Alexandro
Muhlstedt
A importância da
participação dos pais na vida escolar dos filhos tem apresentado um
papel importante no desempenho escolar. O diálogo entre a família e
a escola, tende a colaborar para um equilíbrio no desempenho
escolar, o que é possível considerar que a criança e os pais
trazem consigo uma ligação íntima com o desempenho.
Tendo em vista essa
premissa, desde 2009, optamos por reorganizar as ações referentes
ao atendimento aos pais no Colégio Estadual Professor Francisco
Zardo, em Curitiba..
Definimos 4 momentos
anuais de encontro entre direção, equipe pedagógica e professores
com os pais a fim de repassar informações gerais sobre a escola,
"ensinando" pais e responsáveis sobre o funcionamento da
escola, desde as regras do cotidiano aos alunos, até aspectos como
avaliação da aprendizagem e recuperação de estudos. Ou seja,
buscamos colocar os pais a par do Projeto Político Pedagógico e do
Regimento Escolar.
Um outro momento definido
aos pais é o encontro da Comissão de Pais sobre o PPP, onde pais,
de diferentes turmas, discutem e apresentam opiniões sobre os
problemas da escola e quais as possíveis intervenções.
Em 2009, iniciamos as
pesquisas de coleta de dados, a fim de receber dos pais um feedback
de suas percepções sobre a escola e assim, termos subsídios para o
melhoramento do atendimento.
Na primeira
pesquisa, perguntamos aos pais / responsáveis sobre aquilo que é
importante na educação dos seus filhos quais são, na sua opinião,
os principais problemas no Colégio. Participaram 458 pais /
responsáveis e as respostas foram as seguintes:
Gráfico 1: O que é
importante na educação escolar
Gráfico 2: Principais
problemas no Colégio Zardo
Na segunda pesquisa,
perguntamos sobre os melhores momentos para marcarmos reuniões de
pais e responsáveis e qual o papel da escola. Participaram 965 Pais
/ Responsáveis.
Os dados podem ser
observados no gráfico a seguir.
Gráfico 3: Melhor
horário de Reunião de Pais
Gráfico 4: Principal
função da escola
Na terceira pesquisa, já
em 2010, questionamos sobre qual é o problema mais grave e que deve
ser combatido pela Equipe Escolar. Participaram 879 Pais /
Responsáveis.
Gráfico 5: Problema a
ser combatido pela Equipe Escolar
Na quarta pesquisa, ainda
em 2010, perguntamos sobre quais ações podem existir na escola para
lidar com o problema da indisciplina. A primeira pergunta foi “Que
sugestões pode nos oferecer para resolver os problemas de
indisciplina, mau comportamento e falta de respeito na turma de seu
filho?” E a segunda pergunta foi: “Que ações poderiam ser
desenvolvidas aos alunos que continuam a causar problemas (que não
cumprem as regras da escola, nem as obrigações de aluno)?”.
Também solicitamos
informação sobre o ensino oferecido no Colégio.
Gráfico 6: Opinião
sobre o ensino oferecido no Colégio Zardo
Em 2011, na quarta
pesquisa, solicitamos informações sobre a saúde dos alunos.
Basicamente, nas reuniões
oficiais, uma em cada bimestre, mantemos os pais informados sobre as
rotinas da escola e solicitamos suas opiniões a respeito.
Nos momentos pontuais de
presença dos pais, temos o atendimento cujos pais foram chamados a
comparecer à escola ou que vieram espontaneamente conferir
desempenho e rendimento dos seus filhos.
De modo geral, a
comunicação dos pais com os professores tem sido incentivada
por meio de bilhetes e solicitações na agenda escolar, ou caderno
do aluno.
Esse modo, tendo em vista
que temos uma comunidade de pais e responsáveis alfabetizados,
torna-se mais fácil manter esse tipo de vínculo.
Compreendemos que os pais
são os responsáveis legais e morais pela educação dos seus
filhos. Parece razoável esperar que pais e professores sejam
parceiros, pois querem o melhor para suas crianças: o sucesso
escolar. A participação dos pais na escola, acompanhado de regras
determinadas previamente em comum acordo, tem se mostrado muito
importante. O apoio e a presença, atrelado ao conhecimento de como a
escola funciona, colabora para um ambiente mais favorável para a
aprendizagem.
Segundo López (2002, p.
75):"[...] a
participação dos pais no sistema educacional, como toda
participação social equivalente, tem a dupla perspectiva de
colaboração e controle. Com a primeira se potencializam os recursos
e as ações da escola, enquanto com o controle se estimula a melhora
de qualidade da educação escolar."
Assim, baseados nas
experiências anteriores, esperamos intensificar as atividades que
envolvem pais na escola, a fim de tornar nosso ambiente cada vez mais
propício para a construção do conhecimento.
Temos notado que os pais
precisam trabalhar, e muito, para que possam atender as
necessidades básicas da sua família, entretanto, precisam encontrar
tempo livre para dividir com seus filhos, na elucidação de tarefas
escolares, no lazer, descobrindo e transformando a personalidade e o
caráter dos mesmos. O acompanhamento periódico dos pais na escola é
fundamental para as mudanças no processo pedagógico e na cobrança
de uma educação de qualidade.
A família deve,
portanto, se esforçar em estar presente em todos os momentos da vida
de seus filhos. Presença que implica envolvimento, comprometimento e
colaboração. Deve estar atenta a dificuldades não só cognitivas,
mas também comportamentais. Deve estar pronta para intervir da
melhor maneira possível, visando sempre o bem de seus filhos, mesmo
que isso signifique dizer sucessivos “nãos” às suas exigências.
Em outros termos, a família deve ser o espaço indispensável para
garantir a sobrevivência e a proteção integral dos filhos e demais
membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como se
vêm estruturando (KALOUSTIAN, 1988).
Para as reuniões de Pais
/ Responsáveis definimos os procedimentos a serem implementados:
- Encaminhamento de Comunicado escrito (informando dia, horário, local e assuntos a serem tratados) por meio de alunos. Tal comunicado deve retornar com a assinatura da família, inclusive explicando, no caso de não comparecer, os motivos da ausência.
- Conferir durante toda a semana, por meio de assinatura dos alunos, o retorno dos comunicados. Garantir que todos os alunos apresentem o protocolo com assinatura da família (via agenda).
- Levantamento de dados constando a quantidade de comunicados que retornaram, quantos pais comparecerão e quantos não virão e por quais motivos.
- Definição de pauta comum e organização das salas aonde os pais serão recepcionados, sendo que a reunião serão conduzida pelos professores. Antes, porém, na quadra da escola, por 15 minutos, a Diretora geral dará as boas vindas e reforçará a importância da participação da família na vida escolar, bem como solicitar a adesão dos pais para auxiliar na melhoria do espaço escolar.
- A pauta é composta por assuntos gerais, priorizando aqueles que explicam o funcionamento da escola: as regras gerais, o sistema de avaliação, a metodologia, as atividades previstas, etc. Evita-se “dar bronca” nos pais, fazer “jogo de culpa”, expor alunos, insistir no que ocorre de negativo.
- Solicitar sugestões e opiniões dos pais, anotando o que for dito.
- A realização, na sequência, do encontro dos professores e pedagogos tem como objetivo socializar e organizar as “falas” dos pais”. A partir daí, se estabelece o termômetro de pontos de vistas, opiniões e olhares dados pelas famílias àquilo que seus filhos estão vivenciando.
- Implementação de questionário ao pais, perguntando sobre ensino, aprendizagem, educação e comportamento.
- Tabulação dos dados e elaboração de gráficos a partir das respostas dos pais.
- Reuniões para orientar sobre matrícula, Estatuto da Criança e do Adolescente - artigo 53.
- Encontro, no turno da noite, para orientações sobre Estatuto da Criança e do Adolescente – artigo 129, atividades de último bimestre e entrega de boletins.
- Encontro com os pais, no início do terceiro bimestre, onde Pais / Responsáveis e Alunos que não tenham obtido bons resultados nos 1º e 2º bimestres participam juntos de orientações para melhoria de desempenho e rendimento. Ao final do encontro, escrevem Termo de Compromisso e quais ações ocorrerão para a melhoria acontecer. Pais assumem o dever de acompanhar seus filhos, mediante comunicado por escrito, via agenda, com os professores das disciplinas de menor rendimento.
- Aproximações e relacionamento com os pais em todos os momentos da escola, comunicando-se por meio de telefonemas e bilhetes escritos na agenda do aluno. Por isso, a organização de lista com números de telefones para comunicação com a família.
Com todas essas
estratégias, pretendemos implementar cada vez mais, de modo
organizado e claro, tanto o atendimentos e quanto as reuniões de
Pais / Responsáveis.
Acreditamos que a
parceria, uma vez estabelecida, reflete num maior empenho e
envolvimento dos Pais / Responsáveis na educação escolar d seus
filhos, nossos alunos.
Finalmente, na relação
família / escola, um sujeito
sempre espera algo do outro. E para que isto de fato ocorra é
preciso que sejamos capazes de construir de modo coletivo uma relação
de diálogo mútuo, onde cada parte envolvida tenha o seu momento de
fala, onde exista uma efetiva troca de saberes. A construção dessa
relação implica em uma capacidade de comunicação que exige a
compreensão da mensagem que o outro quer transmitir, e para tanto,
se faz necessário, a competência e o desejo de escutar o que está
sendo expresso, bem como a flexibilidade para apreender ideias e
valores que podem ser diferentes dos nossos.
Por parte da escola:
respeito pelos conhecimentos e valores que as famílias possuem,
evitando qualquer tipo de preconceito e favorecendo a participação
dos componentes da instituição familiar em diferentes
oportunidades, estimulando o diálogo com os pais e
possibilitando-lhes, também, obter um ganho enquanto sujeitos
interessados em evoluir e se aperfeiçoar e como seres humanos e
cidadãos compromissados com a transformação da realidade.
Referências
Bibliográficas
COLÉGIO
ZARDO. Projeto Político Pedagógico, Curitiba: 2009.
GOKHALE,
S. D. A família desaparecerá? In Revista Debates Sociais nº 30,
ano XVI. Rio de Janeiro, CBSSIS, 1980
KALOUSTIAN,
S. M. (org.) Família brasileira, a base de tudo. São Paulo: Cortez;
Brasília,
DF: UNICEF, 1988.
LÓPEZ, J. S. Educação
na família e na escola: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola,
2002.
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