Uma ocorrência das mais comuns, nas salas de aula, está ligada aos apelidos. Nada passa despercebido: orelhas em abano, obesidade,estrabismo, cabeça grande, pernas tortas, gagueira, nariz proeminente e até mesmo deficiências físicas
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Bullying é palavra inglesa, quer dizer “usar o poder ou a força para intimidar, excluir, implicar, humilhar, não dar atenção, fazer pouco caso e perseguir os outros”. O que diferencia uma antiga "zoada" do atual bullying é a intenção daquele que provoca um colega: magoar repetidamente e por muito tempo outrem. No bullying sempre existe uma clara diferença entre o mais forte e o mais fraco, que tem dificuldade de quebrar a relação desigual de poder.
O tema é tão atual e preocupante que a violência no ambiente escolar foi alvo de uma pesquisa inédita no Brasil, feita pela organização não-governamental Plan, que envolveu mais de 5 mil estudantes. Por meio de entrevistas e formação de grupos focais com alunos, professores, pais, responsáveis e gestores escolares, em 25 escolas públicas e particulares, nas cinco regiões do país, a pesquisa Bullying no ambiente escolar concluiu que a maior incidência de maus tratos nas relações entre estudantes está na faixa etária de 11 a 15 anos, especialmente na sexta série do ensino fundamental.
Outro dado relevante é que o bullying é mais comum nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, mas independe do sexo, raça ou classe social. Também foi identificado que os meninos se envolvem com maior frequência nas situações de bullying que as meninas, contudo, estas se sentem mais tristes, chateadas e amedrontadas que eles.
Uma ocorrência das mais comuns, nas salas de aula, está ligada aos apelidos. Nada passa despercebido: orelhas em abano, obesidade, estrabismo, cabeça grande, pernas tortas, gagueira, nariz proeminente e até deficiências físicas. Os nomes e sobrenomes também não são poupados e servem de objeto de críticas e rimas. A situação piora quando os gracejos, críticas e chacotas se fazem acompanhar de ameaças. Caso o agredido verbalmente conte ao professor ou aos pais poderá sofrer represálias de toda sorte, até mesmo agressões físicas.
Crianças e adolescentes que passam por tal tipo de constrangimento sofrem muito e, quase sempre, os pais ficam sem entender a causa da aversão repentina que os filhos tomam pela escola, com pedidos constantes para que possam faltar às aulas. Existem relatos comoventes, feitos por especialistas no tema, de jovens que não tiveram forças suficientes para resolver o problema, e, muito menos, coragem para buscar ajuda, quer seja dos pais, dos professores ou da direção da escola.
Orelhas em abano
“Crianças com orelhas em abano são alvo de piadas e chacotas na escola e não passam despercebidas pelos colegas em lugar nenhum. Viver a infância sendo chamado de ‘Dumbo’, ‘açucareiro’, ‘morcego’, ‘fusca de portas abertas’ e de muitos outros apelidos pejorativos pode fazer muito mal para a auto-estima desses pequenos. Pais e educadores precisam estar sempre atentos, para que os ofendidos sejam poupados do constrangimento ininterrupto, que prejudica o desempenho escolar, compromete a auto-estima e o relacionamento, em casa e na escola, destas crianças”, defende o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.
A orelha em abano é um distúrbio caracterizado pelo aumento do ângulo entre o órgão e o crânio. A medida padrão de espaçamento das orelhas varia entre 30 e 45 graus, ou seja, um espaço de até dois centímetros de abertura visto de trás. No entanto, pode ocorrer o apagamento da dobra mais externa - chamada de anti-hélice - o que produz uma abertura maior da parte superior. "Cerca de 5% das pessoas apresentam a anomalia, que ocorre mais freqüentemente em meninas. Trata-se de uma malformação hereditária, em geral, com vários casos na mesma família e todos parecidos", diz Penteado.
O problema, detectado já no nascimento, incomoda primeiro os pais. Alguns, inclusive, acabam submetendo o filho à “tortura” de ficar, dia e noite, com uma touca ou esparadrapos colados à cabeça. Segundo os especialistas, isto não resolve nada, já que a orelha possui estrutura elástica. Mesmo depois de muito tempo dobrada em um sentido, ao ser solta, ela volta à posição natural.
A cirurgia para correção de deformidades do órgão costuma ser realizada entre os 7 e 14 anos. Apesar da possibilidade do órgão crescer até os 10 anos de vida, a criança já pode fazer a operação antes dessa idade. "É recomendado que seja a partir dos sete anos. Em casos extremos, se a deformidade for muito grave, pode se antecipar um pouco e fazer a otoplastia quando a criança estiver com cinco ou seis anos", diz Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Para o médico, os pais nem sempre devem tomar a decisão de realizar a otoplastia tão cedo, porque, às vezes, o tamanho da orelha parece grande, porém, conforme a criança vai crescendo o rosto se torna mais simétrico e a imperfeição desaparece. "Além disso, é fundamental que a criança demonstre insatisfação com a própria aparência. As orelhas proeminentes não costumam causar qualquer transtorno às crianças até os cinco ou seis anos. A partir dessa idade, as críticas começam a ferir. Os comentários dos coleguinhas, por exemplo, passam a ter um peso maior e as brincadeiras de mau gosto com relação às orelhas se tornam mais cruéis, chegando a comprometer o bem-estar da criança. Eles podem apresentar distúrbios emocionais e comportamentais: desde ansiedade, depressão, déficit de atenção até queixas somáticas”, explica Ruben Penteado.
A otoplastia é realizada para aproximar a orelha da cabeça, corrigindo a forma e o desenho do órgão. “Na técnica mais utilizada hoje, o procedimento cirúrgico é feito através de um corte interno na pele atrás da orelha. A pele é descolada da cartilagem e fixada na nova posição com pontos internos", explica Ruben Penteado.
Obesidade
As pesquisas realizadas em todo o mundo nos dão conta de que estamos diante de um dos maiores problemas de saúde pública já enfrentados: a obesidade na infância e na adolescência. O problema já ultrapassou grupos populacionais anteriormente definidos, saiu das cidades e alcançou o campo, deixou os bairros socialmente privilegiados e invadiu as favelas, deixou para trás o Ocidente e se alastrou pelo Oriente.
“As consequências da obesidade infantil incluem um risco aumentado para a maioria das doenças crônicas, sendo mais frequentes: asma, esteatose hepática ou fígado gorduroso, síndrome da apnéia do sono e diabetes. A longo prazo, estão a maior incidência de doenças cardiovasculares, vários tipos de cânceres, doenças músculo-esqueléticas e doenças da vesícula biliar”, afirma a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.
Apesar de muitas vezes não ser perceptível, a obesidade infantil afeta a auto-estima e a sociabilidade da população infanto-juvenil. A endocrinologista destaca algumas variáveis psicossociais que podem afetar negativamente a qualidade de vida das crianças obesas, podendo inclusive dificultar mudanças em seus estilos de vida, como fazer dietas ou praticar atividades físicas.
As dificuldades impostas pela obesidade podem coexistir, na vida de muitas delas, embora crianças e adolescentes obesos se sintam relutantes em discutir o assunto com pais, professores ou profissionais de saúde envolvidos em seus tratamentos. Conheça estes problemas:
(1) Dificuldade de enfrentarem gozações e brincadeiras de seus colegas relacionadas ao seu peso corporal, o que causa estresse psicológico intenso, piora da auto-estima e piora da sua auto-avaliação da imagem corporal;
(2) Isolamento social, redução considerável da capacidade de fazer amigos e de aproveitar as oportunidades de praticar atividade física em grupos, com o consequente aumento do consumo de alimentos;
(3) Depressão, que pode ocorrer como causa ou consequência da obesidade na infância e adolescência.
“Quando se associa obesidade infantil com o bullying, o intuito do agressor é satirizar determinadas características da outra pessoa. Um exemplo comum é apelidar o companheiro com palavras que fazem alusão ao excesso de peso. As escolas têm obrigação de desenvolver um trabalho preventivo com os alunos, mostrando-lhes, não uma vez, mas constantemente, que deve haver respeito entre os alunos”, alerta Ellen Paiva.
Pesquisas têm documentado alterações comportamentais até então desconhecidas como influenciadas pela obesidade. “Há indícios de que a obesidade na população infanto-juvenil está relacionada também ao comprometimento da performance escolar, à maior vulnerabilidade para os transtornos alimentares do tipo bulimia e aos comportamentos de risco como tabagismo, alcoolismo, atividade sexual prematura e práticas nutricionais erradas”, destaca a endocrinologista.
Estrabismo
“Além de lutar contra o incômodo de uma visão deficiente ou dupla, os estrábicos - cerca de 4% da população mundial - ainda precisam superar o preconceito”, diz o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
O estrabismo é a perda do posicionamento normal dos olhos, conhecida popularmente como 'vesguice', que faz com que apenas um olho ou ambos sejam desviados para dentro (esotropia), para fora (exotropia), para cima ou para baixo (hipertropia). “O desvio pode se apresentar de três formas: constante (permanentemente observado), intermitente (quando os olhos estão a maior parte do tempo alinhados e o desvio se dá eventualmente, em momentos de cansaço ou em locais muito iluminados) e latente (o distúrbio só é mesmo perceptível após a realização de testes específicos). Em todos os casos, são comuns o relato de pacientes que sofrem com o emprego de termos ofensivos como ‘vesguinho’, ‘cegueta’, ‘quatro olho’, ‘zaroio’...”, conta o oftalmologista.
Para combater o preconceito e o bullying, Centurion lembra que é preciso esclarecer os mitos sobre a doença, como aquele que diz que uma pessoa é capaz de ficar estrábica, se entortar o olho de propósito ou se for surpreendida por uma rajada de vento. “O problema, na maioria dos casos, é hereditário e se manifesta na infância, em decorrência de um desequilíbrio nos músculos que movimentam os olhos. Pode ser provocado por parto prematuro, doenças congênitas, elevado grau de hipermetropia, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, dentre outros fatores genéticos. Quando o estrabismo é adquirido na fase adulta, as causas mais comuns para essa alteração ocular são traumatismos cranianos, acidente vascular cerebral (derrame), infecções cerebrais (como meningite), diabetes e disfunções da tireóide”, informa o diretor do IMO.
O tratamento em crianças requer cuidados especiais. “O principal deles é a ajuda dos pais. O processo para alinhar os olhos pode ser demorado e as crianças precisam de apoio nesta fase. Para facilitar o processo, os adultos podem, por exemplo, deixar a criança participar da escolha da armação dos óculos - que deve ser leve, de tamanho adequado e com lentes anti-risco e resistentes”, explica Virgilio Centurion.
Para a garotada que necessita de tampão (no caso de 'olho preguiçoso'), os pais devem explicar a importância desse tratamento e decidir por oclusores de borracha ou descartáveis feitos de esparadrapo antialérgico que não irritam a pele e incomodam menos. “A família também tem que compreender uma possível queda no nível do rendimento escolar por conta da deficiência visual e pedir a colaboração dos professores para que, dentre outros cuidados, a criança possa sentar-se próxima à lousa. Também é muito útil redobrar a atenção com as brincadeiras. Algumas crianças não podem manusear objetos pontiagudos ou praticar esportes perigosos”, alerta o oftalmologista.
Os pais precisam ficar atentos a qualquer alteração de humor dos filhos e às queixas, veladas ou explícitas, que eles façam da escola, durante o tratamento. “Em caso de problemas, os pais devem buscar ajuda por meio do serviço de orientação educacional e psicológica da instituição de ensino porque todas as crianças e adolescentes têm direito a ambientes escolares onde existam alegria, amizade, solidariedade e respeito às características individuais de cada um deles”, defende Virgilio Centurion.
CONTATO:
http://www.medintegrada.com.br/
http://www.imo.com.br/
www.citen.com.br
gostei demais desse blog, vou aplicar isso no colégio colegio zona norte SP, me ajudou muito, ótimo texto, parabéns para quem escreveu o texto
ResponderExcluirParabéns pelo post! Deixo a minha colaboração para aquelas mamães que não conseguirem corrigir as orelhinhas dos seus bebês, que ao crescerem, aos 6 anos de idade a criança poderá necessitar de uma Otoplastia ou Macrotia. Att,
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