quarta-feira, 12 de maio de 2010

Frase



"O que me preocupa não é o grito dos violentos,
nem dos corruptos, nem dos desonestos,
nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética.
O que mais preocupa é o silêncio dos bons"

(Martin Luther King)

A Forma Escolar da Tortura




Eu fui vítima dele. Por causa dele odiei a escola. Nas minhas caminhadas passadas eu o via diariamente. Naquela adolescente gorda de rosto inexpressivo que caminhava olhando para o chão. E naquela outra, magricela, sem seios, desengonçada, que ia sozinha para a escola. Havia grupos de meninos e meninas que iam alegremente, tagarelando, se exibindo, pelo mesmo caminho... Mas eles não convidavam nem a gorda e nem a magricela. Dediquei-me a escrever sobre os sofrimentos a que as crianças e adolescentes são submetidos em virtude dos absurdos das práticas escolares. Mas nunca pensei sobre os sofrimentos que colegas infligem a colegas seus.
Talvez eu preferisse ficar na ilusão de que todas as crianças e todos os adolescentes são vítimas.
Não são. Crianças e adolescentes podem ser cruéis.
“Bullying” é o nome dele. Fica o nome inglês porque não se encontrou palavra em nossa língua que seja capaz de dizer o que “bullying” diz. “Bully” é o valentão: um menino que, em virtude de sua força e de sua alma deformada pelo sadismo tem prazer em intimidar e bater nos mais fracos.
Vez por outra as crianças e adolescentes brigam em virtude de desentendimentos. São brigas que têm uma razão. Acidentes. Acontecem e pronto. Não é possível fazer uma sociologia dessas brigas.
Depois da briga os briguentos podem fazer as pazes e se tornarem amigos de novo. Isso nada têm a ver com o “bullying”. No “bullying” um indivíduo, o valentão, ou um grupo de indivíduos, escolhe a sua vítima que vai ser o seu “saco de pancadas”. A razão? Nenhuma. Sadismo. Eles “não vão com a cara” da vítima. É preciso que a vítima seja fraca, que não saiba se defender. Se ela fosse forte e soubesse se defender a brincadeira não teria graça. A vítima é uma peteca: cada um bate e ela vai de um lado para outro sem reagir. Do “bulling” pode-se fazer uma sociologia porque envolve muitas pessoas e tem continuidade no tempo. A cada novo dia, ao se preparar para a escola, a vítima sabe o que a aguarda. Até agora tenho usado o artigo masculino – mas o “bullying” não é monopólio dos meninos. As meninas usam outros tipos de força que não a força dos punhos.
E o terrível é que a vítima sabe que não há jeito de fugir. Ela não conta aos pais, por vergonha e medo. Não conta aos professores porque sabe que isso só poderá tornar a violência dos colegas mais violenta ainda. Ela está condenada à solidão. E ao medo acrescenta-se o ódio. A vítima sonha com vingança. Deseja que seus algozes morram. Vez por outra ela toma providências para ver seu sonho realizado. As armas podem torná-la forte.
Freqüentemente, entretanto, o “bullying” não se manifesta por meio de agressão física mas por meio de agressão verbal e atitudes. Isolamento, caçoada, apelidos.
Aprendemos dos animais. Um ratinho preso numa gaiola aprende logo. Uma alavanca lhe dá comida. Outra alavanca produz choques. Depois de dois choques o ratinho não mais tocará a alavanca que produz choques. Mas tocará a alavanca da comida sempre que tiver fome. As experiências de dor produzem afastamento. O ratinho continuará a não tocar a alavanca que produz choque ainda que os psicólogos que fazem o experimento tenham desligado o choque e tenham ligado a alavanca à comida. Experiências de dor bloqueiam o desejo de explorar. O fato é que o mundo do ratinho ficou ordenado. Ele sabe o que fazer. Imaginem agora que uns psicólogos sádicos resolvam submeter o ratinho a uma experiência de horror: ele levará choques em lugares e momentos imprevistos ainda que não toque nada. O ratinho está perdido. Ele não tem formas de organizar o seu mundo. Não há nada que ele possa fazer. Os seus desejos, eu imagino, seriam dois.
Primeiro: destruir a gaiola, se pudesse, e fugir. Isso não sendo possível, ele optaria pelo suicídio.
Edimar era um jovem tímido de 18 anos que vivia na cidade de Taiúva, no estado de São Paulo.
Seus colegas fizeram-no motivo de chacota porque ele era muito gordo. Puseram-lhe os apelidos de “gordo”, “mongolóide”, “elefante-cor-de-rosa” e “vinagrão”, por tomar vinagre de maçã todos os dias, no seu esforço para emagrecer. No dia 27 de janeiro de 2003 ele entrou na escola armado e atirou contra seis alunos, uma professora e o zelador, matando-se a seguir.
Luis Antônio, garoto de 11 anos. Mudando-se de Natal para Recife por causa do seu sotaque passou a ser objeto da violência de colegas. Batiam-lhe, empurravam-no, davam-lhe murros e chutes. Na manhã do dia fatídico, antes do início das aulas, apanhou de alguns meninos que o ameaçaram com a “hora da saída”. Por volta das dez e meia, saiu correndo da escola e nunca mais foi visto. Um corpo com características semelhantes ao dele, em estado de putrefação, foi conduzido ao IML para perícia.
Achei que seria próprio falar sobre o “bullying” na seqüência do meu artigo sobre o tato que se iniciou com esta afirmação: O tato é o sentido que marca, no corpo, a divisa entre Eros e Tânatos. É através do tato que o amor se realiza. É no lugar do tato que a tortura acontece. “Bullying” é a forma escolar da tortura.

(Rubem Alves)

Sugestões para complementação de estudo:




TEXTOS OU ARTIGOS:

Inferno na Escola –
http://veja.abril.com.br/130601/p_142.html

A Brincadeira que não tem Graça –
http://www.aprendebrasil.com.br/reportagens/bullying/default.asp

Bullying na Escola e na Vida -
http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/bullyingnaescola.htm


Brincadeiras sem limite -
http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2004/espaco49nov/0comportamento.htm

A prática de violência entre pares: o bullying nas escolas -
http://www.rieoei.org/rie37a04.pdf

Bullying: um crime nas escolas -
http://www.cmpa.tche.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=1485


ORKUT:

Bullying: as marcas ficam -
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=1818305


FILMES OU VÍDEOS:

Juventude urbana: bullying -
http://br.youtube.com/watch?v=mGbmqdGeokM

Tiros em Columbine. (documentário) Direção de Michael Moore.

Elefante. Direção de Gus Van Sant.

Bang! Bang! Você morreu. Direção de Guy Ferland.

As conseqüências do fenômeno Bullying



CONSEQUÊNCIAS PARAS VÍTIMAS

Aprendizagem
- déficit de concentração
- desenvolvimento ou agravamento das Síndromes de aprendizagem
- queda do rendimento escolar
- absenteísmo
- desinteresse pela escola
- reprovação
- evasão escolar

Emocionais
- queda da auto-estima
- baixa resistência imunológica;
- sintomatologia psicossomática diversificada;
- estresse pós-traumático, fobia escolar e social;
- transtornos mentais;
- depressão;
- pensamentos de vingança e de suicídio;
- agressividade, impulsividade, hiperatividade;
- uso de substâncias químicas.

CONSEQUÊNCIAS PARA OS AGRESSORES
- distanciamento dos objetivos escolares;
- dificuldade de adaptação às regras escolares e sociais;
- supervalorização da conduta violenta, como forma de obtenção de poder;
- consolidação de condutas autoritárias e abusivas;
- desenvolvimento de futuras condutas delituosas;
- manifestação de condutas agressivas e violentas na vida adulta, como o assédio moral e a violência doméstica.

CONSEQUÊNCIAS PARA OS ESPECTADORES
- ansiedade, insegurança, aflição, tensão, irritabilidade;
- medo de se tornar a “próxima vítima”;
- prejuízos no processo de aprendizagem e socialização;
- desenvolvimento de atitudes de conivência, intolerância, desrespeito, individualismo e dificuldade de empatia.



Como proporcionar um ambiente saudável na escola




Esclarecer o que é Bullying;

Avisar que a prática não é tolerada;
Conversar com os alunos e escutar atentamente as reclamações e sugestões;
Estimular os estudantes a informar os casos;
Reconhecer e valorizar as atitudes da garotada no combate ao problema;
Identificar possíveis agressores e vitimas;
Acompanhar o desenvolvimento de cada um;
Criar com os estudantes regras de disciplina para a classe em coerência com o regime
escolar;
Estimular lideranças positivas entre os alunos, prevenindo futuros casos;
Interferir indiretamente nos grupos o quanto antes, para quebrar a dinâmica de Bullying;
Prestar a atenção nos mais tímidos e calados. Geralmente as vitimas se retraem.

Vítima e agressor



Características da vítima
Durante o recreio está sempre isolado e separado do grupo, ou procura ficar próximo de
Na sala de aula tem dificuldade em falar diante dos demais, mostrando-se inseguro ou
Nos jogos em equipe é o último a ser escolhido.
Apresenta-se comumente com aspecto contrariado, triste, deprimido ou aflito.
Apresenta desleixo gradual nas tarefas escolares.
Apresenta ocasionalmente contusões, feridas, cortes, arranhões ou a roupa rasgada.
Falta às aulas com certa freqüência.
Perde seu material ou objetos, constantemente.

Características do agressor
Faz brincadeiras ou gozações, além de rir de modo desdenhoso ou hostil.
Coloca apelidos ou chama pelo nome ou sobrenome, de forma malsoante; insulta,
menospreza, ridiculariza e difama.
Faz ameaças, dá ordens, domina e subjuga. Incomoda, intimida, empurra, picha, dá socos,
pontapés, belicões, puxa os cabelos, envolve-se sempre em discussões e desentendimentos.
Pega sem consentimento dos colegas, seu material escolar, dinheiro, lanches e outros
As principais formas de maus-tratos:
Físico (bater, chutar, beliscar).
Verbal (apelidar, xingar, zoar).
Moral (difamar, caluniar, discriminar).
Sexual (abusar, assediar, insinuar).
Psicológico (intimidar, ameaçar, perseguir).
Material (furtar, roubar, destroçar pertences).
Virtual (zoar, discriminar, difamar, por meio da internet e celular).

Mitos que sustentam a continuidade do fenômeno



O bullying é implicância de criança e não as afeta.
O bullying termina quando os alunos saem do ensino fundamental.
A criança que conta que alguém está praticando bullying com ele/a é delator/a.
A criança que sofre bullying deve retaliar (Lei da Selva).
A culpa é da vítima, que é fraca, impopular, sensível demais.
Passar pelo bullying torna a criança mais forte e preparada para a vida.
Crianças devem enfrentar o bullying como adultos, resolvendo o problema do bullying por si próprias.
O bullying é um ritual de passagem normal entre crianças e adolescentes, é uma situação inevitável.
Na nossa escola não há bullying.
O bullying não é importante. Temos problemas mais prioritários nessa escola.
Se aparecer casos de bullying vamos pensar no problema.
O problema é dos pais.
O problema é das crianças.

Bullying escolar no Brasil: intolerância com as diferenças interfere na saúde e na qualidade de vida



Uma ocorrência das mais comuns, nas salas de aula, está ligada aos apelidos. Nada passa despercebido: orelhas em abano, obesidade,estrabismo, cabeça grande, pernas tortas, gagueira, nariz proeminente e até mesmo deficiências físicas

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Bullying é palavra inglesa, quer dizer “usar o poder ou a força para intimidar, excluir, implicar, humilhar, não dar atenção, fazer pouco caso e perseguir os outros”. O que diferencia uma antiga "zoada" do atual bullying é a intenção daquele que provoca um colega: magoar repetidamente e por muito tempo outrem. No bullying sempre existe uma clara diferença entre o mais forte e o mais fraco, que tem dificuldade de quebrar a relação desigual de poder.

O tema é tão atual e preocupante que a violência no ambiente escolar foi alvo de uma pesquisa inédita no Brasil, feita pela organização não-governamental Plan, que envolveu mais de 5 mil estudantes. Por meio de entrevistas e formação de grupos focais com alunos, professores, pais, responsáveis e gestores escolares, em 25 escolas públicas e particulares, nas cinco regiões do país, a pesquisa Bullying no ambiente escolar concluiu que a maior incidência de maus tratos nas relações entre estudantes está na faixa etária de 11 a 15 anos, especialmente na sexta série do ensino fundamental.

Outro dado relevante é que o bullying é mais comum nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, mas independe do sexo, raça ou classe social. Também foi identificado que os meninos se envolvem com maior frequência nas situações de bullying que as meninas, contudo, estas se sentem mais tristes, chateadas e amedrontadas que eles.

Uma ocorrência das mais comuns, nas salas de aula, está ligada aos apelidos. Nada passa despercebido: orelhas em abano, obesidade, estrabismo, cabeça grande, pernas tortas, gagueira, nariz proeminente e até deficiências físicas. Os nomes e sobrenomes também não são poupados e servem de objeto de críticas e rimas. A situação piora quando os gracejos, críticas e chacotas se fazem acompanhar de ameaças. Caso o agredido verbalmente conte ao professor ou aos pais poderá sofrer represálias de toda sorte, até mesmo agressões físicas.

Crianças e adolescentes que passam por tal tipo de constrangimento sofrem muito e, quase sempre, os pais ficam sem entender a causa da aversão repentina que os filhos tomam pela escola, com pedidos constantes para que possam faltar às aulas. Existem relatos comoventes, feitos por especialistas no tema, de jovens que não tiveram forças suficientes para resolver o problema, e, muito menos, coragem para buscar ajuda, quer seja dos pais, dos professores ou da direção da escola.

Orelhas em abano

“Crianças com orelhas em abano são alvo de piadas e chacotas na escola e não passam despercebidas pelos colegas em lugar nenhum. Viver a infância sendo chamado de ‘Dumbo’, ‘açucareiro’, ‘morcego’, ‘fusca de portas abertas’ e de muitos outros apelidos pejorativos pode fazer muito mal para a auto-estima desses pequenos. Pais e educadores precisam estar sempre atentos, para que os ofendidos sejam poupados do constrangimento ininterrupto, que prejudica o desempenho escolar, compromete a auto-estima e o relacionamento, em casa e na escola, destas crianças”, defende o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.

A orelha em abano é um distúrbio caracterizado pelo aumento do ângulo entre o órgão e o crânio. A medida padrão de espaçamento das orelhas varia entre 30 e 45 graus, ou seja, um espaço de até dois centímetros de abertura visto de trás. No entanto, pode ocorrer o apagamento da dobra mais externa - chamada de anti-hélice - o que produz uma abertura maior da parte superior. "Cerca de 5% das pessoas apresentam a anomalia, que ocorre mais freqüentemente em meninas. Trata-se de uma malformação hereditária, em geral, com vários casos na mesma família e todos parecidos", diz Penteado.

O problema, detectado já no nascimento, incomoda primeiro os pais. Alguns, inclusive, acabam submetendo o filho à “tortura” de ficar, dia e noite, com uma touca ou esparadrapos colados à cabeça. Segundo os especialistas, isto não resolve nada, já que a orelha possui estrutura elástica. Mesmo depois de muito tempo dobrada em um sentido, ao ser solta, ela volta à posição natural.

A cirurgia para correção de deformidades do órgão costuma ser realizada entre os 7 e 14 anos. Apesar da possibilidade do órgão crescer até os 10 anos de vida, a criança já pode fazer a operação antes dessa idade. "É recomendado que seja a partir dos sete anos. Em casos extremos, se a deformidade for muito grave, pode se antecipar um pouco e fazer a otoplastia quando a criança estiver com cinco ou seis anos", diz Ruben Penteado, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Para o médico, os pais nem sempre devem tomar a decisão de realizar a otoplastia tão cedo, porque, às vezes, o tamanho da orelha parece grande, porém, conforme a criança vai crescendo o rosto se torna mais simétrico e a imperfeição desaparece. "Além disso, é fundamental que a criança demonstre insatisfação com a própria aparência. As orelhas proeminentes não costumam causar qualquer transtorno às crianças até os cinco ou seis anos. A partir dessa idade, as críticas começam a ferir. Os comentários dos coleguinhas, por exemplo, passam a ter um peso maior e as brincadeiras de mau gosto com relação às orelhas se tornam mais cruéis, chegando a comprometer o bem-estar da criança. Eles podem apresentar distúrbios emocionais e comportamentais: desde ansiedade, depressão, déficit de atenção até queixas somáticas”, explica Ruben Penteado.

A otoplastia é realizada para aproximar a orelha da cabeça, corrigindo a forma e o desenho do órgão. “Na técnica mais utilizada hoje, o procedimento cirúrgico é feito através de um corte interno na pele atrás da orelha. A pele é descolada da cartilagem e fixada na nova posição com pontos internos", explica Ruben Penteado.

Obesidade

As pesquisas realizadas em todo o mundo nos dão conta de que estamos diante de um dos maiores problemas de saúde pública já enfrentados: a obesidade na infância e na adolescência. O problema já ultrapassou grupos populacionais anteriormente definidos, saiu das cidades e alcançou o campo, deixou os bairros socialmente privilegiados e invadiu as favelas, deixou para trás o Ocidente e se alastrou pelo Oriente.

“As consequências da obesidade infantil incluem um risco aumentado para a maioria das doenças crônicas, sendo mais frequentes: asma, esteatose hepática ou fígado gorduroso, síndrome da apnéia do sono e diabetes. A longo prazo, estão a maior incidência de doenças cardiovasculares, vários tipos de cânceres, doenças músculo-esqueléticas e doenças da vesícula biliar”, afirma a endocrinologista Ellen Simone Paiva, diretora do Citen, Centro Integrado de Terapia Nutricional.

Apesar de muitas vezes não ser perceptível, a obesidade infantil afeta a auto-estima e a sociabilidade da população infanto-juvenil. A endocrinologista destaca algumas variáveis psicossociais que podem afetar negativamente a qualidade de vida das crianças obesas, podendo inclusive dificultar mudanças em seus estilos de vida, como fazer dietas ou praticar atividades físicas.

As dificuldades impostas pela obesidade podem coexistir, na vida de muitas delas, embora crianças e adolescentes obesos se sintam relutantes em discutir o assunto com pais, professores ou profissionais de saúde envolvidos em seus tratamentos. Conheça estes problemas:

(1) Dificuldade de enfrentarem gozações e brincadeiras de seus colegas relacionadas ao seu peso corporal, o que causa estresse psicológico intenso, piora da auto-estima e piora da sua auto-avaliação da imagem corporal;

(2) Isolamento social, redução considerável da capacidade de fazer amigos e de aproveitar as oportunidades de praticar atividade física em grupos, com o consequente aumento do consumo de alimentos;

(3) Depressão, que pode ocorrer como causa ou consequência da obesidade na infância e adolescência.

“Quando se associa obesidade infantil com o bullying, o intuito do agressor é satirizar determinadas características da outra pessoa. Um exemplo comum é apelidar o companheiro com palavras que fazem alusão ao excesso de peso. As escolas têm obrigação de desenvolver um trabalho preventivo com os alunos, mostrando-lhes, não uma vez, mas constantemente, que deve haver respeito entre os alunos”, alerta Ellen Paiva.

Pesquisas têm documentado alterações comportamentais até então desconhecidas como influenciadas pela obesidade. “Há indícios de que a obesidade na população infanto-juvenil está relacionada também ao comprometimento da performance escolar, à maior vulnerabilidade para os transtornos alimentares do tipo bulimia e aos comportamentos de risco como tabagismo, alcoolismo, atividade sexual prematura e práticas nutricionais erradas”, destaca a endocrinologista.

Estrabismo

“Além de lutar contra o incômodo de uma visão deficiente ou dupla, os estrábicos - cerca de 4% da população mundial - ainda precisam superar o preconceito”, diz o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

O estrabismo é a perda do posicionamento normal dos olhos, conhecida popularmente como 'vesguice', que faz com que apenas um olho ou ambos sejam desviados para dentro (esotropia), para fora (exotropia), para cima ou para baixo (hipertropia). “O desvio pode se apresentar de três formas: constante (permanentemente observado), intermitente (quando os olhos estão a maior parte do tempo alinhados e o desvio se dá eventualmente, em momentos de cansaço ou em locais muito iluminados) e latente (o distúrbio só é mesmo perceptível após a realização de testes específicos). Em todos os casos, são comuns o relato de pacientes que sofrem com o emprego de termos ofensivos como ‘vesguinho’, ‘cegueta’, ‘quatro olho’, ‘zaroio’...”, conta o oftalmologista.

Para combater o preconceito e o bullying, Centurion lembra que é preciso esclarecer os mitos sobre a doença, como aquele que diz que uma pessoa é capaz de ficar estrábica, se entortar o olho de propósito ou se for surpreendida por uma rajada de vento. “O problema, na maioria dos casos, é hereditário e se manifesta na infância, em decorrência de um desequilíbrio nos músculos que movimentam os olhos. Pode ser provocado por parto prematuro, doenças congênitas, elevado grau de hipermetropia, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, dentre outros fatores genéticos. Quando o estrabismo é adquirido na fase adulta, as causas mais comuns para essa alteração ocular são traumatismos cranianos, acidente vascular cerebral (derrame), infecções cerebrais (como meningite), diabetes e disfunções da tireóide”, informa o diretor do IMO.

O tratamento em crianças requer cuidados especiais. “O principal deles é a ajuda dos pais. O processo para alinhar os olhos pode ser demorado e as crianças precisam de apoio nesta fase. Para facilitar o processo, os adultos podem, por exemplo, deixar a criança participar da escolha da armação dos óculos - que deve ser leve, de tamanho adequado e com lentes anti-risco e resistentes”, explica Virgilio Centurion.

Para a garotada que necessita de tampão (no caso de 'olho preguiçoso'), os pais devem explicar a importância desse tratamento e decidir por oclusores de borracha ou descartáveis feitos de esparadrapo antialérgico que não irritam a pele e incomodam menos. “A família também tem que compreender uma possível queda no nível do rendimento escolar por conta da deficiência visual e pedir a colaboração dos professores para que, dentre outros cuidados, a criança possa sentar-se próxima à lousa. Também é muito útil redobrar a atenção com as brincadeiras. Algumas crianças não podem manusear objetos pontiagudos ou praticar esportes perigosos”, alerta o oftalmologista.

Os pais precisam ficar atentos a qualquer alteração de humor dos filhos e às queixas, veladas ou explícitas, que eles façam da escola, durante o tratamento. “Em caso de problemas, os pais devem buscar ajuda por meio do serviço de orientação educacional e psicológica da instituição de ensino porque todas as crianças e adolescentes têm direito a ambientes escolares onde existam alegria, amizade, solidariedade e respeito às características individuais de cada um deles”, defende Virgilio Centurion.

CONTATO:
http://www.medintegrada.com.br/
http://www.imo.com.br/
www.citen.com.br

Violência entre as crianças




Bullying: o que é e como identificar
Vítima, agressor e aquele que observa. Quando se fala em bullying, todo mundo está envolvido de alguma maneira. E é mais comum do que se imagina

Como é o convívio da sua família em casa? Há muito que se sabe o quanto o comportamento dos filhos é um reflexo da maneira como os pais se relacionam com eles no dia-a-dia. Um estudo apresentado no encontro anual da American Sociological Association, nos Estados Unidos, que aconteceu neste mês, mostrou que aquela criança que se mostra valente, que persegue colegas e humilha os mais fracos - o chamado bully (agressor) - reproduz com os outros o comportamento dos pais. Esses atos são a violência, física ou psíquica - o bullying.

Roubar o lanche na escola, brincar de "corredor polonês", colocar apelidos cruéis, fazer gozações e ameaças são alguns dos comportamentos do bully. "Todo mundo tem uma história de bullying para contar", diz o pediatra Aramis Lopes, coordenador da Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia). Se não no papel de vítima ou de agressor, ao menos como espectador.

O agressor é popular, lidera o grupo. Muitas vezes, são os atletas da escola, admirados e copiados. Os agressores podem vir a bater na mulher ou nos filhos, ou a perseguir colegas de trabalho - o que também é bullying, porque o fenômeno não ocorre só na escola. Pode acontecer no clube, na rua, ou mesmo dentro da família, entre irmãos. Se seu filho é um agressor, mostre que o ama, mas que desaprova seu comportamento.

As vítimas do bullying são normalmente tímidas, fracas e frágeis. São incapazes de se defender, de reagir. Geralmente são discriminadas por ter alguma diferença, como ser negras, deficientes físicas, altas, baixinhas ou gordinhas, ou mesmo ter sotaques diferentes, tirar boas notas e ir mal nos esportes. Algumas se tornam vítimas-agressoras: agredindo outras crianças, descontam e transferem os maus-tratos sofridos. Outras são as chamadas vítimas provocadoras, que provocam o agressor mas não conseguem se defender quando ele vem tirar satisfação.

Por outro lado, algumas crianças não fazem nada quando percebem que o colega está sendo perseguido porque têm medo de tomar partido e se tornar vítimas também. E podem acabar se aliando à violência.

Quando perceber o bullying


Aos 3 anos já dá para identificar reações de bullying. Tapas e mordidas freqüentes, sempre na mesma vítima, são algumas características. À medida que as crianças crescem, o abuso se torna mais psicológico. Nas meninas, o mais comum é fazer fofocas, ficar "de mal", excluir.



Nem tudo é bullying: como identificar

Naquele dia em que seu filho voltou com um arranhão para casa, depois de brigar com um coleguinha, ele tinha sofrido bullying? Calma. Não é bem assim. Existe uma maneira de brincar, entre as crianças, que é mais agressiva mesmo.

Os meninos que brincam de luta podem se arranhar. Às vezes, até chorar de dor ou susto. E isso é normal. O que vai assegurar que é uma brincadeira é a diversão das crianças. Nesses casos, não interfira: brincar de brigar é um exercício e ensina as crianças a resolver conflitos e a ter limites.

O bullying é diferente das brigas com causa, como a disputa por um brinquedo. Resolvido o conflito, as crianças voltam a brincar juntas. Para ser bullying, a agressão tem de ser intencional e repetitiva, ou seja: dia após dia, a criança passa por situações que causam dor ou sofrimento.

Observe ainda a idade das crianças: se existe diferença maior que dois anos é preciso intervir. Isso porque as brincadeiras devem ocorrer entre iguais: se há desequilíbrio de poder, é bullying. E, finalmente: se os sentimentos da vítima são de angústia, medo, terror e tristeza, é bullying. A criança que não se importa com apelidos e consegue se defender não sofre bullying.

Por algumas das agressões não serem físicas, os pais e a escola tendem a negligenciar, dizendo que é coisa da idade.

O que fazer

Se os pais descobrem que o filho é vítima de bullying, devem procurar imediatamente a escola para que se interrompa o procedimento. Importante é sempre demonstrar para a criança que ela é amada, e que a culpa não é dela. "É preciso fazer tudo para melhorar a auto-estima da vítima", diz Cleo. Afinal, além da queda do desempenho escolar, da depressão e da insegurança, as seqüelas podem durar toda a vida e causar transtornos psíquicos graves, que podem resultar em suicídio ou no desejo de vingança.

Se a escola não tomar providências, os pais devem recorrer ao Conselho Tutelar, para exigir que o colégio cumpra a obrigação de proteger a criança. O melhor é que a escola trabalhe com a prevenção. Afinal, quanto mais cedo se intervir, mais chances os envolvidos terão de se recuperar. O ideal é tratar, no dia-a-dia, valores como fraternidade, compaixão, respeito. Desde pequenos, os pais devem ensinar isso em casa. Se o seu filho é o agressor, mostre que o ama, e que desaprova seu comportamento.

Existe bullying quando...
- As agressões, físicas ou psíquicas, são repetitivas e intencionais, contra a mesma criança, por muito tempo;
- Não existem motivos concretos para as agressões;
- Há desequilíbrio de poder: o agressor é mais forte ou mais poderoso que a vítima;
- O sentimento que causa nas vítimas é de medo, angústia, opressão, humilhação ou terror;
- A diferença de idade entre as crianças é maior que dois anos. Mesmo que o menor seja mais forte.

E não existe quando...
- As agressões são casuais ou pontuais. As crianças logo estão brincando juntas de novo;
- As brigas são causadas por motivos como a disputa de um brinquedo;
-l A brincadeira, mesmo que mais agressiva, é entre iguais;
- Os papéis se alternam: a criança que hoje é a vítima na brincadeira, na semana seguinte pode ser o agressor;
- O sentimento na brincadeira é de alegria. A criança gosta dos apelidos e se diverte nas brincadeiras.

Bullying não envolve apenas a criança que agride ou é agredida. Quem apenas observa também está de alguma maneira fazendo parte da situação. E não há aquele que não esteve em um dos três lados alguma vez na vida. Tudo nasce a partir de um preconceito e, segundo pesquisa recente, ninguém está livre de senti-lo.

O estudo realizado pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA) com estudantes do ensino fundamental e médio, pais, professores, diretores e profissionais de educação revelou que 99% deles tinha algum tipo de preconceito.
A pesquisa, com 18.599 entrevistados de 501 escolas públicas do país, foi realizada a pedido do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)e mostrou que a discriminação é maior quando se trata de negros (19%).

O bullying nada mais é que resultado de preconceito e discriminação. E se esse comportamento aparece tão forte num grupo que não inclui apenas crianças, fica evidente que tudo começa fora do ambiente escolar. “Preconceito e discriminação são um traço cultural do que a criança tem em casa e, quando vai para a escola, leva isso com ela”, diz José Afonso Mazzon, professor da FEA e responsável pela pesquisa.

E como transformar esse tipo de comportamento? Para Mazzon, mudar valores pode levar gerações para acontecer. Por isso, é tão importante que os pais atentem à maneira como eles mesmos lidam com o outro. É o velho exemplo de que não adianta ter um discurso contra o preconceito para a criança e tratar mal a empregada ou o porteiro da escola. Ouvir o que a criança tem a dizer e acompanhar o dia a dia dela na escola é o primeiro passo para evitar que ela se envolva de alguma forma com o bullying. “É fundamental a criança conviver com a diversidade. Nas escolas, por exemplo, seria importante que os grupos de trabalhos não fossem fixos, e que existissem ações que unissem a escola e a família com o problema”, diz Mazzon.

Isso não quer dizer que você deva criar situações para que o seu filho esteja com uma criança do outro sexo, raça, religião. Sabe aquele dia que seu filho chegou da escola contando da risada que ele e os amigos deram do colega gordinho que caiu na aula de educação física? É exatamente nesse momento que você deve intervir para que essa atitude não se repita mais.



Bullying no Brasil



No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com 5.168 alunos de 25 escolas públicas e particulares revelou que as humilhões típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. Entre todos os entrevistados, pelo menos 17% estão envolvidos com o problema -seja intimidando alguém, sendo intimidados ou os dois. A forma mais comum é a cibernética, a partir do envio de e-mails ofensivos e difamação em sites de relacionamento como o Orkut[11].

Dado que a cobertura da mídia tem exposto o quão disseminada é a práctica do bullying, os júris estão agora mais inclinados do que nunca a simpatizar com as vítimas. Em anos recentes, muitas vítimas têm movido ações judiciais diretamente contra os agressores por "imposição intencional de sofrimento emocional", e incluindo suas escolas como acusadas, sob o princípio da responsabilidade conjunta. Vítimas norte-americanas e suas famílias têm outros recursos legais, tais como processar uma escola ou professor por falta de supervisão adequada, violação dos direitos civis, discriminação racial ou de gênero ou assédio moral.

O bullying nas escolas (ou em outras instituições superiores de ensino) pode também assumir, por exemplo, a forma de avaliações abaixo da média, não retorno das tarefas escolares, segregação de estudantes competentes por professores incompetentes ou não-atuantes, para proteger a reputação de uma instituição de ensino. Isto é feito para que seus programas e códigos internos de conduta nunca sejam questionados, e que os pais (que geralmente pagam as taxas), sejam levados a acreditar que seus filhos são incapazes de lidar com o curso. Tipicamente, estas atitudes servem para criar a política não-escrita de "se você é estúpido, não merece ter respostas; se você não é bom, nós não te queremos aqui". Freqüentemente, tais instituições (geralmente em países asiáticos) operam um programa de franquia com instituições estrangeiras (quase sempre ocidentais), com uma cláusula de que os parceiros estrangeiros não opinam quanto a avaliação local ou códigos de conduta do pessoal no local contratante. Isto serve para criar uma classe de tolos educados, pessoas com títulos acadêmicos que não aprenderam a adaptar-se a situações e a criar soluções fazendo as perguntas certas e resolvendo problemas.

Tipos de bullying




Os bullies usam principalmente uma combinação de intimidação e humilhação para atormentar os outros. Abaixo, alguns exemplos das técnicas de bullying:

Insultar a vítima; acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada.
Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade.
Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas, etc, danificando-os
Espalhar rumores negativos sobre a vítima.
Depreciar a vítima sem qualquer motivo.
Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando a vítima para seguir as ordens.
Colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully.
Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência.
Isolamento social da vítima.
Usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em sites de relacionamento, de publicação de fotos etc).
Chantagem.
Expressões ameaçadoras.
Grafitagem depreciativa.
Usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com freqüência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita").

Características dos bullies



Pesquisas indicam que adolescentes agressores têm personalidades autoritárias, combinadas com uma forte necessidade de controlar ou dominar. Também tem sido sugerido que um deficiente em habilidades sociais e um ponto de vista preconceituoso sobre subordinados podem ser fatores de risco em particular. Estudos adicionais têm mostrado que enquanto inveja e ressentimento podem ser motivos para a prática do bullying, ao contrário da crença popular, há pouca evidência que sugira que os bullies sofram de qualquer déficit de auto-estima. Outros pesquisadores também identificaram a rapidez em se enraivecer e usar a força, em acréscimo a comportamentos agressivos, o ato de encarar as ações de outros como hostis, a preocupação com a auto-imagem e o empenho em ações obsessivas ou rígidas. É freqüentemente sugerido que os comportamentos agressivos têm sua origem na infância:

"Se o comportamento agressivo não é desafiado na infância, há o risco de que ele se torne habitual. Realmente, há evidência documental que indica que a prática do bullying durante a infância põe a criança em risco de comportamento criminoso e violência doméstica na idade adulta."
O bullying não envolve necessariamente criminalidade ou violência. Por exemplo, o bullying frequentemente funciona através de abuso psicológico ou verbal.

Caracterização do bullying




No uso coloquial entre falantes de língua inglesa, bullying é frequentemente usado para descrever uma forma de assédio interpretado por alguém que está, de alguma forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco. O cientista sueco - que trabalhou por muito tempo em Bergen (Noruega) - Dan Olweus define bullying em três termos essenciais:

o comportamento é agressivo e negativo;
o comportamento é executado repetidamente;
o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
O bullying divide-se em duas categorias:

bullying direto;
bullying indireto, também conhecido como agressão social
O bullying direto é a forma mais comum entre os agressores (bullies) masculinos. A agressão social ou bullying indireto é a forma mais comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido através de uma vasta variedade de técnicas, que incluem:

espalhar comentários;
recusa em se socializar com a vítima
intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima
criticar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades etc).
O bullying pode ocorrer em situações envolvendo a escola ou faculdade/universidade, o local de trabalho, os vizinhos e até mesmo países. Qualquer que seja a situação, a estrutura de poder é tipicamente evidente entre o agressor (bully) e a vítima. Para aqueles fora do relacionamento, parece que o poder do agressor depende somente da percepção da vítima, que parece estar a mais intimidada para oferecer alguma resistência. Todavia, a vítima geralmente tem motivos para temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual, ou perda dos meios de subsistência.

Os atos de bullying configuram atos ilícitos, não porque não estão autorizados pelo nosso ordenamento jurídico mas por desrespeitarem princípios constitucionais (ex: dignidade da pessoa humana) e o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. A responsabilidade pela prática de atos de bullying pode se enquadrar também no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram nesse contexto.


Definição de Bullying




Bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully - «tiranete» ou «valentão») ou grupo de indivíduos com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz(es) de se defender. Também existem as vítimas/agressoras, ou autores/alvos, que em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma.

Bullying - Violência nas escolas



Ausência de Valores Gera Violência Nas Escolas
Em todos os ambientes onde pessoas se encontram sejam eles: trabalho, família, igreja, tribos, estabelecimentos comerciais, hospitais e demais lugares, acontecem relações interpessoais. Nas instituições escolares elas também se evidenciam e originam, muitas vezes, certos dissabores entre seus agentes. Acontece que nestas relações há sempre um mais forte - ou que pelo menos demostra ser assim - e nessa ânsia pelo poder, o suposto mais forte, busca sua ou suas vítimas, através das quais seu domínio será exercido. Uma vez escolhida a vítima, o agressor irá maltratá-la, visando ridicularizá-la perante os demais colegas. Algumas pessoas acham por bem assistir a tudo como se nada estivesse ocorrendo - são os chamados espectadores. Neste contexto se estabelece o Bullying, que tem como protagonistas a vítima, o agressor, o espectador e seu círculo vicioso.
A vítima é sempre humilhada, "perde" seus pertences constantemente, falta às aulas sem motivo, apresenta baixo rendimento escolar, demonstra insegurança ao se manifestar em público, apresenta manchas e arranhões pelo corpo - nem sempre as consegue justificar - prefere se manter afastado dos demais colegas.
O agressor é temido pelos demais, manipula seus espectadores - que o auxiliam em suas práticas- anda sempre em grupos, não suporta ser contrariado, apresenta atitudes agressivas por qualquer motivo, seu tom de voz é grosseiro, aparece com pertences, lanches de suas vítimas - alegando ter sido presenteado por elas.
O espectador assiste a tudo na maioria das vezes sem se manifestar, em alguns casos participa como cúmplice das agressões temendo contrariar o agressor, que por sua vez se voltará contra ele.
As formas de Bullying mais comuns em ambientes escolares são: agressões físicas e verbais; ameaças; brigas; chantagens; apelidos; trotes; roubo; racismo; xenofobias - aversão a tudo aquilo que vem de outras culturas e nacionalidades - intimidações; piadinhas; assédios; xingamentos; alienações; abusos; discriminações
e várias outras formas de se ridicularizar uma pessoa.
Na maioria das vezes a vítima aceita todo o seu sofrimento sem dizer nada a ninguém, porém se transforma em uma pessoa triste, constantemente deprimida e sem perspectivas de lutar pelos seus direitos - nesse caso, ela poderá até optar pelo suicídio.
Talvez guarde essa mágoa durante anos e de repente, em um momento de explosão, invada sua escola atire nos colegas e em quem atravessar seu caminho, passando da condição de vítima para agressor - todavia sempre que a vítima opta por matar, ela pratica o suicídio em seguida.
Pode ser também que a vítima não consiga reproduzir seus maus tratos ao seu agressor, mas o fará assim que encontrar uma pessoa mais fraca do que ela, estabelecendo assim o tão temido círculo vicioso do Bullying.
É importante ressaltar que o Bullying, não é praticado apenas por alunos e entre alunos. Conforme foi dito anteriormente, ele se traduz em todas as relações desiguais de poder em que um dos agentes sejam ridicularizados ou sofram qualquer tipo de agressão. Portanto, no ambiente escolar, pode acontecer também entre alunos e professores - inclusive alguns alunos, além de agredir fisica e verbalmente seus professores na escola - criam perfis em sites de relacionamentos visando ridicularizá -los ainda mais. Em contra partida alguns professores utilizam o recurso avaliação para punir e alienar seus alunos; abusam de seus conhecimentos e "poder" para humilhá-los.
A partir do momento em que o Bullying começa a ser praticado - independentemente de quem sejam seus protagonistas - ele gera situações de violência que podem se estender por toda a sociedade. É necessário que todos os envolvidos no processo educacional estejam atentos a este vilão que permeia a educação do século XXI e elaborem planos de ação em que valores como o respeito, amor, companheirismo e cidadania sejam constantemente abordados. Consequentemente os ambientes escolares que investirem nesses valores tão esquecidos em tempos atuais, estarão contribuindo para que a prática do Bullying venha a se extinguir de nossas escolas.


Is it bullying if force hasn't been used?


Bullying can take many forms. It can be:

  • physical - hitting, shoving, stealing or damaging property
  • verbal - name calling, mocking, or making sexist, racist, or homophobic comments
  • social - excluding others from a group or spreading gossip or rumours about them
  • electronic (commonly known as cyberbullying) - spreading rumours and hurtful comments through the use of e-mail, cellphones, and text messaging

My child is being bullied. What should I do?

  • Listen to your child and assure him that he is not to blame.
  • Be clear on the facts. Make notes about what happened and when it happened.
  • Help your child see that there is a difference between "ratting" or "telling on" and reporting. It takes courage to report. Reporting is done not to cause trouble for another student, but to protect all students.
  • Make an appointment to talk to your child's teacher, another teacher that your child trusts, or the principal or vice-principal of the school.
  • Difficult as it may be, try to remain calm so that you can support your child and plan a course of action.
  • Stay on course. Keep an eye on your child's behaviour. If your meetings with school staff haven't made the bullying stop, go back and talk to the principal. Make a written follow-up plan outlining the steps for ending the bullying that were agreed to at the meeting.
  • Speak to the instructor or coach if the bullying is taking place during after-school activities or sports events.
  • Contact police if the bullying involves criminal behaviour, such as sexual assault or use of a weapon, or if the threat to your child's safety is in the community rather than the school.

Bullying nas escolas

Professoras Kátia Alessandra F. Rojas e Leonice Gossler



Bullying é uma discriminação, feita por alguns cidadãos contra uma única pessoa. Mas não é uma coisa simples, que se pode vencer de um dia para o outro. Bullying é um mal que se carrega durante um período da vida muitíssimo grande. Quando alguém diz que seu cabelo está estranho, você provavelmente vai correndo para o espelho mais próximo para se arrumar. Agora imagina duas, três, dez pessoas, todo o dia, falando mal do seu cabelo, de coisas que você não tem culpa por ter ou muitas vezes por não ter. Sim, isso seria completamente insuportável, quer dizer, sua alto estima fica lá embaixo, e os malvados causadores do bullying seriam os heróis. O que você faria? Se mataria? Sim, existem crianças que se suicidam, mas não com a ideia de que a vida delas é uma droga, e, sim, de que eu vou morrer porque sou feia e tudo que eles dizem é verdade.


Apelidos como "rolha de poço", "baleia", "quatro olhos", "vara pau" entre outros e atitudes como chutes, empurrões e puxões de cabelo. Alunos "esforçados" que geralmente sofrem represálias por parte de seus colegas em geral não por características físicas mas também intelectuais são comportamentos típicos de alunos em sala de aula. Brincadeiras próprias da idade? Não. São atos agressivos, intencionais e repetitivos, que ocorrem sem motivação evidente e que caracterizam o chamado fenômeno bullying.

Sem equivalente na língua portuguesa, bullying é um termo inglês utilizado para designar a prática desses atos agressivos. As conseqüências são o isolamento, a queda do rendimento escolar, baixa auto-estima, depressão e pensamentos negativos de vingança.

Estudos mundiais revelam que, de 5% a 35% dos alunos estão envolvidos nesse tipo de comportamento. No Brasil, alguns estudos demonstraram que esses índices chegam a 49%.

O encontro abordará o fenômeno nos seus diversos aspectos: escolar, familiar, social, cultural, ético-legal e saúde. O foco principal do evento será o debate, com o objetivo de despertar os profissionais para que se envolvam e se comprometam com a problemática. "A proposta não se limita apenas a discutir medidas pontuais, mas elaborar ações estratégicas que auxiliem a parceria escola-família a romper com a dinâmica bullying", explicou Cléo Fante, membro da comissão organizadora, pesquisadora e autora do livro Fenômeno Bullying, da Editora Verus.

Com os avanços da tecnologia, esse constrangimento saiu das escolas onde era um lugar comum dessa prática e partiu para internet e ganhou força. A nova prática recebeu o nome de “Cyberbullying” e se infiltrou em correios eletrônicos, blogs, Orkut, Msn, etc. O agressor nesse caso, muitas vezes escondido atrás de um apelido, dissemina sua raiva e felicidade enviando mensagens ofensivas a outras pessoas. Em muitos casos, ele exibe fotos comprometedoras, altera o perfil das vítimas e incita terceiros a reforçar o ataque. O único propósito é a humilhação da vítima e isolamento daquele que é considerado mais fraco ou diferente.

“Quem agride, quer que o seu alvo se sinta infeliz como na verdade ele é. É provável que o agressor também tenha sido humilhado um dia, descarregando no mais frágil a sua própria frustração e impotência”(Maluh Duprat).

Não é interessante responder às provocações, pois isso aumentaria a raiva do agressor e é exatamente isso que ele quer. “Outra coisa importante é não manter segredo da ofensa, intimidando-se. Pode ser um bom momento de lidar com os próprios complexos, de superar com a ajuda da família ou dos superiores no trabalho uma situação de confronto maior que seus recursos internos”.

Bulling não é nada bom, e se você conhece alguém que sofre com isso, ajude-o. Pois você se beneficiará com uma nova amizade ou quem sabe salvando uma vida.





quarta-feira, 5 de maio de 2010

CONFERÊNCIA NACIONAL DA EDUCAÇÃO (CONAE): A experiência do debate na escola

Alexandro Muhlstedt
INTRODUÇÃO

Tendo em vista a realização da Conferência Nacional da Educação (CONAE) alunos, professores e equipe diretiva e pedagógica do Colégio Estadual Professor Francisco Zardo, em resposta às solicitações da mantenedora - Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED) – e por interesse na vivência política e democrática da cidadania, desenvolveram atividades de análise, reflexão e elaboração de sugestões em todas as turmas dos turnos da manhã, tarde e noite.

1. A atividade na escola

As discussões na escola sobre a CONAE iniciaram no mês de março de 2010 após o envio das orientações da SEED, sendo que num primeiro momento houve atividade de motivação aos professores pela Equipe Pedagógica para que estes se empenhassem em buscar informações sobre o assunto. Em 13 de março um grupo de professores participou de evento organizado pela APP Sindicato na qual expuseram sobre o assunto, bem como distribuíram material informativo sobre a CONAE.
A Equipe Pedagógica buscou informações no site do Ministério da Educação (MEC), sintetizando e imprimindo tais informações a fim de situar e trazer à tona elementos da Conferência. Após isso, elaborou um texto no qual foram sintetizadas as principais ideias e princípios da Conferência. Tal texto foi distribuído a todos os professores, bem como foram feitas cópias para serem utilizadas com os alunos no dia 19 de março. Este dia, aliás, foi a data definida como o grande momento de articulação pedagógica em toda a escola, por todos os professores e alunos.

2. A organização na escola

Neste dia, a atividade aconteceu da seguinte forma:
  • Na primeira aula, todos os professores, de todas as turmas, dos 3 turnos, trabalharam o assunto com os alunos, utilizando o texto-síntese e desenvolvendo a atividade em grupo. Nesse trabalho em grupo, os alunos vivenciaram um processo de Conferência: escrita de propostas (no caso, deveriam escrever “Como podemos melhorar a educação no Brasil”), escolha da proposta que melhor englobe as ideias dos alunos.
  • Depois de selecionada a proposta da turma, um aluno foi eleito para ser relator da proposta, na Conferência que foi programada para a 4ª aula.
  • Na 3ª aula, os professores discutiram com os alunos ideias e propostas para melhorar o Colégio Zardo, visto que dia 19 de março é dia da Escola.
  • Na 4ª aula foi realizada a Conferência, onde os alunos apresentaram o resultado das discussões em sala de aula. Foi muito interessante observar o quanto os alunos levaram a sério este momento. Muitas propostas e muitas sugestões viáveis e possíveis de serem concretizadas.
  • Com os professores, a discussão girou em torno das melhorias que são urgentes e necessárias na educação brasileira.

3. Algumas sugestões dos alunos

Dentre as muitas sugestões elaboradas pelos alunos em suas turmas, selecionamos algumas para compor o Projeto Político Pedagógico. Evidentemente a prioridade foram aquelas que diziam respeito ao conjunto de necessidades da escola.
Organizamos em 03 grandes grupos de sugestões, tendo em vista a variedade de temas que os alunos discutiram e escreveram.

3.1. Sugestões Pedagógicas

  • Fazer uso do laboratório de Química;
  • Um microcomputador para cada aluno, assim acabaria com desculpas de alunos não trazerem livros por causa do peso, todos os computadores teriam o conteúdo dos livros os alunos aprenderiam a matéria e também a digitação, computação e muito mais;
  • Os professores deveriam dar aula com datashow, assim facilitaria os alunos na hora de copiar o conteúdo;
  • Deveria ter um site de ensino para cada professor com o conteúdo trocado por bimestre, assim os alunos tirariam suas dúvidas consultando o sistema do Estado;
  • Precisa haver mais diálogo dentro da escola, por mais que a escola esteja em constante crescimento essa questão está a dever muito dentro da instituição, uma boa opção, textos em sala para a conscientização, atitudes impensadas, falta de informação, palestras seriam também uma boa sugestão, o que falta hoje é informação;
  • Palestras educativas apenas necessárias e aulas mais dinâmicas onde o aluno passa se inteirar com a turma e não apenas teoria;
  • Ampliar a área de conhecimento no ensino visando assim um maior interesse aos alunos complementando as matérias e se fixando apenas no ensino básico;
  • Projetos culturais relacionados a cultura do nosso país, que poucos conhecem;
  • Criar um calendário de passeios em museus, parques, exposições para que o desempenho escolar melhorar, com isso aprimorando o ensino;
  • Debates para estimular os alunos a usar o raciocínio e tirar suas próprias conclusões, sendo a escola deveria ser mais atrativa, com aulas mais dinâmicas, de campo, em laboratório, mais aulas práticas para fixar o conhecimento;
  • Menor distância entre professor e aluno, melhor relacionamento entre professor e aluno e se for o caso intervenção da equipe pedagógica, a qual resolverá o problema;
  • Cooperação dos alunos com a escola, professores e funcionários em geral;
  • Promover contra turnos com prática de esportes e reforços escolares que desenvolvam o interesse dos alunos;
  • Formar professores qualificados para que tenhamos mais aulas interativas no horário de aula e pós turno, professores mais capacitados, maior integração aluno-professor onde os dois saibam de seus interesses.

3.2. Sugestões Estruturais

  • Arrumar o ginásio de esportes para melhor desempenho dos alunos, melhorar a alimentação com alimentos mais saudáveis, colocar armários nas escolas, melhorar a qualidade dos bebedouros, o padrão dos uniformes e o ambiente das salas de aula;
  • Colocar caixas de som por todo o colégio e implantação de câmeras de segurança;
  • Mais recursos para pesquisa, além da biblioteca, melhor condições para cadeirantes, melhoramentos nas salas de aula, interação dos alunos na política da escola;
  • Diminuir o número de alunos em salas, colocar cursos profissionalizantes de manhã e à tarde;
  • Diversos tipos de música no intervalo, reforma nos banheiros, sala de informática, mais funcionários para melhor limpeza do ambiente, áreas cobertas para passagem em dia chuvoso;
  • Mais segurança na entrada e saída do colégio;
  • Fazer uma rádio com o acesso a alunos para que seja dirigido a eles comunicados, deveres e premiações, criar uma videoteca com DVD's de temas de educação para uma melhor desenvoltura escolar;
  • Curso de informática intensivo, para quem não tem condições de pagar um curso e hoje isso é primordial;
  • O aluno hoje não tem condições de pagar uma faculdade ou até mesmo um curso intensivo, torneios entre escolas, com seleções de alunos, estágios preparatórios, cursinhos pré-vestibular, que não precisassem serem pagos;
  • Salas especiais: biologia e química (laboratório); investimento na biblioteca: livros atualizados e livros de vestibular e na merenda, alimentação que seja regular e mais correta.

3.3. Sugestões para as Políticas e Organização da Educação

  • Ônibus escolar para os alunos, patrulha escolar nas entradas;
  • Implantação de um sistema educacional melhor colocando todas as escolas públicas;
  • Área de informática para os alunos estagiarem, implantação de cursinho para prestar vestibular;
  • Estrutura para deficientes físicos;
  • Melhorando o salário dos professores e cursos para qualificá-los;
  • Abertura das escolas no fim de semana com cursos profissionalizantes e maior integração com a comunidade;
  • Melhorar a infraestrutura das escolas públicas com laboratório, professores e especialistas mais qualificados;
  • Na parte esportiva também com quadras de esportes, com mais eventos esportivos a nível municipal, estadual e nacional;
  • Mais escolas profissionalizantes, esporte e lazer para adolescente, ajuste na passagem para estudantes ou ônibus escolar gratuito;
  • Mais investimentos em laboratórios de química, biologia, informática, cursos técnicos de qualidade e gratuitos.
4. A CONFERÊNCIA

A Conferência Nacional da Educação (CONAE) a ser realizada em 2010, precedida por conferências municipais e estaduais, em 2009, será um acontecimento ímpar na história das políticas públicas do setor educacional no Brasil. Sociedade civil, agentes públicos, entidades de classe, estudantes, profissionais da educação e pais/mães (ou responsáveis) de estudantes se reunirão em torno da discussão pela melhoria da qualidade da educação brasileira, a partir do tema central: Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação: O Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação.
A CONAE deverá, portanto, constituir-se em espaço social de discussão da educação brasileira, articulando os diferentes agentes institucionais, da sociedade civil e dos governos, em prol da construção de um projeto nacional de educação e de uma Política de Estado. Assim, é fundamental garantir ampla mobilização e participação democrática nas conferências municipais e estaduais, assegurando mais representatividade e participação na Conferência Nacional.
Historicamente, no Brasil, inúmeros movimentos sociopolíticos contribuíram para a construção de uma concepção ampla de educação, que incorporasse a articulação entre os níveis e modalidades de educação com os processos educativos ocorridos fora do ambiente escolar, nos diversos momentos e dinâmicas da prática social.
Destaca-se, portanto, a importância de que a CONAE seja precedida de conferências estaduais, municipais e inter-municipais, com ampla mobilização e participação da sociedade. Essa dinâmica político-pedagógica será valioso contributo à discussão dos programas e ações governamentais, a fim de consolidar a educação como direito social, a democratização da gestão, o acesso e a garantia da permanência bem sucedida de crianças, adolescentes, jovens e adultos nas instituições de ensino brasileiras e o respeito e a valorização à diversidade. E, sobretudo, por ensejar, enfim, a construção de uma Política de Estado, na área de educação, para o Brasil.
Nesse sentido, é fundamental pensar políticas de Estado para a educação nacional, em que, de maneira articulada, níveis (educação básica e superior), etapas e modalidades, em sintonia com os marcos legais e ordenamentos jurídicos (Constituição Federal de 1988, PNE/2001, LDB/1996, dentre outros), expressem a efetivação do direito social à educação, com qualidade para todos. Tal perspectiva implica, ainda, a garantia de interfaces das políticas educacionais com outras políticas sociais. Há de se considerar o momento histórico do Brasil, que avança na promoção do desenvolvimento com inclusão social e inserção soberana do País no cenário global.
Alguns pontos são imprescindíveis para assegurar, com qualidade, a função social da educação e da instituição educativa, dentre eles: a educação inclusiva; a diversidade cultural; a gestão democrática e o desenvolvimento social; a organização de um Sistema Nacional de Educação, que promova, de forma articulada, em todo o País, o regime de colaboração; o financiamento e acompanhamento e o controle social da educação; a formação e valorização dos trabalhadores da educação. Todos esses aspectos remetem à avaliação das ações educacionais e, sobretudo, à avaliação do Plano Nacional de Educação, suas metas e diretrizes, visando a ajustá-lo às novas necessidades da sociedade brasileira.
Nessa direção, a discussão sobre concepções, limites e potencialidades das políticas para a educação nacional (para os diversos níveis, etapas e modalidades), bem como a sinalização de perspectivas que garanta educação de qualidade para todos, propiciará os marcos para a construção de um novo plano nacional de educação com ampla participação das sociedades civil e política. O processo poderá possibilitar, ainda, a problematização e aprofundamento da discussão sobre a responsabilidade educacional, envolvendo questões amplas e articuladas como gestão, financiamento, avaliação e formação e valorização profissional, em detrimento de uma concepção meramente fiscalizadora e punitiva sobre os educadores. Ou seja, a discussão poderá contribuir para o delineamento de uma concepção política e pedagógica em que o processo educativo articule-se a ampliação e melhoria do acesso e da permanência com qualidade social para todos, consolidando a gestão democrática como princípio basilar da educação nacional.

5. IMPACTOS E DIFICULDADES

Realizado este momento rico de discussões, reflexões, levantamento de ideias e exercício da cidadania, notamos como impacto ou como resultado mais importantes duas questões:
- A tomada de conhecimento sobre a CONAE pelos pais mediante os alunos.
- A inclusão das propostas, sugestões e ideias apresentadas nas discussões do Projeto Político Pedagógico (PPP). Nesse sentido, vale ressaltar que até o final do mês de junho de 2009 todas as propostas serão analisadas, estudadas e organizadas pelos alunos por meio da Comissão de Alunos do PPP.
Também, como maiores dificuldades, elencamos os seguintes pontos:
- Tempo escasso para a preparação de discussões mais densas e completas pelos professores;
- Escassez de material para preparar atividades;
- Impossibilidade de estudo aprofundado do material norteador (Comissão CONAE);
- Não foi possível discutir politicamente, com os professores, o impacto desse evento para a educação (afinal, não é permitido liberar alunos para essas discussões).
Finalmente, pode-se observar o quanto o envolvimento é bem mais contundente quando as questões que emergem dizem respeito à participação política e cidadã de professores e alunos.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Documento-referência da Conferência Nacional de Educação: Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação: O Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação. Brasília, 2008.
COLÉGIO ZARDO. Projeto Político Pedagógico. Curitiba: 2009.