares.
Um
desafio que se apresenta no cotidiano da escola é lidar com os
alunos que não têm vontade de aprender e vêm para a escola
obrigados pela instituição e / ou pelos pais. Verifica-se nos dias
de hoje que o desinteresse dos alunos pelos estudos tem sido um
problema sério. A maioria dos alunos vem desmotivada, não vendo
claramente a função da escola e nem o quanto aquele conhecimento
que está sendo passado a eles será útil no futuro. Quando
analisados os motivos pelos quais existe essa falta de interesse e de
vontade, podem-se elencar algumas probabilidades: a rapidez de
informação nos dias de hoje, com recursos como a internet, variados
canais de TV, rádio etc faz com que eles se interessem mais nos
aparatos tecnológicos do que na aula propriamente dita. Temos que
competir com mídias atrativas, que também podem se tornar nossas
aliadas, pois com a utilização de recursos variados podemos tornar
as aulas mais atrativas para despertar o interesse dos nossos alunos.
Certamente não conseguiremos fazer “aulas show” a todo instante,
não devemos ser utópicos, pois todos sabemos da dificuldade com
relação a tempo de preparação, provas e trabalhos para corrigir e
elaborar, etc. Porém com esforço poderemos planejar atividades
interessantes e utilizarmos materiais e métodos diversificados com
uma certa frequência.
A
questão de alunos com mau comportamento envolve principalmente o
relacionamento entre os pais e os filhos, sendo que a desmotivação
é reflexo de questões psicológicas complexas individuais
do aluno, que pode ser acentuada por uma situação ou outra escolar,
porém é questão familiar. A escola pode ajudar ofertando condições
boas de estudos, mas o foco do problema é uma questão familiar e
clínica. Temos alunos do Ensino Médio que já dirigem, trabalham,
vão a festas, já iniciaram sua vida sexual e ao entrar numa sala de
aula acredita que
está
perdendo seu tempo.
Ante a
isso, analisamos também as atribuições previstas em lei que cabem
ao professor. Pode-se pensar que os docentes não conseguem cumprir
todas as suas atribuições, mas o que acontece é que não conseguem
cumprir todas as suas atribuições sempre. O essencial, que é
passar o conhecimento, construir saberes junto
aos
alunos e fazer com que a toda aula algo seja acrescentado a vida de
cada aluno, de alguma forma é realizado. Muitas vezes os professores
se veem
frustrados por não conseguirem fazer com que o aluno realmente abra
a sua mente e perceba a importância do que está sendo passado a
ele. Acontece de muitas vezes o aluno questionar o professor para que
aquele determinado assunto seria útil em sua vida futura. Muitas
vezes os professores entram em sala de aula com bastante ânimo,
propondo um trabalho ou um projeto, ou tentando utilizar um recurso
diferente durante a aula, e percebe-se que esse nosso ânimo não é
recíproco.
Fazendo
um balanço de fatores que dificultam o cumprimento das atribuições
docentes pode-se citar a falta de tempo para uma elaboração
satisfatória de aulas e, mais ainda do que tempo, seria mesmo o
desinteresse por parte dos alunos. O docente somente consegue cumprir
as suas atribuições se levar trabalho para casa, pois são muitas
turmas, com número excessivo de alunos, sendo que um ano letivo é
diferente do outro no planejamento das aulas, provas, trabalhos e
tarefas. E as correções disso tudo toma bastante tempo.
Um
outro aspecto que dificulta o docente de cumprir as suas atribuições
é o número de turmas, pois deixar tudo em dia é sempre um desafio
e neste ponto o professor precisa organizar muito a sua prática e
sua rotina de trabalho.
Para o
cumprimento das atribuições docentes no Colégio Zardo, percebe-se
que a organização, a união e a comunicação adequada têm feito a
diferença. Tem havido um planejamento da equipe pedagógica com
tempo hábil para realizar as tarefas propostas. A equipe escolar tem
oferecido subsídios suficientes para um bom cumprimento do papel
docente: apoio pedagógico e material, inclusive para o uso das
tecnologias digitais. A disciplina dos alunos de modo geral tem
melhorado dentro e fora da sala de aula, já não se vê a correria e
desorganização que era comum diariamente nos horários de entrada e
saída, pelos corredores dos blocos. Com os alunos entrando de
maneira ordenada fica bem mais fácil de permanecerem assim também
em sala de aula.
Por
fim, a instituição pode e deve estar sempre investindo para que a
aprendizagem seja sempre de qualidade, pois também é responsável
pelo êxito do docente, que necessita de condições favoráveis para
a execução, com ferramentas adequadas para concluir o seu plano de
trabalho. A aprendizagem acontece e é de qualidade com um bom
desempenho dos educadores e plano de trabalho bem feito.