quinta-feira, 10 de setembro de 2009

DESCRIÇÃO DO COTIDIANO NO COLÉGIO ZARDO: O pensar e o fazer pedagógico

Alexandro Muhlstedt

É através de nossas próprias narrações que construímos uma versão de nós mesmos no mundo, e é através de suas narrações que uma cultura oferece modelos de identidade e ação para seus membros.”
(Bruner & Feldman, 1995)

INTRODUÇÃO

Este texto é resultado de inúmeras reflexões e levantamento de dados empreendidos pela Equipe Pedagógica e Professores do Colégio Estadual Professor Francisco Zardo, de Curitiba, com a intenção de traçar um panorama geral da escola.
Trata-se de questões que envolvem o cotidiano, modos de perceber a escola, detalhes específicos e peculiares que caracterizam o jeito próprio da escola existir. Não se pretende oferecer um retrato fechado e inflexível, mas antes, um retrato do vivido neste momento histórico e, assim, contribuir para tomadas de decisões almejando a melhoria da escola como um todo.

1. A sociedade contemporânea

Levamos em consideração que em termos sociais ocorre um complexo processo de mudança no modo de agir e pensar das pessoas, das famílias, da comunidade, da sociedade e do mundo, sendo que esse processo influencia direta e profundamente o fazer pedagógico da escola. Na sociedade-cultura pós-moderna percebemos que a característica é, antes de tudo, a de ser uma sociedade-cultura de consumo, que reduz o indivíduo à condição de consumidor como conseqüência da automatização do sistema de produção. As novas formas referentes ao consumo estão relacionadas com os meios de comunicação, com a alta tecnologia, com as indústrias da informação (buscando expandir uma mentalidade consumista, a serviço dos interesses econômicos) e com as maneiras de ser e de ter do homem pós-moderno. Assim, cada vez mais, as pessoas vão se tornando individualistas, sem perspectivas de mudança, desinteressadas pela melhoria e qualidade de vida, egoístas, narcisistas e vistas apenas como meros consumidores. Lamentavelmente, são poucos os sujeitos do processo para os quais a escola desenvolve seu trabalho que possuem visão positiva e/ou crítica sobre a importância da educação escolar.
Em nossa realidade cotidiana notamos componentes gravíssimos com relação à aprendizagem a ser desenvolvida pelos alunos. São falhas antigas, problemas históricos, defasagens e complicações existentes das mais diversas formas. Isso tudo compromete a continuidade dos conhecimentos e o desenvolvimento de conteúdos e atitudes. Sabemos que a aprendizagem de um conteúdo depende muito da experiência anterior do aluno com conteúdos que são pré-requisitos. Se essa experiência não ocorreu ou ocorreu de forma incompleta, isso gera desinteresse, desmotivação e, o que é pior, a aprendizagem não ocorre efetivamente. Percebemos isso pelo excesso de faltas às aulas, atrasos, gazetas e negligências de todo tipo pelos alunos. Desse modo, não se torna possível ao professor dar prosseguimento ao que foi planejado, nem seguir a sequência de aulas. Tudo isso tem gerado frustração, desânimo, desmotivação e suscitado muitas dúvidas e incertezas a respeito de um futuro bom, sem contar que há uma notável e crescente decadência no nível de conhecimento pelos alunos.

2. Aprendizagem significativa e relações interpessoais

Como possibilidade de ajuste, a implementação de aprendizagens significativas se faz necessária. Aprendizagem significativa é o conceito central da teoria da aprendizagem de David Ausubel e é um processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se, de maneira substantiva (não-literal) e não-arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo. Em outras palavras, os novos conhecimentos que se adquirem relacionam-se com o conhecimento prévio que o aluno possui. Aprender é agir na direção de construir respostas para problemas, suplantar os conflitos cognitivos em um ambiente estimulador, tendo direito ao erro, descobrir fatores invariáveis e variáveis e se apropriar de raciocínios. Defendemos o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa porque o agir é um interagir consigo mesmo e com outras pessoas. Para isso, ações do tipo motivadoras e de construção do valor da escola são essenciais e devem ser agregadas ao cotidiano do ensino pelo professor para atingir objetivos mais completos na formação intelectual dos alunos.
No cotidiano de nossa escola, também observamos comportamentos entre os alunos que vão da simples cara feia à agressão física grave. Isso tem gerado muitas preocupações e questionamentos sobre a conduta, a postura e os comportamentos desviantes dos alunos. É grande a indisciplina, a violência verbal e física, o tratamento vulgar e grosseiro, o desrespeito à autoridade e ao patrimônio público, sem contar o uso de cigarro, álcool e outras drogas. Em sala de aula, o professor se depara com um quadro grave de desinteresse com os estudos, incessante barulho e gritaria, muitas conversas paralelas, gazetas de aula, sabotagem, distração, desatenção, displicência e irresponsabilidade com as atividades escolares. A isso, se junta a sensação de impunidade e a continuidade de problemas que deviam estar “fora” da escola.
Ante a isso, definimos a proposição para lidar com a problemática naquilo que comumente chamamos de Relações Interpessoais. As Relações interpessoais são todos os contatos existentes entre pessoas. Nesse âmbito encontra-se um infindável número de variáveis como: sujeitos, circunstâncias, espaços, local, cultura, desenvolvimento tecnológico, educação e época. As relações interpessoais ocorrem em todos os meios (no meio familiar, educacional, social, institucional e profissional) e estão ligadas aos resultados finais de harmonia, avanço, e progressos ou nas estagnações, agressão ou alienamento. O comprometimento do aluno com a escola e com o ensino é fundamental para o seu aprendizado, sendo que o papel do professor também é importante. Quanto aos comportamentos desviantes, temos ações para incorporar ao cotidiano que vão desde o levantamento das violências, até o trato pedagógico de comportamentos, posturas e condutas. O combate à indisciplina, clareza das regras e assimilação de comportamentos sociais aceitáveis são componentes essenciais para a melhoria nas relações interpessoais entre os alunos. Também, vale ressaltar o importante papel da família como agente articulador de ações em prol da melhoria comportamental dos alunos.

3. O papel da família

Quando analisamos o papel da família na educação escolar de seus filhos, percebemos que há uma distância muito grande nos objetivos. Grande parte das famílias não tem visão adequada sobre o real papel da escola, confundem o papel da escola (ensino de conteúdos) com o papel da família (educação comportamental) e muitas são coniventes com os comportamentos desviantes dos filhos. Vemos diariamente que há uma contínua transferência de papéis e funções que são próprios da família para a escola. Neste sentido, Stadinik (2005, p.16) afirma que a “família moderna, dentro de todas as transformações históricas apresenta hoje uma das maiores problemáticas, a falta de tempo para conviver, interagir, dialogar, enfim, fazer-se presente junto aos seus (...). Assim, a educação acaba sendo um jogo de transferências de responsabilidade entre a família e a escola”. Esse jogo precisa ser cada vez mais discutido entre essas duas instâncias, a fim de que ambas possam cumprir integralmente a sua função social.
Consideramos pertinente fortalecer a relação da família e com a escola no sentido de formar uma equipe. É fundamental que ambas sigam os mesmos princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir. Ressaltamos que mesmo tendo objetivos em comum, cada uma deve fazer sua parte para que atinja o caminho do sucesso, que visa conduzir os jovens a um futuro melhor. O ideal é que família e escola tracem as mesmas metas de forma simultânea, propiciando ao aluno uma segurança na aprendizagem de forma que venha criar cidadãos críticos capazes de enfrentar a complexidade de situações que surgem na sociedade. Para isso, teremos que implementar a “vinda” da família para a escola, no intuito de estreitar e clarificar os objetivos da instituição em consonância com os anseios dos pais.

4. Os professores, o ensino e a sala de aula

Nas rotinas dos professores, é muito comum percebermos que há um quadro complicado a ser resolvido. Muitas vezes há uma grande falta de companheirismo, de compromisso e comprometimento com a escola e com os alunos, de desmotivação com a escola e a educação escolar como um todo. Há atitudes entre os professores que demonstram isso claramente: desde a falta de planejamento das aulas, até na demora para ir para a sala de aula após o sinal e aplicação de aulas repetitivas e cansativas. Tais atitudes, motivadas por reclamações excessivas, comportamentos dos alunos e sensação de impotência diante de tantos problemas que parecem não ter solução. Junto a isso, estão as dificuldades no uso das tecnologias, a capacitação oficial que não corresponde às necessidades dos docentes e os baixos salários. Desse modo, é crucial que enfrentemos tais problemas implementando um ensino mais ativo, dinâmico e motivador e adotando metodologias inovadoras e criativas.
Para Nérici (1993, p.38) “ensino é o processo que visa a modificar o comportamento do indivíduo por intermédio da aprendizagem com o propósito de efetivar as intenções do conceito de educação, bem como habilitar cada um a orientar a sua própria aprendizagem, a ter iniciativa, a cultivar a confiança em si, a esforçar-se, a desenvolver a criatividade, a entrosar-se com seus semelhantes, a fim de poder participar na sociedade como pessoa consciente, eficiente e responsável.” A escola é o espaço social que tem como função específica possibilitar aos alunos a apropriação de conhecimentos científicos, filosóficos, matemáticos etc., sistematizados ao longo da história da humanidade, bem como estimular a produção de um novo saber, que possa ajudar na luta por mudanças nas injustas relações sociais presentes em nossa sociedade. Por isso, faz-se necessária a compreensão dos problemas que permeiam e envolvem a prática docente, com a intenção de superá-los. A escola só se torna democrática na medida em que colabora para a formação de sujeitos críticos e conscientes, voltados para a transformação social. Para isso, lançamos mão de metodologias inovadoras e apropriadas que possam melhorar as formas de aplicação e interação com os conteúdos estabelecidos no currículo. O aprofundamento sobre Metodologias e a implementação do Plano de Trabalho Docente são essenciais nesse processo. Necessitamos de melhorias nos processos de ensino, para que este se torne cada vez mais ativo, dinâmico e motivador.
Quando fazemos uma incursão pelos espaços da escola notamos o seguinte panorama: salas lotadas de alunos, com cortinas estragadas, vidros quebrados, portas com defeitos, carteiras velhas e estragadas, pichações nas paredes e estragos de toda ordem pela escola; inexistência de inspetores no pátio; equipe pedagógica burocratizada; comunicação interna falha; tratamentos diversos e desiguais; múltiplas linguagens nas regras e rotinas; profissionais desvalorizados e pouco apoio às ações docentes. Por esses problemas todos é que se define como estratégia administrativa, a implementação de uma gestão democrática, conferindo prioridades para as questões das estruturas gerais das salas de aula e do espaço pedagógico como um todo, fluxo da informação mais amplo e abrangente e a formação dos docentes voltada para a resolução das problemáticas reais da escola, não apenas da educação como um todo.

5. A gestão democrática

A Gestão Democrática é uma forma de gerir a escola, de maneira que possibilite a participação, transparência e democracia. Os princípios que norteiam a Gestão Democrática são a Descentralização que é a administração, as decisões e as ações elaboradas e executadas de forma não hierarquizada; a Participação onde todos os envolvidos no cotidiano escolar participam da gestão: professores, estudantes, funcionários, pais ou responsáveis e a Transparência, pela qual qualquer decisão e ação tomadas ou implantadas na escola são de conhecimento de todos. E é nesse sentido que vislumbramos a possibilidade de melhorar os processos de ajustes no Ambiente e Estrutura da escola por meio dos encaminhamentos de processos à mantenedora e ação da APMF, a organização para o fluxo da informação e definição e clarificação das regras do cotidiano, bem como de um ritmo para toda a equipe escolar e a implantação e implementação de encontros pedagógicos para a busca de alternativas da melhoria nas relações professor – aluno –conhecimento.
Cabe ressaltar que o PPP, uma vez construído e constituído como a força motriz das ações pedagógicas no Colégio Zardo, se torna, então, referência para toda e qualquer ação. É por meio do PPP que toda a equipe guiará o seu pensar e o seu fazer, tornando-se o elo entre os objetivos de cada profissional e as metas definidas para a Instituição. Somente assim, teremos um PPP forte e vivo, capaz de trazer as transformações que o Colégio necessita e a sociedade como um todo espera.

6. A percepção dos alunos.

Na percepção e análise dos dados levantados com os alunos, também, foi possível estabelecer um perfil do cotidiano, bem como a definição de necessidades para melhorar. A seguir, apresentamos a “fotografia” e a “radiografia” na visão dos alunos. Esse panorama geral é o diagnóstico construído coletivamente a partir das “Árvores de Problemas e de Soluções” nos meses de março, abril, maio e junho de 2009.
No cotidiano do Colégio, o problema de segurança é uma questão percebida pelos alunos de modo bastante preocupante. Em seus discursos demonstram certa angústia ao referir-se a isso. A falta de segurança percebida pelos alunos baseia-se na percepção de que a Patrulha Escolar não faz o policiamento de forma adequada, que na entrada e na saída do colégio há tumulto, empurra-empurra, brigas, desentendimentos, agressões e ameaças entre os alunos, que não há estacionamento para os alunos do noturno e que alunos mexem nas bicicletas estacionadas no pátio do colégio.
Assim, consideremos que a existência de condições de segurança na escola é fundamental para o sucesso educativo de todos os alunos, em especial daqueles que se encontram em meios particularmente desfavorecidos, em situação de risco de exclusão social e escolar. Para prevenir e combater a insegurança e a violência na escola e no meio envolvente, é fundamental consolidar o Programa Patrulha Escolar Comunitária. Este visa garantir a segurança, prevenindo e reduzindo a violência no meio escolar e envolvente, ao mesmo tempo que se constitui como dinamizador de iniciativas promotoras dos valores de cidadania e de civismo. A segurança deve ser uma preocupação comum a todos os membros da comunidade educativa – pessoal docente e não docente, alunos, pais, pedagogos, direção e comunidade local. Além de um bom conhecimento e informação neste âmbito, importa criar uma cultura de segurança, nomeadamente interiorizando procedimentos e comportamentos e adotando as necessárias medidas de prevenção. É recomendável que a temática da segurança esteja integrada no Projeto Político-Pedagógico da escola, tendo em vista uma melhor sensibilização de todos e contribuir para desenvolver um comportamento coletivo de segurança. Em meados de 2009, articulando APMF e Direção, foram instaladas 16 câmeras de segurança, garantindo, dessa forma, um proteção a mais aos alunos, professores e funcionários.
Na relação do aluno com a escola, com os professores, com outros alunos e com o conhecimento, os alunos destacam questões muito pertinentes e sérias. Descrevem com exatidão os problemas oriundos da falta de consciência e educação dos alunos, da indisciplina cotidiana, das aulas perdidas por causa do tumulto, do desinteresse, do desrespeito, da imaturidade, da desmotivação, da desorganização e do barulho geral que acontece nos corredores , em suas salas e na sala de aula vizinha. Aparecem claramente, em seus discursos, os problemas sobre o uso e o tráfico de drogas (dentro e nos portões da escola), da discriminação, do vandalismo, das pichações, dos estragos nas paredes, nas carteiras, nos banheiros e no material escolar em geral e roubos de materiais escolares, dinheiro, roupas, telefones celulares, MP4 entre outros. Com isso, cria-se um quadro de comportamento bastante complicado, o que incapacita alunos ao aprendizado, ao estudo e gerar desmotivação, desinteresse, indisciplina e falta de estímulo.
A escola forma o indivíduo para conviver, de maneira harmoniosa e ética, num grande grupo que é a sociedade. Mas, então, qual o papel do aluno na condição harmônica do processo ensino-aprendizagem? O aluno tem que assumir seu papel no aprender. Por isso, faz necessário a definição de ações que permitem melhorar o comprometimento do aluno. Acreditamos que a escola tem que agir de modo coerente para a formação do cidadão. Não podemos falhar! Nestes tempos de inversão de papéis a escola tem que ser competente. Estabelecer uma relação de responsabilidade e confiança com o exercício da vontade entre as partes interessadas no processo educativo é garantia de transformação e sucesso educacional. A grande oportunidade da escola é ser agente transformadora da ética e da moral, com um grande desafio em tornar esta formação consciente e autônoma , proporcionando ao aluno a elaboração do seu próprio projeto de vida. O trabalho de ética na escola é decisivo para toda a transformação através da implantação de um código de ética. O mau comportamento é com frequência, consequência de condições desfavoráveis do mesmo ambiente escolar que está atuando sobre os alunos: locais e mobiliários inadequados, falta de unidade e critério dos professores e equipe da escola etc., e sobre eles devem centrar-se inicialmente a atenção antes de tomar medidas mais drásticas e também atuar com a família e com o próprio aluno. Soluções para os chamados problemas de "indisciplina" deverão estar baseados numa análise exaustiva da situação, na reflexão, no diálogo e em técnicas que capacitem os alunos para o autocontrole e a responsabilidade por sua conduta.
Talvez tenha sido a problemática relacionado ao espaço físico que mais incomoda os alunos, haja vista a quantidade de elementos que ilustram seus argumentos a respeito disso. Nesse sentido, aparece como principal vetor dos problemas estruturais a insuficiência de verbas governamentais para melhorias estruturais, bem como a burocracia para obtê-las. Nesse sentido, entre causa e efeito, os principais problemas apontados foram: Estrutura inadequado para os dias chuvosos (visto que há alagamentos no pátio por falta de escoamento); Biblioteca, Laboratório de Informática e de Ciências que não são utilizados pelos professores; salas de aula com mobiliário velho e sem condições adequadas de uso; paredes, vidros, cortinas e portas destruídas; banheiros sem papel higiênico, sabonete, pichados, com torneiras estragadas e espelhos velhos; pintura das paredes em geral deterioradas; quadra de esportes danificada; não há luz de emergência; não há acessibilidade para deficientes físicos e visuais; há falta de outros cursos técnicos para atender a demanda de alunos que necessitam de profissionalização e nos cursos existentes, há falta de mais estágios. Diante desse quadro, a estrutura física acaba sendo um dos elementos que prejudica o processo de ensino-aprendizagem no cotidiano da escola.
De acordo com Marta Regina Heinzelmann, “O ensino ofertado deve ser de qualidade. Imaginar que um estudante que vive em situação de miséria pode aceitar qualquer tipo de lugar para estudar é forçar uma exclusão social deste estudante. A vivência na escola também faz parte o aprendizado. Por mais bem preparados que estejam os professores, o espaço físico interfere diretamente no processo de ensino-aprendizagem. Afinal, o movimento da humanidade está voltado para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, e escola adequada significa qualidade de vida.” O espaço escolar já não pode mais ser construído sem critérios ou com critérios pobres e antipedagógicos. Muitas vezes, espaços físicos escolares inadequados, que se encontram em precário estado de conservação, colocam em risco a segurança e a integridade física dos estudantes e dos professores. É preciso oferecer uma organização racional do espaço escolar que permita condições mínimas de desenvolvimento das atividades de ensino-aprendizagem; É preciso oferecer o mínimo, como carteiras, quadro de giz, instalações sanitárias, elétricas e hidráulicas, ventilação e iluminação adequadas, espaço para reuniões de professores, espaço para atividades didáticas, área de recreação, espaço para esportes, biblioteca e laboratórios de Informática e de ciências, sala para atendimento individual, quadra ou ginásio desportivo; É importante que o espaço escolar seja adequado aos alunos portadores de necessidades especiais, incluindo rampas, corrimões e banheiros específicos; É preciso que esteja adequado também aos níveis e modalidades que a escola oferece, bem como aos cursos técnicos. Pequenas alterações na forma de organização do uso do espaço escolar podem provocar bons impactos. É preciso encontrar um equilíbrio entre o possível, o viável e o ideal. A escola tem que exercer um controle patrimonial dos seus equipamentos, do material permanente, bem como de todos os bens disponíveis, tendo em vista o seu caráter público. É preciso atribuir a cada canto da escola um caráter educativo, contribuindo para tornar o espaço físico cada vez mais humano e humanizador, mais atrativo, mais lúdico, mais vivo e mais pedagógico.
Na relação direta com o professor, os alunos apontam como principais problemas as aulas vagas em função da falta do professor (que não compareceu à aula por motivo de doença, problemas particulares ou cursos) e da falta de professor (disciplinas cujo professor deixou as aulas, por licença médica, licença especial ou abandonou as mesmas, entre outros). Nesse sentido, são apontados alguns elementos importantes no que se refere ao ensino: falta de rigidez e autoridade do professor para conduzir a turma, professor que não coordena e nem domina a turma, professor que não sabe dar aula e que estão desmotivados com seu trabalho por causa do desinteresse dos alunos. Também comprometem o ensino as datas de provas muito próximas na semana de avaliações (acumulando material para ser estudado), a falta da circulação adequada da informação sobre as regras e decisões tomadas e os horários que são mudados constantemente.

7. Considerações finais

A escola ensina formal e informalmente, elabora discursos e práticas que frequentemente se contradizem, é espaço, ao mesmo tempo, de angústia e gratificação. Compreendê-la em suas múltiplas expressões e determinações, em sua localização histórico-social, como um entrecruzar de diferentes valores e normas, de idéias e sentimentos que potencializam (ou não) uma série de demandas e vetores de nossa sociedade, muitos deles contraditórios, é o primeiro passo. Em outras palavras, é preciso entender a escola como um lugar onde se realiza a vida humana, em todas as suas contradições. O desenvolvimento do Homem faz-se a partir das interações sociais. É nas nossas relações com o outro que nos desenvolvemos (objetos, meio ambiente, mas especialmente outras pessoas: pais, irmãos, professores). Isto traz importantes consequências para a escola. Se a criança é capaz de aprender sozinha com sua própria experiência, ela aprende mais e melhor com os outros. Na escola isto quer dizer: com seu professor e com seus colegas. O conhecimento sobre a aprendizagem - suas condições, seu papel no desenvolvimento - ajuda o professor a ensinar melhor. Saber sobre a vida escolar do aluno, conhecer suas competências, suas referências socioculturais e paixões torna-se imprescindível para que o professor tenha sucesso na tarefa de levar o aluno aprender.
Desse modo, retratamos, do ponto de vista dos professores e dos alunos, o Diagnóstico geral daquilo que, de imediato, interfere nos processos de ensino e de aprendizagem na rotina do Colégio Zardo. Diante disso tudo, optamos por descrever cada um dos processos que existem no Colégio e que constitui aquilo que chamamos de rotina e cotidiano do colégio.



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