O
SENTIDO DA FORMAÇÃO
HUMANA
INTEGRAL
NO
ENSINO MÉDIO
Afinal
de contas, por que estamos falando
em
formação humana integral? Porque na sociedade em que vivemos,
marcada por práticas sociais
excludentes
e por uma educação escolar tradicionalmente assentada na dominação
e no controle
sobre
os indivíduos, pensar uma educação voltada para a emancipação
passa, necessariamente,
por
tomar como objetivo uma formação voltada
para
a reflexão e para a crítica. Além disso, pautada na possibilidade
de levar em consideração a
capacidade
de o indivíduo tornar-se autônomo
intelectual
e moralmente, isto é, de ser capaz de
interpretar
as condições histórico-culturais da sociedade em que vive e impor
autonomia às suas
próprias
ações e pensamentos.
Essas
finalidades, se assim entendemos,
devem
estar na base das proposições curriculares, isto é, da definição
das áreas e disciplinas, dos
conhecimentos,
do tratamento metodológico a
eles
conferidos, dos processos avaliativos, enfim,
do
conjunto de práticas que dão materialidade a
determinado
projeto educativo (SILVA, 2012).
Formação
humana integral também se refere à compreensão dos indivíduos em
sua inteireza, isto é, a tomar os educandos em suas múltiplas
dimensões
intelectual, afetiva, social, corpórea,
com
vistas a propiciar um itinerário formativo que
potencialize
o desenvolvimento humano em sua
plenitude,
que se realiza pelo desenvolvimento da
autonomia
intelectual e moral.
Qual
o sentido de uma formação voltada
para
a produção da autonomia dos indivíduos?
Vale
lembrar que a educação inclusive a escolar possui sempre um duplo
caráter: o da adaptação
e
da emancipação, o da produção da identidade e
da
diferença. A escola, no entanto, em nossa sociedade tem privilegiado
mais a adaptação do que
a
emancipação, mais a produção da semelhança,
da
padronização, do que da diferenciação. Colocar no horizonte a
possibilidade de formação para
a
autonomia intelectual e moral significa tomar
um
posicionamento diante desse duplo caráter da
ação
educativa, significa nos comprometermos, ao
mesmo
tempo, com a produção da identidade e
da
diferença, com a adaptação e a emancipação.
Diante
do desafio de pensar o currículo
do
ensino médio cabe, portanto, a indagação:
para
que, exatamente, devemos nos voltar quando nos envolvemos com a ação
de ajudar a formar outro ser humano? Uma das respostas a essa
pergunta
tem a ver com a intenção de formar
no
outro aquilo que nós mesmos somos, mas de
tal
modo que esse outro seja um pouco de nós
e,
ao mesmo tempo, diferente de nós. Dito de
outro
modo, ou a educação escolar se destina à
formação
para a autonomia ou ela não é capaz
de
ultrapassar a mera adaptação dos indivíduos
à
sociedade. Autonomia intelectual e moral institui-se, assim, como a
grande finalidade do projeto educativo voltado para a formação
humana
integral.
É
com o fim, dentre outros, de possibilitar essa formação voltada
para a autodeterminação que se justifica a ênfase que se deve dar
no
processo de escolarização ao desenvolvimento das múltiplas
possibilidades de comunicação
pelo
uso das diferentes linguagens. A relação
entre
pensamento e linguagem, tão bem explorada por Vigotski (1998), nos
ensina que não é
possível
nos valermos das formas mais complexas de formalização do
pensamento, na ausência
do
pleno domínio das capacidades de expressão
verbal.
Como então explicar a secundarização
da
oralidade em favor da expressão escrita, tão
frequente
em nossas escolas? Será que ao nos referenciarmos às grandes
finalidades da escola em
nossa
sociedade não devemos problematizar o
modo
como vem se desenvolvendo a relação entre linguagem oral e escrita,
entre formalização
do
pensamento e capacidade de comunicação?
Este
é um dos desafios, entre tantos outros, que
se
colocam diante do planejamento da ação educativa, se nos guiarmos
pelo compromisso com a
superação
das limitações interpostas à realização
de
um projeto educativo de fato emancipatório.
Outro
desses desafios diz respeito à necessidade de se manter vivo o
interesse, o gosto,
o
prazer pela aprendizagem, tantas vezes substituídos por práticas
que, ao adquirirem o caráter
de
obrigatoriedade, de repetição pura e simples
ou
pelo fato de não fazerem o menor sentido,
fazem
brotar em nossos alunos menos o gosto
e
mais a desmotivação, menos o prazer e mais
o
desinteresse pelo que lhes é proposto. Essa
necessidade,
de se manter o gosto pela investigação, pelo novo, de cultivar o
prazer em se ter
acesso
ao conhecimento, precisa se converter em
um
dos critérios balizadores da ação de planejar a
ação
educativa, assim como o exercício do raciocínio lógico e da
autonomia de pensamento.
As
finalidades ora destacadas aliam-se a um
dos
grandes fins a que tem sido destinada a escolarização básica: o
acesso a conhecimentos científicos
básicos,
bem como a conhecimentos de outra natureza. Muito mais do que ser um
fim em si mesmo,
o
acesso ao conhecimento, convertido em saber
escolar
por meio das transposições didáticas, é o
meio
de que dispomos para nos aproximarmos da
realização
de um projeto educativo no qual esteja
no
horizonte o exercício da autonomia, da reflexão
e
da crítica.
VÍDEO
MÚSICA
Queremos saber,
O que vão fazer
Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
e suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes dos sertões
Queremos saber,
Quando vamos ter
Raio laser mais barato
Queremos, de fato, um relato
Retrato mais sério do mistério da luz
Luz do disco voador
Pra iluminação do homem
Tão carente, sofredor
Tão perdido na distância
Da morada do senhor
Queremos saber,
Queremos viver
Confiantes no futuro
Por isso se faz necessário prever
Qual o itinerário da ilusão
A ilusão do poder
Pois se foi permitido ao homem
Tantas coisas conhecer
É melhor que todos saibam
O que pode acontecer
Queremos saber, queremos saber
Queremos saber, todos queremos sabe
O que vão fazer
Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
e suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes dos sertões
Queremos saber,
Quando vamos ter
Raio laser mais barato
Queremos, de fato, um relato
Retrato mais sério do mistério da luz
Luz do disco voador
Pra iluminação do homem
Tão carente, sofredor
Tão perdido na distância
Da morada do senhor
Queremos saber,
Queremos viver
Confiantes no futuro
Por isso se faz necessário prever
Qual o itinerário da ilusão
A ilusão do poder
Pois se foi permitido ao homem
Tantas coisas conhecer
É melhor que todos saibam
O que pode acontecer
Queremos saber, queremos saber
Queremos saber, todos queremos sabe
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