RELATO DA OFICINA
OS PROFESSORES E ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NOTURNO
OS PROFESSORES E ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NOTURNO
– FORMAÇÃO EM AÇÃO
JULHO E NOVEMBRO -
Alexandro Muhlstedt
INTRODUÇÃO
/ CONTEXTUALIZAÇÃO
Com o objetivo de
refletir sobre a questão do Ensino Médio Noturno do Colégio
Estadual do Paraná foi realizada, em 28 de julho, das 20 às 22h, a
oficina denominada: “Os estudantes do Ensino Médio Noturno”.
Essa atividade fez parte
da Semana Pedagógica, evento da Secretaria de Estado da Educação,
prevista no Calendário Escolar, da qual participaram todos os
professores e funcionários do Colégio. Na Oficina mencionada,
coordenada pelos pedagogos Alexandro Muhlstedt e Simone Baranhuk,
realizada na Sala 113, foi possível aprofundar aspectos sobre o
Ensino Médio noturno, com a participação dos professores que atuam
neste turno.
A decisão pelo tema
partiu das observações realizadas pelos pedagogos ao longo do 1º
Semestre, especialmente no momento do 1º Conselho de Classe e nos
Plano de Trabalho Docente, nos quais notaram-se necessidades de
refletir melhor sobre os sujeitos que estudam no período noturno.
Os pedagogos, em diálogo
com a Chefe da Divisão Educacional, Carla Mendes, organizaram a
oficina e definiram algumas estratégias.
1. A atividade
proposta
O texto selecionado foi
um fragmento das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio,
de 2011, que trata dos estudantes do Ensino Médio Noturno. O texto,
elemento desencadeador da reflexão, foi lido e, a partir dele, feito
o levantamento de questões pelo próprio grupo participante. A
questão sugerida foi: “Em que medida o Ensino Médio de nossa
escola aparece no texto das DCNEM?”
Após a reflexão,
papeletas foram distribuídas aos professores para que escrevessem
“Quais os problemas vivenciados no noturno do CEP?”. As papeletas
foram fixadas no painel, na parede, e o grupo foi elencando situações
semelhantes e exemplificando-as. Os problemas citados foram:
- Falta de interesse em estudar / Desatenção
- Falta de motivação, de identidade / pertencimento do aluno com o Colégio
- Carência
- Indisciplina (atrasos após intervalo / solicitações para ida ao banheiro / uso do celular / alunos exageram nas brincadeiras)
- Alunos com interesses pré definidos
- Falta de tempo para estudar / trabalhar de dia
- Alunos fora da faixa etária
- Turmas numerosas
- Carga horária reduzida
- Violência ao redor do colégio
- Evasão escolar
Todos os problemas
apontados são vivenciados cotidianamente pelos professores.
Foi proposto ao grupo um
conjunto de reflexões e discussões sobre os problemas apontados,
buscando compreendê-los em sua dimensão macro e microssocial.
2. Apontando novas
possibilidades
Para encerrar, os
participantes do grupo trabalharam em duplas para apontar possíveis
soluções. Para isso, sugeriu-se a seguinte questão: “O que
fazer para alcançar o inverso dos problemas?”.
Os professores
mencionaram o seguinte:
Práticas e
metodologias diferenciadas; não permitir o uso de celulares e afins;
atuação de profissionais da psicopedagogia.
(Professores Wanda /
Biologia e Leonardo / Filosofia)
Condições favoráveis
de trabalho como turmas com menor número de alunos, na faixa etária
equilibrada; propiciar mais possibilidades de estratégias
metodológicas que favoreçam o contato e orientação mais humana
aos alunos; EJA mais eficiente para alunos de mais idade.
(Professora Dalnei /
Arte)
Currículo
diferenciado, aulas / oficina / laboratório integrado com várias
disciplinas optativas; metodologia que promova a relação do
conteúdo escolar com a história e o munda da vida.
(Professor Carlos
Alberto / Arte)
Trabalho de
conscientização com alunos indisciplinados ou imaturos para o
Ensino Médio Noturno; emprego de novas tecnologias nas aulas –
computador, xilofones, teclado, laboratório de Inglês, geografia e
demais disciplinas), quadro de giz adequado para aula de Arte;
desenvolver atividades avaliativas em sala.
(Professores Eloi /
Geografia e Mario Sergio / Inglês)
Proporcionar aos
alunos aulas vivenciais; fomentar a procura pelo conhecimento;
organização dos conteúdos a cargo do professor e visando uma maior
identidade por parte do educador; contar como parte da avaliação
cursos e oficinas inerentes a cada matéria.
(Professor Jeronimo /
Arte)
3.
Apresentando Proposta de Atividade
Diante das questões
apresentadas pelos professores percebeu-se a necessidade de
continuidade das reflexões, a fim de estabelecer, coletivamente,
novas estratégias e novas ações pedagógicas que considerem as
peculiaridades do ensino médio noturno no CEP.
Por isso, em 07 de
outubro realizou-se o segundo encontro do “Formação em Ação”,
no qual propôs-se estudo e reflexão sobre “Os professores e os
estudantes do Ensino Médio Noturno”.
Os pedagogos do noturno
Alexandro Muhlstedt, Simone Baranhuk e Ana Lucia de Lara organizaram
a seguinte sequência de atividades:
- Leitura / Socialização do relatório de julho de 2014.
- A partir das sugestões apresentadas pelos professores, apontar estratégias possíveis e viáveis para 2015 que considere a realidade do Ensino Médio Noturno do CEP.
- Música: Queremos saber, de Gilberto Gil.
- Leitura do texto: O Sentido da Formação Humano Integral.
- Compartilhamento de percepções / opiniões.
4. Resultado das
Discussões
Após
a leitura do relatório do encontro de julho, os professores
escreveram ações para as possibilidades apontadas:
POSSIBILIDADES
ELABORADAS
EM JULHO
|
AÇÕES
SUGERIDAS
ELABORADAS
EM NOVEMBRO
|
Práticas
e metodologias diferenciadas;
Não
permitir o uso de celulares de afins;
Atuação
de profissionais da psicopedagogia.
(Wanda
- Biologia e Leonardo - Filosofia).
|
Propor
uma organização diferente da sala de aula similar à organizada
em aulas de aprendizado de língua estrangeira, cujas práticas
privilegiem a leitura, a escrita, a audição e a oralidade –
EM TODAS AS DISCIPLINAS.
Além
disso, é necessário contemplar os diversos tipos de aluno, bem
como a maneira como estes aprendem, pois o colégio prioriza o
aluno auditivo em detrimento das demais formas de aprendizagem.
(Denise
– Matemática e Adriano – Língua Portuguesa)
|
Condições
favoráveis de trabalho como turmas com menor número de alunos,
na faixa etária equilibrada;
Propiciar
mais possibilidades de estratégias metodológicas que favoreçam
o contato e orientação mais humana aos alunos;
EJA
mais eficiente para alunos de mais idade (Professora
Dalnei/Arte)
|
Turmas
com 30 alunos
(Professora
Dalnei - Arte, Waldemar – Arte, Carlos de Paula - Arte, Beatriz
- Estagiária de Pedagogia)
|
Currículo
diferenciado, aulas oficina/laboratório integrado com várias
disciplinas optativas;
Metodologias
que promovam a relação do conteúdo escolar com a história e o
mundo da vida.
(Carlos
Alberto - Arte)
|
Buscar
o currículo valorizando as disciplinas e culminando em todos os
anos, por áreas exatas ou propedêutico.
Oficinas
valerem-se com currículo, carga horária e aproveitamento.
Interdisciplinariedade
dos conteúdos escolares com significados para o meio em que o
aluno vive.
(Dalnei
- Arte, Waldemar – Arte, Carlos de Paula - Arte, Beatriz -
Estagiária de Pedagogia)
|
Trabalho
de conscientização com alunos indisciplinados ou imaturos para o
Ensino Médio Noturno;
Emprego
de novas tecnologias nas aulas – computador, xilofones, teclado.
Laboratório
de inglês, geografia e demais disciplinas.
Quadro
de giz adequado para aula de Arte.
Desenvolver
atividades avaliativas em sala.
(Eloi
– Geografia; Mario Sergio - Inglês)
|
Trabalho
de conscientização: Já está acontecendo com reuniões para a
conscientização dos pais e alunos.
Trabalho
realizado em relação as faltas e a indisciplina. Acreditamos que
este trabalho possa ser ampliado para mais discussões.
Novas
tecnologias: Busca dos recursos necessários. Cabe a direção,
coordenação pedagógica, professores pensarem no coletivo o
acesso as novas tecnologias.
(Elói
– Geografia, Geraldo - Arte)
|
Proporcionar
aos alunos aulas vivenciais;
Fomentar
a procura pelo conhecimento;
Organização
dos conteúdos a cargo do professor e visando uma maior identidade
por parte do educador;
Contar
como parte da avaliação cursos e oficinas inerentes a cada
matéria.
(Professor
Jeronimo - Arte)
|
Visitas
a museus, exposições, instituições, universidades, cinema,
teatro, etc.
Buscar
sempre desenvolver os conteúdos a partir da realidade /
cotidiano/vivência do estudante, aproximando tais conhecimentos
da sua existência e ao mesmo tempo fornecer condições e assim
desenvolver a sua própria criticidade.
No
Colégio Estadual do Paraná já se fazem na prática avaliações
diferenciadas como por exemplo relatórios de aulas práticas,
oficinas de arte, treinamento nos esportes, entre outras.
(Wanda
Sofia Kusch – Biologia e Wilson José Vieira - Filosofia)
|
Foi
feita uma reflexão a partir da música: “Queremos
saber” de
Gilberto Gil, interpretada por Cassia Eller.
Queremos saber,
O que vão fazer
Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
e suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes dos sertões
Queremos saber,
Quando vamos ter
Raio laser mais barato
Queremos, de fato, um relato
Retrato mais sério do mistério da luz
Luz do disco voador
Pra iluminação do homem
Tão carente, sofredor
Tão perdido na distância
Da morada do senhor
Queremos saber,
Queremos viver
Confiantes no futuro
Por isso se faz necessário prever
Qual o itinerário da ilusão
A ilusão do poder
Pois se foi permitido ao homem
Tantas coisas conhecer
É melhor que todos saibam
O que pode acontecer
Queremos saber, queremos saber
Queremos saber, todos queremos sabe
O que vão fazer
Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
e suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes dos sertões
Queremos saber,
Quando vamos ter
Raio laser mais barato
Queremos, de fato, um relato
Retrato mais sério do mistério da luz
Luz do disco voador
Pra iluminação do homem
Tão carente, sofredor
Tão perdido na distância
Da morada do senhor
Queremos saber,
Queremos viver
Confiantes no futuro
Por isso se faz necessário prever
Qual o itinerário da ilusão
A ilusão do poder
Pois se foi permitido ao homem
Tantas coisas conhecer
É melhor que todos saibam
O que pode acontecer
Queremos saber, queremos saber
Queremos saber, todos queremos sabe
O trabalho em pequeno
grupos, as reflexões, a música possibilitaram alguns
questionamentos ao grupo, como por exemplo, em que situações o
professor “muda”?
O grupo manifestou um
conjunto de ideias expressando que as mudanças pelo professor
ocorrem: “Quando ele quer”, “Devido as práticas que deram
certo”, “Utilizando a própria avaliação como forma de
mudança”. Isso levou ao questionamento que mudanças devem
acontecer, mas sem esvaziamento pedagógico.
Também perguntou-se:
“Por que mudar?”. O grupo respondeu: “Quando tem problemas”,
“Quando atingem o professor”.
Apontaram-se questões
como as condições objetivas de trabalho do professor,
despolitização do mesmo, perdeu-se o caminho dos sentidos e
significados da escola, entrar na rotina e não encontrar tempo para
estudos o que acaba fazendo com que o professor seja massacrado pela
cultura escolar instalada.
No CEP há tentativas
para autonomia do professor, ms não alcançadas ainda. Há uma
autonomia relativa. Um passo importante é ressignificar as relações
e os diálogos.