sábado, 9 de maio de 2015

OS PROFESSORES E ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NOTURNO

RELATO DA OFICINA
OS PROFESSORES E ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NOTURNO  
FORMAÇÃO EM AÇÃO JULHO E NOVEMBRO -

Alexandro Muhlstedt

INTRODUÇÃO / CONTEXTUALIZAÇÃO

Com o objetivo de refletir sobre a questão do Ensino Médio Noturno do Colégio Estadual do Paraná foi realizada, em 28 de julho, das 20 às 22h, a oficina denominada: “Os estudantes do Ensino Médio Noturno”.
Essa atividade fez parte da Semana Pedagógica, evento da Secretaria de Estado da Educação, prevista no Calendário Escolar, da qual participaram todos os professores e funcionários do Colégio. Na Oficina mencionada, coordenada pelos pedagogos Alexandro Muhlstedt e Simone Baranhuk, realizada na Sala 113, foi possível aprofundar aspectos sobre o Ensino Médio noturno, com a participação dos professores que atuam neste turno.
A decisão pelo tema partiu das observações realizadas pelos pedagogos ao longo do 1º Semestre, especialmente no momento do 1º Conselho de Classe e nos Plano de Trabalho Docente, nos quais notaram-se necessidades de refletir melhor sobre os sujeitos que estudam no período noturno.
Os pedagogos, em diálogo com a Chefe da Divisão Educacional, Carla Mendes, organizaram a oficina e definiram algumas estratégias.

1. A atividade proposta

O texto selecionado foi um fragmento das Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio, de 2011, que trata dos estudantes do Ensino Médio Noturno. O texto, elemento desencadeador da reflexão, foi lido e, a partir dele, feito o levantamento de questões pelo próprio grupo participante. A questão sugerida foi: “Em que medida o Ensino Médio de nossa escola aparece no texto das DCNEM?”
Após a reflexão, papeletas foram distribuídas aos professores para que escrevessem “Quais os problemas vivenciados no noturno do CEP?”. As papeletas foram fixadas no painel, na parede, e o grupo foi elencando situações semelhantes e exemplificando-as. Os problemas citados foram:

  • Falta de interesse em estudar / Desatenção
  • Falta de motivação, de identidade / pertencimento do aluno com o Colégio
  • Carência
  • Indisciplina (atrasos após intervalo / solicitações para ida ao banheiro / uso do celular / alunos exageram nas brincadeiras)
  • Alunos com interesses pré definidos
  • Falta de tempo para estudar / trabalhar de dia
  • Alunos fora da faixa etária
  • Turmas numerosas
  • Carga horária reduzida
  • Violência ao redor do colégio
  • Evasão escolar

Todos os problemas apontados são vivenciados cotidianamente pelos professores.
Foi proposto ao grupo um conjunto de reflexões e discussões sobre os problemas apontados, buscando compreendê-los em sua dimensão macro e microssocial.

2. Apontando novas possibilidades

Para encerrar, os participantes do grupo trabalharam em duplas para apontar possíveis soluções. Para isso, sugeriu-se a seguinte questão: “O que fazer para alcançar o inverso dos problemas?”.
Os professores mencionaram o seguinte:

Práticas e metodologias diferenciadas; não permitir o uso de celulares e afins; atuação de profissionais da psicopedagogia.
(Professores Wanda / Biologia e Leonardo / Filosofia)

Condições favoráveis de trabalho como turmas com menor número de alunos, na faixa etária equilibrada; propiciar mais possibilidades de estratégias metodológicas que favoreçam o contato e orientação mais humana aos alunos; EJA mais eficiente para alunos de mais idade.
(Professora Dalnei / Arte)

Currículo diferenciado, aulas / oficina / laboratório integrado com várias disciplinas optativas; metodologia que promova a relação do conteúdo escolar com a história e o munda da vida.
(Professor Carlos Alberto / Arte)

Trabalho de conscientização com alunos indisciplinados ou imaturos para o Ensino Médio Noturno; emprego de novas tecnologias nas aulas – computador, xilofones, teclado, laboratório de Inglês, geografia e demais disciplinas), quadro de giz adequado para aula de Arte; desenvolver atividades avaliativas em sala.
(Professores Eloi / Geografia e Mario Sergio / Inglês)

Proporcionar aos alunos aulas vivenciais; fomentar a procura pelo conhecimento; organização dos conteúdos a cargo do professor e visando uma maior identidade por parte do educador; contar como parte da avaliação cursos e oficinas inerentes a cada matéria.
(Professor Jeronimo / Arte)

3. Apresentando Proposta de Atividade

Diante das questões apresentadas pelos professores percebeu-se a necessidade de continuidade das reflexões, a fim de estabelecer, coletivamente, novas estratégias e novas ações pedagógicas que considerem as peculiaridades do ensino médio noturno no CEP.
Por isso, em 07 de outubro realizou-se o segundo encontro do “Formação em Ação”, no qual propôs-se estudo e reflexão sobre “Os professores e os estudantes do Ensino Médio Noturno”.
Os pedagogos do noturno Alexandro Muhlstedt, Simone Baranhuk e Ana Lucia de Lara organizaram a seguinte sequência de atividades:


  1. Leitura / Socialização do relatório de julho de 2014.
  2. A partir das sugestões apresentadas pelos professores, apontar estratégias possíveis e viáveis para 2015 que considere a realidade do Ensino Médio Noturno do CEP.
  3. Música: Queremos saber, de Gilberto Gil.
  4. Leitura do texto: O Sentido da Formação Humano Integral.
  5. Compartilhamento de percepções / opiniões.



4. Resultado das Discussões

Após a leitura do relatório do encontro de julho, os professores escreveram ações para as possibilidades apontadas:

POSSIBILIDADES
ELABORADAS EM JULHO
AÇÕES SUGERIDAS
ELABORADAS EM NOVEMBRO
Práticas e metodologias diferenciadas;
Não permitir o uso de celulares de afins;
Atuação de profissionais da psicopedagogia.
(Wanda - Biologia e Leonardo - Filosofia).
Propor uma organização diferente da sala de aula similar à organizada em aulas de aprendizado de língua estrangeira, cujas práticas privilegiem a leitura, a escrita, a audição e a oralidade – EM TODAS AS DISCIPLINAS.
Além disso, é necessário contemplar os diversos tipos de aluno, bem como a maneira como estes aprendem, pois o colégio prioriza o aluno auditivo em detrimento das demais formas de aprendizagem.
(Denise – Matemática e Adriano – Língua Portuguesa)
Condições favoráveis de trabalho como turmas com menor número de alunos, na faixa etária equilibrada;
Propiciar mais possibilidades de estratégias metodológicas que favoreçam o contato e orientação mais humana aos alunos;
EJA mais eficiente para alunos de mais idade (Professora Dalnei/Arte)
Turmas com 30 alunos

(Professora Dalnei - Arte, Waldemar – Arte, Carlos de Paula - Arte, Beatriz - Estagiária de Pedagogia)
Currículo diferenciado, aulas oficina/laboratório integrado com várias disciplinas optativas;
Metodologias que promovam a relação do conteúdo escolar com a história e o mundo da vida.
(Carlos Alberto - Arte)
Buscar o currículo valorizando as disciplinas e culminando em todos os anos, por áreas exatas ou propedêutico.
Oficinas valerem-se com currículo, carga horária e aproveitamento.
Interdisciplinariedade dos conteúdos escolares com significados para o meio em que o aluno vive.
(Dalnei - Arte, Waldemar – Arte, Carlos de Paula - Arte, Beatriz - Estagiária de Pedagogia)
Trabalho de conscientização com alunos indisciplinados ou imaturos para o Ensino Médio Noturno;
Emprego de novas tecnologias nas aulas – computador, xilofones, teclado.
Laboratório de inglês, geografia e demais disciplinas.
Quadro de giz adequado para aula de Arte.
Desenvolver atividades avaliativas em sala.
(Eloi – Geografia; Mario Sergio - Inglês)
Trabalho de conscientização: Já está acontecendo com reuniões para a conscientização dos pais e alunos.
Trabalho realizado em relação as faltas e a indisciplina. Acreditamos que este trabalho possa ser ampliado para mais discussões.
Novas tecnologias: Busca dos recursos necessários. Cabe a direção, coordenação pedagógica, professores pensarem no coletivo o acesso as novas tecnologias.
(Elói – Geografia, Geraldo - Arte)
Proporcionar aos alunos aulas vivenciais;
Fomentar a procura pelo conhecimento;
Organização dos conteúdos a cargo do professor e visando uma maior identidade por parte do educador;
Contar como parte da avaliação cursos e oficinas inerentes a cada matéria.
(Professor Jeronimo - Arte)
Visitas a museus, exposições, instituições, universidades, cinema, teatro, etc.
Buscar sempre desenvolver os conteúdos a partir da realidade / cotidiano/vivência do estudante, aproximando tais conhecimentos da sua existência e ao mesmo tempo fornecer condições e assim desenvolver a sua própria criticidade.
No Colégio Estadual do Paraná já se fazem na prática avaliações diferenciadas como por exemplo relatórios de aulas práticas, oficinas de arte, treinamento nos esportes, entre outras.
(Wanda Sofia Kusch – Biologia e Wilson José Vieira - Filosofia)

Foi feita uma reflexão a partir da música: “Queremos saber” de Gilberto Gil, interpretada por Cassia Eller.

Queremos saber,
O que vão fazer
Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
e suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes dos sertões
Queremos saber,
Quando vamos ter
Raio laser mais barato
Queremos, de fato, um relato
Retrato mais sério do mistério da luz
Luz do disco voador
Pra iluminação do homem
Tão carente, sofredor
Tão perdido na distância
Da morada do senhor
Queremos saber,
Queremos viver
Confiantes no futuro
Por isso se faz necessário prever
Qual o itinerário da ilusão
A ilusão do poder
Pois se foi permitido ao homem
Tantas coisas conhecer
É melhor que todos saibam
O que pode acontecer
Queremos saber, queremos saber
Queremos saber, todos queremos sabe

O trabalho em pequeno grupos, as reflexões, a música possibilitaram alguns questionamentos ao grupo, como por exemplo, em que situações o professor “muda”?
O grupo manifestou um conjunto de ideias expressando que as mudanças pelo professor ocorrem: “Quando ele quer”, “Devido as práticas que deram certo”, “Utilizando a própria avaliação como forma de mudança”. Isso levou ao questionamento que mudanças devem acontecer, mas sem esvaziamento pedagógico.
Também perguntou-se: “Por que mudar?”. O grupo respondeu: “Quando tem problemas”, “Quando atingem o professor”.
Apontaram-se questões como as condições objetivas de trabalho do professor, despolitização do mesmo, perdeu-se o caminho dos sentidos e significados da escola, entrar na rotina e não encontrar tempo para estudos o que acaba fazendo com que o professor seja massacrado pela cultura escolar instalada.
No CEP há tentativas para autonomia do professor, ms não alcançadas ainda. Há uma autonomia relativa. Um passo importante é ressignificar as relações e os diálogos.










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