Alexandro Muhlstedt
INTRODUÇÃO
Há
três modalidades de cursos técnicos de nível médio.
No
"integrado", o currículo reúne os conhecimentos do ensino
médio e as competências da educação profissional, ou seja, o
aluno tem uma única matrícula para obter os dois diplomas. No
"concomitante", o aluno se matricula em dois cursos
distintos: no técnico e no ensino médio, o que pode ser feito em
uma mesma escola ou em instituições diferentes. A terceira
modalidade é a "subsequente" na
qual
o aluno que já concluiu a Educação Básica se matricula nesse
curso e procura apenas a formação técnica. É
sobre esta modalidade que o presente artigo se debruça.
O
Colégio Estadual Professor Francisco Zardo, de Curitiba, oferta
vagas para três cursos técnicos na modalidade subsequente:
Administração, Informática e Meio Ambiente. As aulas ocorrem no
período noturno e os três cursos têm duração de 1
ano e meio, organizado em 3 semestres.
Um dos problemas
apontados nos cursos é a Evasão dos alunos, sendo que este não é
um problema exclusivo dessa escola. É uma problemática escolar
oriunda de questões sociais abrangentes e complexas que atingem,
sobremaneira, os cursos técnicos, especialmente os de oferta
subsequente do período noturno.
1. A Evasão escolar
Para Queiroz (2004),
evasão escolar é o abandono da escola antes da conclusão de uma
série ou de um determinado nível. A evasão consiste no ato ou
processo de evadir, de fugir, de escapar ou esquivar-se dos
compromissos assumidos ou por vir a assumir. Nesse sentido, pode-se
perceber que o termo evasão tem como marca o abandono de uma
instituição.
No caso específico do
ensino, a evasão é um fenômeno caracterizado pelo abandono do
curso, rompendo com o vínculo jurídico estabelecido, não renovando
o compromisso ou sua manifestação de continuar no estabelecimento
de ensino. Esta situação de evasão é vista como abandono, sem
intenção de voltar, vez que não renovando a matrícula rompe-se o
vínculo existente entre aluno e escola.
A evasão, sendo um
fenômeno complexo, pode ocasionar sérias repercussões sociais e
econômicas. Além dos problemas escolares para alunos e para a
sociedade, podem ocorrer perdas de financeiras para a instituição e
para o governo. Todos os recursos disponíveis da instituição
(professores, funcionários, espaço físico, equipamentos, parte
estrutural da escola), estarão disponíveis, mesmo que para atender
somente 5 alunos, embora numa sala preparada para receber 30. Quando
uma sala de aula é projetada, o investimento prevê a sua lotação.
Mas, o que está ocorrendo é que as salas recebem menos alunos do
que o previsto já no primeiro semestre, e qualquer que seja o número
de alunos evadidos, acarreta ociosidade para a instituição.
Diante deste fato, muitas
instituições estão matriculando alunos a mais nas turmas, já
contando com uma grande taxa de evasão, conforme afirma Digiácomo,
A evasão escolar é um
problema crônico em todo o Brasil, sendo muitas vezes passivamente
assimilada e tolerada por escolas e sistemas de ensino, que chegam ao
exercício de expedientes maquiadores ao admitirem a matrícula de um
número mais elevado de alunos por turma do que o adequado já
contando com a “desistência” de muitos ao longo do período
letivo. (2005, p. 1).
Como afirma Arroyo
(1993), a evasão escolar é uma questão social resultante da
desigualdade social no Brasil, pois a interrupção dos estudos por
parte dos alunos pode gerar prejuízos tanto para a sociedade quanto
para si mesmo, tornando o aluno um trabalhador sem qualificação,
mal remunerado e à mercê do desemprego, reproduzindo a exclusão
para que parte da sociedade não tenha acesso ao conhecimento.
2. A Pesquisa
De acordo com estudos e
pesquisas realizadas entre os anos de 2009 a 2011, constatou que os
motivos
mais presentes no abandono escolar nos
três cursos
técnicos
dessa
escola, não
se referem ao “desinteresse pela escola”, mas sim,
por
questões socioeconômicas, que
envolvem as dificuldades
de conciliar estudo e trabalho, necessidade de trabalhar e
problemas
de ordem
familiar.
Tendo
em vista essa realidade, fez-se
um levantamento mais detalhado no 1º semestre do ano letivo de 2012
com
o objetivo de compreender os motivos que conduziram alunos ao
abandono do curso.
No
dia 02 de julho de 2012, de
acordo com o Calendário Escolar, foi realizado na escola o
Conselho de Classe. Nessa
atividade, foi
possível estabelecer as causas e motivos de evasão dos alunos
matriculados no primeiro período dos cursos. A
estratégia foi comparar os dados já levantados pela Equipe
Pedagógica (Informações na
Pasta de cada turma, bem como junto à Secretaria da escola) com
os relatos dos professores e coordenadores de curso. A
partir dessas informações a
Equipe Pedagógica da escola, juntamente com os coordenadores,
elencaram as ações tomadas para verificar o problema, bem como
ações para evitar que tal problema se instale ainda mais.
3. Os dados levantados
e as ações efetivadas
De acordo com o
levantamento do número de alunos matriculados, evadidos e
concluintes no 1º Semestre de 2012, nota-se:
CURSO
|
NÚMERO
DE MATRICULADOS
|
NÚMERO
DE EVADIDOS
|
NÚMERO
DE CONCLUINTES
|
ADMINISTRAÇÃO
|
40
|
12
|
28
|
INFORMÁTICA
|
29
|
07
|
22
|
MEIO
AMBIENTE
|
24
|
09
|
15
|
TOTAL
|
93
|
28
|
65
|
Tabela 1: Número de
alunos matriculados, evadidos e concluintes no 1º Semestre de 2012.
Fonte: Secretaria do
Colégio Zardo – SERE 2012
Gráfico 1: Número de
alunos matriculados, evadidos e concluintes no 1º Semestre de 2012.
Fonte: Secretaria do
Colégio Zardo – SERE 2012
Levando em consideração
que a evasão é um problema que interfere sobremaneira nos aspectos
pedagógicos de cada um dos cursos, foi feito o levantamento dos
motivos que causaram o abandono do curso desses 28 alunos.
Os motivos da evasão, de
acordo com levantamentos feitos pela Equipe Pedagógica e
coordenadoras de Administração Meio Ambiente no Conselho de Classe,
apontou as ações efetivadas via telefone e visitas que ocorreram ao
longo do semestre, sendo que tais motivos são os seguintes:
- 08 alunos tiveram mudanças no horário de trabalho (sendo o término entre 19 e 20h), tornando-se inviável frequentar as 3 primeiras aulas.
- 04 alunos relataram passar por problemas familiares (alcoolismo, drogadição e problemas de saúde – câncer) optando por cuidar da família.
- 04 alunos não encontraram no curso aquilo que procuravam numa formação profissional, explicando uma certa inadequação a expectativa e o que o curso propunha.
- 04 alunos efetuaram a matrícula, porém nunca compareceram.
- 03 alunos que mudaram de endereço e de município, dificultando o acesso à escola e chegada no horário.
- 02 alunos que foram aprovados no Vestibular, e optaram por frequentar o Ensino Superior.
- 02 alunos tiveram promoção no trabalho e optaram pela formação profissional ofertada na própria empresa.
- 01 aluna atendida pela Lei de Amparo a Maternidade, porém desistiu pela impossibilidade de atender filho e estudos.
Durante o semestre, a
equipe escolar (pedagógica e coordenação) desenvolveu várias
ações, a começar pelo levantamento dos alunos faltosos às aulas,
fazendo contato telefônico e registro dos motivos de faltas. Essa
ação preventiva proporcionou a retomada de ações educativas e
possibilidade de fazer adequações às peculiaridades de cada
situação dos alunos.
Nos mês de abril, onde
ocorreu o pré conselho, o problema da evasão já foi mencionado
pelos professores, por isso, como atividade pós conselho, a Equipe
efetivou as seguintes ações pedagógicas:
- Chamamento individual dos alunos para conversa e orientação (via telefone), mas nem todos os faltosos compareceram.
- Desenvolvimento de atividades e aumento dos prazos para entrega dos trabalhos, a fim de corrigir a rigidez em prazos que muitas vezes ignora as razões dos alunos (que na grande maioria são adultos).
- Registro em ata e na Ficha individual do aluno de desempenho geral e orientações pedagógicas.
- Replanejamento, com os professores, adequando os conteúdos e organizando atividades para melhor aprendizagem pelo aluno.
- Ligação telefônica aos alunos e / ou suas famílias, solicitando os motivos das faltas e / ou abandono.
- Intensificação de um trabalho permanente com os professores, elaborando e sugerindo atividades diferenciadas (palestras, seminários, visitas técnicas, etc, que foi tudo sendo publicado no Blog da Pedagogia).
- Reunião com os alunos Monitores no qual solicitamos avaliação de cada disciplina e do curso com o intuito de corrigir as falhas por meio do apontamento dos próprios alunos.
Observou-se que, quando
vários alunos foram contados para retornarem às aulas, muitos
relataram que não teriam condições de recuperar o período
“perdido”. Que se tornariam muito difícil acompanhar a turma,
tendo em vista as aulas não assistidas. Mediantes aos fatos
relatados, fica evidente a preocupação da Equipe com o problema que
atinge nossos cursos técnicos, tentando de todas as formas
possíveis, evitar a instalação deste. Fica evidente também que,
em nenhum momento, foi deixado de verificar os motivos do abandono
do curso pelos alunos, tentando ajustar o seu retorno às aulas.
Inclusive, os professores foram incentivados a proporcionarem
atividades diferenciadas, a fim de que as aulas sejam motivadoras e
dinâmicas.
4. Reflexão dos
professores sobre a Evasão
Como discussão e
reflexão a respeito da problemática, organizou-se um Fórum on
line no blog da Equipe Pedagógica
(www.pedagogiazardo.blogspot.com), sobre os motivos da evasão. Lá,
os professores opinaram a partir de algumas questões norteadoras:
Quais os fatores internos geram evasão em
nossa escola? Como o trabalho docente
contribui ou não para a Evasão? Que conhecimentos são necessários
aos profissionais da educação para planejar o trabalho escolar com
vistas de prevenir a evasão? Quais
dificuldades encontramos em nosso cotidiano para lidar com o problema
da evasão?
Assim,
foi possível conhecer os posicionamentos dos profissionais que
vivenciam o dia a dia das aulas
nos cursos técnicos subsequentes. Seguem
reflexões de alguns professores sobre a temática:
Os
motivos são os mais variados, percebidos de maneira diferente em
cada turma, cada qual com um perfil próprio. O Ensino Noturno, por
si só é "um segundo plano" na vida de alguns alunos,
sempre, entretanto, visto por nós profissionais com a mesma
importância que o ensino diurno. Quanto aos responsáveis, o próprio
sistema capitalista e educacional é responsável, pois observa-se
que alguns alunos param no inicio do curso por necessitarem
trabalhar, outros pelas distancias percorridas, horários diversos,
frustração em relação ao curso, desanimo em estudar, visto que
"estudar não é tarefa fácil",
vários alunos com diversos problemas familiares e sociais, os quais
desembocam na escola, dentre outros...
O
governo precisa incentivar a educação, principalmente com
adequações de qualidade, através de laboratórios de mídia,
que sejam funcionais, equipamentos de datashow, disponibilidade de
livros, artigos e formas de pesquisa, assim como, estrutura física
para as escolas; investir também na efetiva e continua formação
dos profissionais da educação.
A
valorização dos alunos também é importante, pois quando sentem-se
valorizados
a motivação e a produção técnica/científica aumenta, assim
como, investimentos a nível social em infraestrutura das cidades,
melhorias em emprego e renda para que de maneira indireta vislumbre,
nas pessoas,
a importância do conhecimento, através da valorização
da escola e seus profissionais. a melhoria social do salário dos
menos favorecidos também é fator de peso.
Gilmara
/ Meio Ambiente
A
respeito do texto sobre evasão, buscamos sempre um verdadeiro
culpado, muitas vezes nos punindo, acreditando estar este, no ato de
realizarmos nosso trabalho em sala de modo deficitário, ou fora da
realidade dos alunos, ou arcaico. Os tempos evoluíram,
tecnologicamente, mas nos docentes, somos frutos da educação sem
tecnologia e em nenhum momento paramos de sonhar e também de buscar
nossos objetivos. A de se pensar que não é praticando aulas
mirabolantes, cheias de requintes, como os aulões de cursinho, que
nos vamos obter êxito com esta clientela. Também não cabe a nos
avaliar ou julgar os verdadeiros motivos da evasão. Não nos cabe
explicar o que todos já sabemos. Culpado é o sistema que requer a
responsabilidade sobre o professor que segundo este, não cumpre seu
papel direito e faz com que o aluno desista do sonho iniciado. Só
esta faltando ao sistema pedir para que nos alem de educadores
passemos a fazer um papel de assistente social. O que não nos
compete... Sabemos qual é o nosso papel como educadores. Gráficos,
notas, aprovação em massa, isso quem busca é o sistema. Cumprimos
o nosso papel e é o que nos compete
Everson
Adelmo Pasquali / Meio Ambiente
Os
motivos da evasão
são muitos. As medidas por parte da escola, estão sendo tomadas há
tempo dentro das suas próprias possibilidades. A escola aberta à
comunidade, toma medidas preventivas tanto no aspecto pedagógico
quanto no que dizem respeito à interação com os pais dos educandos
e professores. exemplo disso são as reuniões em que os pais são
convidados a comparecer à escola numa tentativa de sanar os desafios
que ora se apresentam.
As
políticas públicas, bem aplicadas, com certeza minimizaria tal
desafio.
Como
sugestão prática: tanto para os cursos técnicos e regulares,
proporcionar condições para que participem de estágios
supervisionados no último ano do curso, parceria com empresas como a
sanepar (meio ambiente), copel(técnico) bem como com as empresas
privadas.os educandos devem conhecer o ambiente onde poderão
trabalhar futuramente.
Palestras
poderão ser promovidas com pessoas envolvidas com o desafio da
drogadição, testes vocacionais do primeiro ao terceiro ano do
ensino médio, montar equipe multidisciplinares que visitem os
familiares daqueles educandos que apresentam maiores dificuldades.
projeto de incentivo ao bom aluno proporcionando a ele, bolsa de
estudos.festivais de música, dança, a exemplo do que já acontecem
na área de esportes.
Apresento
aqui algumas sugestões que, unidas a outras intervenções
pedagógicas, poderão fazer a diferença.
João
Vianei Braga (Filosofia)
– Meio Ambiente
A
escola em dias atuais desenvolve
muitas funções, inclusive diversas delas de responsabilidade da
família, família
esta, que hoje sai para trabalhar e deixa os filhos sozinhos, na
creche, com a vizinha, dentre outros; responsabilidades também, que
tomam muito tempo, do professor, em sala de aula, como chamar a
atenção
de alunos que não tem limites, não tem respeito e pior ainda, se
dedicam a tudo, fones, celulares e dispersão de diversas maneiras, o
tempo todo, e por ultimo, menos importante e mais chato e
dispendioso, como os alunos assim consideram, que é participar da
proposição
do professor. Por outro lado, todos nós profissionais da escola,
especialmente professores, temos que ter direcionamento das aulas e
conteúdos, de maneira organizada e bem preparada, pois o aluno
precisa ter sequencia e ser direcionado pelo profissional ao longo do
ano, em cada disciplina, cada qual com suas especificidades. Desta
maneira é possível "amenizar" a dispersão dos alunos, é
necessário citar que, para o profissional da educação produzir
esta aula, precisa de muito tempo para leitura, estudo, aprendizado,
disponibilidade de mídias e conhecimentos para utilizá-las,
tempo para organizar estas aulas, e o tempo destinado para
hora-atividade, disponível pelo estado é mínimo,
assim como o salário desmotivador do professor, a falta de recursos
a disposição. Por outro lado, muitos
problemas socio-econômicos refletem diretamente no trabalho da
escola, e como não de competência
única
da escola, nem sempre é possível manter e ou trazer o aluno de
volta para a sala de aula. De maneira específica, vejo que nós
profissionais desta escola, nos empenhamos muito, conjuntamente com
toda a equipe, para promover ações contínuas e bem direcionadas
tanto na busca para reduzir a evasão,
quanto no contexto geral da sala de aula, voltado a aprendizagem,
onde somos compromissados, dedicados, companheiros e responsáveis, e
cito mais, somos carinhos e tentamos constantemente valorizar os
alunos, principalmente do horário noturno, onde a evasão é pouco
mais acentuada; por outro lado, no horário da manhã, temos evasão
mínima, mas a motivação, a falta de interesse e o desempenho dos
alunos deveria ser, pelas condições e "facilidades" que
os mesmos tem, muito maior enquanto produção de conhecimento, e
deveria ser muito menor a falta de limites e de educação.
"Nós profissionais da educação ainda sonhamos com o máximo possível de dedicação dos alunos, voltada ao conhecimento e a aprendizagem".
"Nós profissionais da educação ainda sonhamos com o máximo possível de dedicação dos alunos, voltada ao conhecimento e a aprendizagem".
Gilmara / Biologia –
Meio Ambiente
Fazendo uma reflexão
sobre o tema em questão, chego a um pensamento, que não sei ao
certo, se conseguiremos achar um denominador comum. Mas a evasão
está aí, e não podemos fechar os olhos para ela. Está, pelo que
noto e vejo no dia a dia, principalmente no período noturno. E quero
crer eu que os motivos para ela acontecer, está bem mais externo que
interno, e porque digo isso? Para fora dos portões escolares ao
ponto de vista de muitos jovens, o lado de fora é muito mais
atrativo e pode trazer emoções mais fortes, novas experiências,
mais liberdade (não que eu ache que escola prende ou faça outra
coisa semelhante), em resumo a rua ou mesmo em casa "as coisas
são mais legais". E os professores do noturno da escola, vejo
que estão sempre se esforçando para que suas aulas sejam dinâmicas,
interessantes, incentivadoras, e ainda com várias atividades
externas, onde se procura mostrar a prática de algum assunto visto
em sala de aula.
E falando um pouco da
nossa escola no aspecto de infraestrutura, ela também faz a sua
parte, pois temos uma escola equipada (claro que, com os poucos
recursos disponíveis, e ainda faz milagre com esse pouco) possuímos
auditório com equipamentos para aulas e palestras, laboratórios de
informática, entre outros. Então ela também faz sua parte, para
manter a escola atrativa para o aluno.
E mesmo com tudo isso,
estamos aqui discutindo o problema de evasão. Então essa luta
contra a evasão, não é fácil, será que um dia os estudantes em
geral e suas famílias, (sim suas famílias, pois ninguém me tira da
cabeça, que muitos dos problemas que enfrentamos dentro da escola,
seriam minimizados se as famílias) fizessem sua principal parte no
contexto da educação. Pois aquela velha frase ainda vale: "educação
vem de berço", nós apenas devíamos transmitir conhecimento. E
deixo uma pergunta: "Será que devemos, nós corpo docente,
devemos ser treinados, para evitar a evasão escolar?". Daqui a
pouco vai ser mais um curso, valendo pontuação para avanço na
carreira dos educadores.
Vilmar
Marques / Administração
O
perfil em geral do aluno do noturno é diferente dos demais períodos.
Percebemos que muitos já são
"acostumados" a começarem a estudar e abandonar no
decorrer do ano, outros já iniciam com planos de frequentarem
somente por algum tempo. Muitas vezes já
ouvi que estavam estudando só até arranjarem emprego. No caso dos
cursos técnicos,
muitos iniciam ser ter muita ideia
do que seria o curso, e algumas vezes também acham que é muito
"puxado" para eles, principalmente para alguns que haviam
deixado de estudar ha anos.
Não tem como acharmos e sonharmos que a escola noturna terá os mesmos dados e resultados da diurna, visto o abismo entre as realidades pessoais da clientela.
Não tem como acharmos e sonharmos que a escola noturna terá os mesmos dados e resultados da diurna, visto o abismo entre as realidades pessoais da clientela.
Porem
é claro que não devemos nos desmotivar, temos que buscar sim,
sempre, maneiras de mostrar ao aluno a importância dos estudos, a
grandeza de ter conhecimento. As ações adotadas pela pedagogia acho
extremamente válidas e a meu ver é o que está ao nosso alcance,
pois chega um ponto em que a escola não consegue mais interferir nas
decisões dos alunos que realmente não querem mais estudar.
Carmen
Cinthia B Sekitani / Inglês - Informática
Estar
atento aos problemas e tentar da resolver da melhor forma possível é
ter como objetivo um curso técnico ou ensino médio de qualidade.
Os
alunos desistentes normalmente reclamam do cansaço, horário de
trabalho inflexível, ou o não acompanhamento das matérias por
estarem a muito tempo fora de sala de aula.
Motivos
para estarem fora do ambiente escolar sempre existirão tentar então
uma junção entre professores alunos e equipe pedagógica a fim de
diminuir essas causas pode ser o diferencial.
Prestar
atenção aos sinais dados pelos alunos que estão pensando em
desistir e talvez mudar essa ideia
seria de suma importância, não só tentar buscar os que já
desistiram, mas evitar que o façam.
Claro
que ter um ambiente equipado, professores com melhores salários e
com atualização de conhecimentos, é de suma importância, mas se
ficarmos no aguardo disso para ter um menor índice de evasão
acabaremos desempregados ou pelo menos tendo de procurar outro
colégio para dar aula, pois como vimos a previsão é de que se
feche turmas, então temos de nos unir e buscar soluções para
ontem, e que possam ser tomadas por nós por enquanto.
Josiane
/ Informática
A
partir da leitura, e os apontamentos realizados pelos profissionais
do colégio noto que nós educadores, vivenciamos o investimento de
força desprendido pela equipe como um todo.
Foram elencadas várias
ferramentas usadas, na tentativa de minimizar este problema de EVASÃO
o qual sabemos não existe apenas no Colégio Estadual Professor
Francisco Zardo, existe em nível de Brasil.
Sendo profissional do
ensino, já presenciei inúmeras vezes a direção orientar e pedir
para que as aulas sejam atrativas aos alunos. Entretanto, os
professores se desdobram para que este “atrativo” aconteça como
auxílio de ferramentas pedagógicas todos os dias. Mesmo não
dominando com excelência as mídias disponíveis a educação, o
esforço em se ajudar é notório, nas poucas horas de permanência
que temos, sempre vejo professores se ajudando, na tentativa real de
primar pela qualidade. Todavia, digo que é de nosso interesse que o
aluno conclua seus estudos, trabalhamos para eles e por eles. A
escola também prima para que prossigam estudando, aprendendo e
reproduzindo seus conhecimentos.
No dia-a-dia, estamos
cansados de trabalhar para oferecer aos alunos o que falta nas ações
de boas políticas publicas, é notório o investimento da direção
para que tenhamos um ambiente limpo e organizado, o qual, estimule a
produção de conhecimento e a apropriação do mesmo. Refiro-me a
estrutura do prédio, sem dúvida a direção busca melhorar o que
temos todos os dias, aplicando o fruto do trabalho comunitário de
alunos/pais, professores/funcionários e direção/equipe pedagógica
na melhoria do ambiente escolar. Todos esses investimentos deveriam
ser custeados pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação
(Fundeb), pois, o abandono e a evasão refletem na escola, uma vez
que é organizada a partir do número de alunos efetivamente
matriculados e frequentando a escola. Enfim, estamos em busca de
minimizar os resultados de evasão e maximizar a qualidade do ensino.
Vagna Ap. S. Munhão /
Biologia – Meio Ambiente
Ao ler os comentários
percebo que estamos lidando com um fenômeno muito complexo,a evasão,
que envolve inúmeras variáveis. Independente de quaisquer causas
sociais, muitas delas fora da alçada da escola, temos as causas
motivacionais. Creio que é pela motivação que podemos instigar
alguém a realizar um trabalho ou um projeto de vida, como é o caso
dos alunos dos cursos técnicos. Podemos encontrar duas formas
básicas de motivação: a intrínseca e a extrínseca. Na motivação
extrínseca, tudo vem de fora do sujeito: dinheiro, reconhecimento e
notas escolares. Explicando melhor, o aluno que se pauta nessa
motivação depende sempre que lhe sejam dados "empurrões",
ou seja, busca um pontinho aqui, outro acolá, enfim é aquele aluno
que sempre entrega na última hora, no último momento e na maioria
das vezes, quando não entrega no dia, pergunta ao professor: "dá
pra dar um trabalhinho para melhorar a nota?"
O aluno com motivação
intrínseca sabe que seu sucesso, não depende apenas de nota. Ele
sabe que é sua atitude que determinará seu sucesso pessoal, escolar
e profissional. Portanto, ele é responsável pelas datas
determinadas para entregar seus trabalhos e nunca deixa para estudar
um dia antes das avaliações. Peço a gentileza para os colegas
professores que perguntem aos seus alunos quantos deles estudam com
antecedência para a suas provas. Quantos estudam um dia antes ou
pior, no dia da prova na aula de outro professor?
Com certeza esse aluno é
motivado apenas extrinsecamente. Ele será aquele futuro profissional
que trabalhará apenas por retribuição financeira e não para
contribuir para a sociedade com os seus talentos e aptidões. Como
professores nós devemos estar atentos ao comportamento de nossos
alunos e procurar ser um "facilitador motivacional". As
pessoas que são automotivadas encontram um caminho para a superação
de suas dificuldades. Encontram forças e tempo para suas obrigações,
inclusive escolares. Não podemos em pouco tempo mudar uma pessoa.
Podemos ser exemplos dessa motivação intrínseca sendo professores
responsáveis, assíduos e comprometidos na arte de ensinar.
Independentemente das políticas públicas que tanto afetam a
educação e qualidade de ensino e valorização do educador.
Marcos Gomes /
Filosofia – Meio Ambiente
A temática da evasão é
muito complexa e não se define, por simples fatores. Acredito que
podemos melhorar, enquanto resolução interna da escola, o
levantamento dos alunos faltosos e as associações como já têm
sido feitas, com o Conselho Tutelar, dentre outros. E por parte dos
professores, o aviso ao setor pedagógico dos alunos faltosos, a
mudança metodológica para tornar as aulas mais significativas aos
alunos trabalhadores e o vínculo com as turmas. O olhar diferenciado
para este aluno.
Como apresentei acima, o
trabalho docente se inicia com o olhar diferenciado do professor para
com os alunos, a criação do vínculo para que ocorra a aprendizagem
e a revisão das questões metodológicas, para tornar os conteúdos
mais significativos aos alunos trabalhadores. Os mesmos gostam de
falar de suas vivências, que devem ser, sempre que possível, usada
para a contextualização dos conteúdos.
Acredito que o estudo de
quem são os alunos trabalhadores ou melhor, os trabalhadores que
tornam-se alunos. A questão metodológica, para adequação dos
conteúdos que devem ser transpostos para a realizada, com retomada
contínua e com acompanhamento de fato processual da aprendizagem,
para o aluno se sentir amparação, visualizado pela instituição
escolar.
A escola, para o aluno é
menos atrativa que a sociedade e o mundo midiático. Na primeira
dificuldade, muitos alunos da noite desistem da escola. Sempre
pergunto dos alunos faltosos, os incentivo a darem continuidade aos
estudos, mas é um trabalho a longo prazo, porque o aluno vem para a
escola noturna na busca de uma certificação para manter-se no
trabalho. O texto apresentou várias questões legais e sociais que
interferem no andamento do trabalho pedagógico. Acredito que devemos
continuar a fazer o nosso papel de instituição escolar, mas tendo o
olhar diferenciado para o aluno trabalhador, sempre adequando a
metodologia, visando rever e aprofundar os conteúdos básico, que
perpassam em todas as áreas do conhecimento, a leitura, a escrita, a
interpretação e o raciocínio lógico.
Michele
P A Santos / Pedagoga
A
partir desse Fórum de discussão, consolidou-se um processo de
reflexão sobre o problema, no qual os professores puderam expor
opiniões e angústias e, a partir disso, tornar a evasão uma
questão
em que todos devem se envolver no sentido de enfrentá-lo, naquilo
que compete à escola.
4. Considerações
Finais
A
evasão escolar, historicamente, faz parte dos debates e reflexões
do dia a dia da educação brasileira e ocupa espaço de relevância
no cenário das políticas públicas educacionais.
No
estudo desenvolvido nas turmas dos cursos técnicos subsequentes do
período noturno, de Administração, Informática e Meio Ambiente do
Colégio Estadual Professor Francisco Zardo, apontaram alguns
aspectos sociais
que
foram determinantes
da evasão escolar no
1º Semestre de 2012,
dentre eles:
mudanças
no
horário de trabalho inviabilizando a frequência nas três primeiras
aulas, problemas de ordem familiar, inadequação da
expectativa
do aluno em relação à proposta do
curso, mudança
de endereço
e de município, dificultando o acesso à escola e chegada no
horário, acesso
ao ensino superior, entre outros.
Ainda
que a questão econômica tenha um peso forte para
que o aluno desista do curso,
ela não é o único motivo da evasão. Há uma série de medidas a
serem tomadas pela escola para que os
alunos não abandonem os
cursos antes de concluí-los. Preparar
materiais didáticos adequados é uma delas, afinal,
o
aluno fala que não tem base para acompanhar o curso e isso é um
problema dele e da escola. E
para isso, os
professores precisam estar preparados para lidar com esse público. A
escola precisa investir em laboratórios e em equipamentos para que
os
cursos
tenham
um forte viés prático, já que uma das reclamações dos alunos é
que os cursos são muito teóricos. Além disso, muitos alunos já
trabalham na área do curso e trazem conhecimentos que precisam ser
reconhecidos e considerados.
Sendo
um problema social, que fortemente interfere nas ações pedagógicas
dos cursos técnicos, não se pode deixar de lado as reflexões e as
definições coletivas para enfrentar o problema. Afinal, a educação
profissional de qualidade é fundamental, para que os alunos de
classes sociais marginalizadas historicamente, possam se inserir no
setor produtivo e societário, contribuindo para minimizar as
drásticas diferenças socioeconômicas brasileiras e caminhar na
direção de um desenvolvimento mais humano e igualitário.
A
escola, enquanto instituição formadora tem a responsabilidade de
atuar na transformação e na busca do desenvolvimento dos sujeitos
que dela fazem parte, assegurando a construção coletiva do Projeto
Político Pedagógico, fazendo com que todos se sintam
corresponsáveis na concretização do que foi discutido e elaborado.
Mas não pode agir sozinha, ao Governo por meio da mantenedora
(Secretaria de Estado da Educação do Paraná) compete garantir as
condições básicas para que a escola possa ser vista com qualidade,
destinando os recursos financeiros necessários à infraestrutura,
bem como, promover a democratização no âmbito escolar,
oportunizando a autonomia da gestão escolar e investindo na formação
dos profissionais.
Dessa
forma, a organização do trabalho pedagógico estará fundamentada
em princípios democráticos e comprometida com uma escola que
contemple as reais necessidades da sociedade. Ciente das dificuldades
na busca pelo êxito do aluno na aprendizagem, somente com o
envolvimento dos que fazem parte do cotidiano da escola é que se
chegará ao sucesso escolar.
5. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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