Alexandro Muhlstedt
“É
através de nossas próprias narrações que construímos uma versão
de nós mesmos no mundo, e é através de suas narrações que uma
cultura oferece modelos de identidade e ação para seus membros.”
(Bruner
& Feldman, 1995)
INTRODUÇÃO
Este texto é resultado
de inúmeras reflexões e levantamento de dados empreendidos pela
Equipe Pedagógica e Professores do Colégio Estadual Professor
Francisco Zardo, de Curitiba, com a intenção de traçar um panorama
geral da escola.
Trata-se de questões que
envolvem o cotidiano, modos de perceber a escola, detalhes
específicos e peculiares que caracterizam o jeito próprio da escola
existir. Não se pretende oferecer um retrato fechado e inflexível,
mas antes, um retrato do vivido neste momento histórico e, assim,
contribuir para tomadas de decisões almejando a melhoria da escola
como um todo.
1. A sociedade
contemporânea
Levamos em consideração
que
em termos sociais ocorre um complexo processo de mudança no modo de
agir e pensar das pessoas, das famílias, da comunidade, da sociedade
e do mundo, sendo que esse processo influencia direta e profundamente
o fazer pedagógico da escola. Na sociedade-cultura pós-moderna
percebemos que a característica é, antes de tudo, a de ser uma
sociedade-cultura de consumo, que reduz o indivíduo à condição de
consumidor como conseqüência da automatização do sistema de
produção. As novas formas referentes ao consumo estão relacionadas
com os meios de comunicação, com a alta tecnologia, com as
indústrias da informação (buscando expandir uma mentalidade
consumista, a serviço dos interesses econômicos) e com as maneiras
de ser e de ter do homem pós-moderno. Assim, cada vez mais, as
pessoas vão se tornando individualistas, sem perspectivas de
mudança, desinteressadas pela melhoria e qualidade de vida,
egoístas, narcisistas e vistas apenas como meros consumidores.
Lamentavelmente, são poucos os sujeitos do processo para os quais a
escola desenvolve seu trabalho que possuem visão positiva e/ou
crítica sobre a importância da educação escolar.
Em
nossa realidade cotidiana notamos componentes gravíssimos com
relação à aprendizagem a ser desenvolvida pelos alunos. São
falhas antigas, problemas históricos, defasagens e complicações
existentes das mais diversas formas. Isso tudo compromete a
continuidade dos conhecimentos e o desenvolvimento de conteúdos e
atitudes. Sabemos que a aprendizagem de um conteúdo depende muito da
experiência anterior do aluno com conteúdos que são
pré-requisitos. Se essa experiência não ocorreu ou ocorreu de
forma incompleta, isso gera desinteresse, desmotivação e, o que é
pior, a aprendizagem não ocorre efetivamente. Percebemos
isso pelo excesso de faltas às aulas, atrasos, gazetas e
negligências de todo tipo pelos alunos. Desse modo, não se torna
possível ao professor dar prosseguimento ao que foi planejado, nem
seguir a sequência de aulas. Tudo isso tem gerado frustração,
desânimo, desmotivação e suscitado muitas dúvidas e incertezas a
respeito de um futuro bom, sem contar que há uma notável e
crescente decadência no nível de conhecimento pelos alunos.
2. Aprendizagem
significativa e relações interpessoais
Como
possibilidade de ajuste, a implementação de aprendizagens
significativas se faz necessária. Aprendizagem significativa
é o conceito central da teoria da aprendizagem de David Ausubel e é
um
processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se, de
maneira substantiva (não-literal) e não-arbitrária, a um aspecto
relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo.
Em outras palavras, os novos conhecimentos que se adquirem
relacionam-se com o conhecimento prévio que o aluno possui. Aprender
é agir na direção de construir respostas para problemas, suplantar
os conflitos cognitivos em um ambiente estimulador, tendo direito ao
erro, descobrir fatores invariáveis e variáveis e se apropriar de
raciocínios. Defendemos o desenvolvimento de uma aprendizagem
significativa porque o agir é um interagir consigo mesmo e com
outras pessoas. Para isso, ações do tipo motivadoras e de
construção do valor da escola são essenciais e devem ser agregadas
ao cotidiano do ensino pelo professor para atingir objetivos mais
completos na formação intelectual dos alunos.
No cotidiano de nossa
escola, também observamos comportamentos entre os alunos que vão da
simples cara feia à agressão física grave. Isso tem gerado muitas
preocupações e questionamentos sobre a conduta, a postura e os
comportamentos desviantes dos alunos. É grande a indisciplina, a
violência verbal e física, o tratamento vulgar e grosseiro, o
desrespeito à autoridade e ao patrimônio público, sem contar o uso
de cigarro, álcool e outras drogas. Em sala de aula, o professor se
depara com um quadro grave de desinteresse com os estudos, incessante
barulho e gritaria, muitas conversas paralelas, gazetas de aula,
sabotagem, distração, desatenção, displicência e
irresponsabilidade com as atividades escolares. A isso, se junta a
sensação de impunidade e a continuidade de problemas que deviam
estar “fora” da escola.
Ante a isso, definimos a
proposição para lidar com a problemática naquilo que comumente
chamamos de Relações Interpessoais. As Relações interpessoais são
todos os contatos existentes entre pessoas. Nesse âmbito encontra-se
um infindável número de variáveis como: sujeitos, circunstâncias,
espaços, local, cultura, desenvolvimento tecnológico, educação e
época. As relações interpessoais ocorrem em todos os meios (no
meio familiar, educacional, social, institucional e profissional) e
estão ligadas aos resultados finais de harmonia, avanço, e
progressos ou nas estagnações, agressão ou alienamento. O
comprometimento do aluno com a escola e com o ensino é fundamental
para o seu aprendizado, sendo que o papel do professor também é
importante. Quanto aos comportamentos desviantes, temos ações para
incorporar ao cotidiano que vão desde o levantamento das violências,
até o trato pedagógico de comportamentos, posturas e condutas. O
combate à indisciplina, clareza das regras e assimilação de
comportamentos sociais aceitáveis são componentes essenciais para a
melhoria nas relações interpessoais entre os alunos. Também, vale
ressaltar o importante papel da família como agente articulador de
ações em prol da melhoria comportamental dos alunos.
3. O papel da família
Quando analisamos o papel
da família na educação escolar de seus filhos, percebemos que há
uma distância muito grande nos objetivos. Grande parte das famílias
não tem visão adequada sobre o real papel da escola, confundem o
papel da escola (ensino de conteúdos) com o papel da família
(educação comportamental) e muitas são coniventes com os
comportamentos desviantes dos filhos. Vemos diariamente que há uma
contínua transferência de papéis e funções que são próprios da
família para a escola. Neste sentido, Stadinik (2005, p.16) afirma
que a “família moderna, dentro de todas as transformações
históricas apresenta hoje uma das maiores problemáticas, a falta de
tempo para conviver, interagir, dialogar, enfim, fazer-se presente
junto aos seus (...). Assim, a educação acaba sendo um jogo de
transferências de responsabilidade entre a família e a escola”.
Esse jogo precisa ser cada vez mais discutido entre essas duas
instâncias, a fim de que ambas possam cumprir integralmente a sua
função social.
Consideramos pertinente
fortalecer a relação da família e com a escola no sentido de
formar uma equipe. É fundamental que ambas sigam os mesmos
princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos
objetivos que desejam atingir. Ressaltamos que mesmo tendo objetivos
em comum, cada uma deve fazer sua parte para que atinja o caminho do
sucesso, que visa conduzir os jovens a um futuro melhor. O ideal é
que família e escola tracem as mesmas metas de forma simultânea,
propiciando ao aluno uma segurança na aprendizagem de forma que
venha criar cidadãos críticos capazes de enfrentar a complexidade
de situações que surgem na sociedade. Para isso, teremos que
implementar a “vinda” da família para a escola, no intuito de
estreitar e clarificar os objetivos da instituição em consonância
com os anseios dos pais.
4. Os professores, o
ensino e a sala de aula
Nas rotinas dos
professores, é muito comum percebermos que há um quadro complicado
a ser resolvido. Muitas vezes há uma grande falta de companheirismo,
de compromisso e comprometimento com a escola e com os alunos, de
desmotivação com a escola e a educação escolar como um todo. Há
atitudes entre os professores que demonstram isso claramente: desde a
falta de planejamento das aulas, até na demora para ir para a sala
de aula após o sinal e aplicação de aulas repetitivas e
cansativas. Tais atitudes, motivadas por reclamações excessivas,
comportamentos dos alunos e sensação de impotência diante de
tantos problemas que parecem não ter solução. Junto a isso, estão
as dificuldades no uso das tecnologias, a capacitação oficial que
não corresponde às necessidades dos docentes e os baixos salários.
Desse modo, é crucial que enfrentemos tais problemas implementando
um ensino mais ativo, dinâmico e motivador e adotando metodologias
inovadoras e criativas.
Para Nérici (1993, p.38)
“ensino é o processo que visa a modificar o comportamento do
indivíduo por intermédio da aprendizagem com o propósito de
efetivar as intenções do conceito de educação, bem como habilitar
cada um a orientar a sua própria aprendizagem, a ter iniciativa, a
cultivar a confiança em si, a esforçar-se, a desenvolver a
criatividade, a entrosar-se com seus semelhantes, a fim de poder
participar na sociedade como pessoa consciente, eficiente e
responsável.” A
escola
é o espaço social que tem como função específica possibilitar
aos alunos a apropriação de conhecimentos científicos,
filosóficos, matemáticos etc., sistematizados ao longo da história
da humanidade, bem como estimular a produção de um novo
saber, que
possa ajudar na luta por mudanças nas injustas relações sociais
presentes em nossa sociedade. Por isso, faz-se necessária a
compreensão dos problemas que permeiam e envolvem a prática
docente, com a intenção de superá-los. A escola só se torna
democrática na medida em que colabora para a formação de sujeitos
críticos e conscientes, voltados para a transformação social. Para
isso, lançamos mão de metodologias inovadoras e apropriadas que
possam melhorar as formas de aplicação e interação com os
conteúdos estabelecidos no currículo. O aprofundamento sobre
Metodologias e a implementação do Plano de Trabalho Docente são
essenciais nesse processo. Necessitamos de melhorias nos processos de
ensino, para que este se torne cada vez mais ativo, dinâmico e
motivador.
Quando fazemos uma
incursão pelos espaços da escola notamos o seguinte panorama: salas
lotadas de alunos, com cortinas estragadas, vidros quebrados, portas
com defeitos, carteiras velhas e estragadas, pichações nas paredes
e estragos de toda ordem pela escola; inexistência de inspetores no
pátio; equipe pedagógica burocratizada; comunicação interna
falha; tratamentos diversos e desiguais; múltiplas linguagens nas
regras e rotinas; profissionais desvalorizados e pouco apoio às
ações docentes. Por esses problemas todos é que se define como
estratégia administrativa, a implementação de uma gestão
democrática, conferindo prioridades para as questões das estruturas
gerais das salas de aula e do espaço pedagógico como um todo, fluxo
da informação mais amplo e abrangente e a formação dos docentes
voltada para a resolução das problemáticas reais da escola, não
apenas da educação como um todo.
5. A gestão
democrática
A
Gestão
Democrática
é uma forma de gerir a escola, de maneira que possibilite a
participação, transparência e democracia. Os princípios que
norteiam a Gestão Democrática são a Descentralização
que é a administração, as decisões e as ações elaboradas e
executadas de forma não hierarquizada; a Participação
onde todos
os envolvidos no cotidiano escolar participam da gestão:
professores, estudantes, funcionários, pais ou responsáveis e a
Transparência,
pela qual qualquer
decisão e ação tomadas ou implantadas na escola são de
conhecimento de todos. E é nesse sentido que vislumbramos a
possibilidade de melhorar os processos de ajustes no Ambiente e
Estrutura da escola por meio dos encaminhamentos de processos à
mantenedora e ação da APMF, a organização para o fluxo da
informação e definição e clarificação das regras do cotidiano,
bem como de um ritmo para toda a equipe escolar e a implantação e
implementação de encontros pedagógicos para a busca de
alternativas da melhoria nas relações professor – aluno
–conhecimento.
Cabe ressaltar que o PPP,
uma vez construído e constituído como a força motriz das ações
pedagógicas no Colégio Zardo, se torna, então, referência para
toda e qualquer ação. É por meio do PPP que toda a equipe guiará
o seu pensar e o seu fazer, tornando-se o elo entre os objetivos de
cada profissional e as metas definidas para a Instituição. Somente
assim, teremos um PPP forte e vivo, capaz de trazer as transformações
que o Colégio necessita e a sociedade como um todo espera.
6. A percepção dos
alunos.
Na percepção e análise
dos dados levantados com os alunos, também, foi possível
estabelecer um perfil do cotidiano, bem como a definição de
necessidades para melhorar. A seguir, apresentamos a “fotografia”
e a “radiografia” na visão dos alunos. Esse panorama geral é o
diagnóstico construído coletivamente a partir das “Árvores de
Problemas e de Soluções” nos meses de março, abril, maio e junho
de 2009.
No cotidiano do Colégio,
o problema de segurança é uma questão percebida pelos alunos de
modo bastante preocupante. Em seus discursos demonstram certa
angústia ao referir-se a isso. A falta de segurança percebida pelos
alunos baseia-se na percepção de que a Patrulha Escolar não faz o
policiamento de forma adequada, que na entrada e na saída do colégio
há tumulto, empurra-empurra, brigas, desentendimentos, agressões e
ameaças entre os alunos, que não há estacionamento para os alunos
do noturno e que alunos mexem nas bicicletas estacionadas no pátio
do colégio.
Assim,
consideremos que a
existência de condições de segurança na escola é fundamental
para o sucesso educativo de todos os alunos, em especial daqueles que
se encontram em meios particularmente desfavorecidos, em situação
de risco de exclusão social e escolar. Para prevenir e combater a
insegurança e a violência na escola e no meio envolvente, é
fundamental consolidar o Programa Patrulha Escolar Comunitária. Este
visa garantir a segurança, prevenindo e reduzindo a violência no
meio escolar e envolvente, ao mesmo tempo que se constitui como
dinamizador de iniciativas promotoras dos valores de cidadania e de
civismo. A
segurança deve ser uma preocupação comum a todos os membros da
comunidade educativa – pessoal docente e não docente, alunos,
pais, pedagogos, direção e comunidade local. Além de um bom
conhecimento e informação neste âmbito, importa criar uma cultura
de segurança, nomeadamente interiorizando procedimentos e
comportamentos e adotando as necessárias medidas de prevenção. É
recomendável que a temática da segurança esteja integrada no
Projeto Político-Pedagógico da escola, tendo em vista uma melhor
sensibilização de todos e contribuir para desenvolver um
comportamento coletivo de segurança. Em meados de 2009, articulando
APMF e Direção, foram instaladas 16 câmeras de segurança,
garantindo, dessa forma, um proteção a mais aos alunos, professores
e funcionários.
Na relação do aluno com
a escola, com os professores, com outros alunos e com o conhecimento,
os alunos destacam questões muito pertinentes e sérias. Descrevem
com exatidão os problemas oriundos da falta de consciência e
educação dos alunos, da indisciplina cotidiana, das aulas perdidas
por causa do tumulto, do desinteresse, do desrespeito, da
imaturidade, da desmotivação, da desorganização e do barulho
geral que acontece nos corredores , em suas salas e na sala de aula
vizinha. Aparecem claramente, em seus discursos, os problemas sobre o
uso e o tráfico de drogas (dentro e nos portões da escola), da
discriminação, do vandalismo, das pichações, dos estragos nas
paredes, nas carteiras, nos banheiros e no material escolar em geral
e roubos de materiais escolares, dinheiro, roupas, telefones
celulares, MP4 entre outros. Com isso, cria-se um quadro de
comportamento bastante complicado, o que incapacita alunos ao
aprendizado, ao estudo e gerar desmotivação, desinteresse,
indisciplina e falta de estímulo.
A escola forma o
indivíduo para conviver, de maneira harmoniosa e ética, num grande
grupo que é a sociedade. Mas, então, qual o papel do aluno na
condição harmônica do processo ensino-aprendizagem? O aluno tem
que assumir seu papel no aprender. Por isso, faz necessário a
definição de ações que permitem melhorar o comprometimento do
aluno. Acreditamos que a escola tem que agir de modo coerente para a
formação do cidadão. Não podemos falhar! Nestes tempos de
inversão de papéis a escola tem que ser competente. Estabelecer uma
relação de responsabilidade e confiança com o exercício da
vontade entre as partes interessadas no processo educativo é
garantia de transformação e sucesso educacional. A grande
oportunidade da escola é ser agente transformadora da ética e da
moral, com um grande desafio em tornar esta formação consciente e
autônoma , proporcionando ao aluno a elaboração do seu próprio
projeto de vida. O trabalho de ética na escola é decisivo para toda
a transformação através da implantação de um código de ética.
O
mau comportamento é com frequência, consequência de condições
desfavoráveis do mesmo ambiente escolar que está atuando sobre os
alunos: locais e mobiliários inadequados, falta de unidade e
critério dos professores e equipe da escola etc., e sobre eles devem
centrar-se inicialmente a atenção antes de tomar medidas mais
drásticas e também atuar com a família e com o próprio aluno.
Soluções para os chamados problemas de "indisciplina"
deverão estar baseados numa análise exaustiva da situação, na
reflexão, no diálogo e em técnicas que capacitem os alunos para o
autocontrole e a responsabilidade por sua conduta.
Talvez tenha sido a
problemática relacionado ao espaço físico que mais incomoda os
alunos, haja vista a quantidade de elementos que ilustram seus
argumentos a respeito disso. Nesse sentido, aparece como principal
vetor dos problemas estruturais a insuficiência de verbas
governamentais para melhorias estruturais, bem como a burocracia para
obtê-las. Nesse sentido, entre causa e efeito, os principais
problemas apontados foram: Estrutura inadequado para os dias chuvosos
(visto que há alagamentos no pátio por falta de escoamento);
Biblioteca, Laboratório de Informática e de Ciências que não são
utilizados pelos professores; salas de aula com mobiliário velho e
sem condições adequadas de uso; paredes, vidros, cortinas e portas
destruídas; banheiros sem papel higiênico, sabonete, pichados, com
torneiras estragadas e espelhos velhos; pintura das paredes em geral
deterioradas; quadra de esportes danificada; não há luz de
emergência; não há acessibilidade para deficientes físicos e
visuais; há falta de outros cursos técnicos para atender a demanda
de alunos que necessitam de profissionalização e nos cursos
existentes, há falta de mais estágios. Diante desse quadro, a
estrutura física acaba sendo um dos elementos que prejudica o
processo de ensino-aprendizagem no cotidiano da escola.
De acordo com Marta
Regina Heinzelmann, “O ensino ofertado deve ser de qualidade.
Imaginar que um estudante que vive em situação de miséria pode
aceitar qualquer tipo de lugar para estudar é forçar uma exclusão
social deste estudante. A vivência na escola também faz parte o
aprendizado. Por mais bem preparados que estejam os professores, o
espaço físico interfere diretamente no processo de
ensino-aprendizagem. Afinal, o movimento da humanidade está voltado
para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, e escola adequada
significa qualidade de vida.” O espaço escolar já não pode mais
ser construído sem critérios ou com critérios pobres e
antipedagógicos. Muitas vezes, espaços físicos escolares
inadequados, que se encontram em precário estado de conservação,
colocam em risco a segurança e a integridade física dos estudantes
e dos professores. É preciso oferecer uma organização racional do
espaço escolar que permita condições mínimas de desenvolvimento
das atividades de ensino-aprendizagem; É preciso oferecer o mínimo,
como carteiras, quadro de giz, instalações sanitárias, elétricas
e hidráulicas, ventilação e iluminação adequadas, espaço para
reuniões de professores, espaço para atividades didáticas, área
de recreação, espaço para esportes, biblioteca e laboratórios de
Informática e de ciências, sala para atendimento individual, quadra
ou ginásio desportivo; É importante que o espaço escolar seja
adequado aos alunos portadores de necessidades especiais, incluindo
rampas, corrimões e banheiros específicos; É preciso que esteja
adequado também aos níveis e modalidades que a escola oferece, bem
como aos cursos técnicos. Pequenas alterações na forma de
organização do uso do espaço escolar podem provocar bons impactos.
É preciso encontrar um equilíbrio entre o possível, o viável e o
ideal. A escola tem que exercer um controle patrimonial dos seus
equipamentos, do material permanente, bem como de todos os bens
disponíveis, tendo em vista o seu caráter público. É preciso
atribuir a cada canto da escola um caráter educativo, contribuindo
para tornar o espaço físico cada vez mais humano e humanizador,
mais atrativo, mais lúdico, mais vivo e mais pedagógico.
Na relação direta com o
professor, os alunos apontam como principais problemas as aulas vagas
em função da falta do professor (que não compareceu à aula por
motivo de doença, problemas particulares ou cursos) e da falta
de
professor (disciplinas cujo professor deixou as aulas, por licença
médica, licença especial ou abandonou as mesmas, entre outros).
Nesse sentido, são apontados alguns elementos importantes no que se
refere ao ensino: falta de rigidez e autoridade do professor para
conduzir a turma, professor que não coordena e nem domina a turma,
professor que não sabe dar aula e que estão desmotivados com seu
trabalho por causa do desinteresse dos alunos. Também comprometem o
ensino as datas de provas muito próximas na semana de avaliações
(acumulando material para ser estudado), a falta da circulação
adequada da informação sobre as regras e decisões tomadas e os
horários que são mudados constantemente.
7. Considerações
finais
A
escola ensina formal e informalmente, elabora discursos e práticas
que frequentemente se contradizem, é espaço, ao mesmo tempo, de
angústia e gratificação. Compreendê-la em suas múltiplas
expressões e determinações, em sua localização histórico-social,
como um entrecruzar de diferentes valores e normas, de idéias e
sentimentos que potencializam (ou não) uma série de demandas e
vetores de nossa sociedade, muitos deles contraditórios, é o
primeiro passo. Em outras palavras, é preciso entender a escola como
um lugar onde se realiza a vida humana, em todas as suas
contradições. O
desenvolvimento do Homem faz-se a partir das interações sociais. É
nas nossas relações com o outro que nos desenvolvemos (objetos,
meio ambiente, mas especialmente outras pessoas: pais, irmãos,
professores). Isto traz importantes consequências para a escola. Se
a criança é capaz de aprender sozinha com sua própria experiência,
ela aprende mais e melhor com os outros. Na escola isto quer dizer:
com seu professor e com seus colegas. O conhecimento sobre a
aprendizagem - suas condições, seu papel no desenvolvimento - ajuda
o professor a ensinar melhor. Saber sobre a vida escolar do aluno,
conhecer suas competências, suas referências socioculturais e
paixões torna-se imprescindível para que o professor tenha sucesso
na tarefa de levar o aluno aprender.
Desse modo, retratamos,
do ponto de vista dos professores e dos alunos, o Diagnóstico geral
daquilo que, de imediato, interfere nos processos de ensino e de
aprendizagem na rotina do Colégio Zardo. Diante disso tudo, optamos
por descrever cada um dos processos que existem no Colégio e que
constitui aquilo que chamamos de rotina e cotidiano do colégio.
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