terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A DIVERSIDADE EDUCACIONAL NO COTIDIANO DA ESCOLA: Refletindo sobre Quilombolas e Indígenas



Alexandro Muhlstedt
INTRODUÇÃO

O presente documento é resultado de estudos empreendidos por um grupo de professores do Colégio Estadual professor Francisco Zardo, de Curitiba, por meio de Grupo de Estudos semi presencial, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação (SEED), por meio do Departamento da Diversidade, sobre a temática de Quilombolas e Indígenas.
O grande desafio da escola hoje é contribuir para formação de cidadãos críticos, conscientes e atuantes. Trata-se de uma tarefa complexa que exige dos profissionais que nela atuam um movimento que ultrapasse temas, conteúdos e programas. Nessa realização, torna-se possível perceber o verdadeiro sentido da palavra cidadania. Compreender os aspectos que envolvem a temática da Diversidade é fundamental para efetivar um projeto de real compromisso com aqueles que necessitam da escola para suas vidas.

1. Justificativa:

A temática que envolve a Diversidade é uma questão de lei. Devem ser incluídos nos conteúdos escolares por exigência da lei. No Colégio Zardo se desconhece aluno indígena, mas negros, há vários. No entanto, em se tratando de ser humano, é inegável que diferentes culturas devem ser conhecidas e respeitadas. Há também presença de alunos de origem rural, cujas famílias (por questões econômicas), optaram por seguir a vida urbana.
Como paranaenses, compreendemos que se deve conhecer e articular os temas da diversidade porque todos fazem parte da constituição do nosso povo.
São múltiplos os motivos para se trabalhar com as questões que envolvem indígenas e quilombolas em nossas aulas. Além da obrigatoriedade da Lei é imprescindível conhecer possibilitar aos alunos gostarem de sua história, caso contrário, negamos o direito de conhecerem os povos que contribuíram com ela. Até porque, o desconhecimento acaba reforçando preconceitos e o reforço de ideias, ideologicamente implantadas, para se negar a existência dos negros, por exemplo, na região de Curitiba.
Compreende-se, então, que o motivo maior de se trabalhar com a temática Quilombolas e Indígenas na escola é para conhecer a cultura do outro, valorizá-la, respeitar a diversidade acerca da interculturalidade, do atendimento e entendimento da diferença.

2. Objetivos

- Conhecer questões da Diversidade na escola.
- Manter Fórum permanente de discussão e troca de informações no blog do grupo de estudos.
- Fomentar a temática nas semanas e reuniões pedagógicas.
- Realizar o estudo dos temas (conteúdos) da Diversidade presentes na Proposta Pedagógica Curricular.
- Desenvolver atividades com os alunos que envolvam o conhecimento e o respeito à Diversidade.
- Organizar práticas escolares que levem em consideração a Diversidade existente nas salas de aula.

3. Conteúdos:

Os assuntos, ou conteúdos, estão presentes na Proposta Pedagógica Curricular do Colégio Zardo.
Em 2011 foi realizado um conjunto de atividades com o intuito de definir os conteúdos de cada uma das legislações solicitadas nas diferentes disciplinas do currículo escolar. Dentre elas, foram incluídas as questões de africanidades e indígenas.
Os assuntos ou temáticas fazem parte de muitos conteúdos específicos de algumas disciplinas. E aqui, duas podem ser citadas: História e Sociologia. Cada uma, com sua especificidade, têm como obrigação oferecer esse conhecimento. Inclusive para desmistificar muitas “verdades” implantadas pelos colonizadores e reforçadas pelas mídias e governantes paranaenses. Por exemplo: Formação do povo brasileiro; a visão e imposição do processo de embranquecimento do povo brasileiro; as teorias pseudocientíficas que criaram as ideologias raciais e como isso se mantêm ainda presente na mentalidade da população. A discussão das cotas sociais e raciais em universidades e concursos; as políticas públicas para cada segmento social; os determinismos biológicos e culturais.
Já o ensino de Línguas, especialmente das estrangeiras, não pode deixar de lado a abordagem intercultural, uma vez que se caracteriza pela presença do diferente. Ensinar outras línguas é demonstrar outras culturas, sendo que não há necessidade, nem se deve, se ater apenas a cultura dos locais de origem da língua estrangeira ensinada. O ensino de línguas abre a possibilidade de abordar os mais variados assuntos, sendo a diversidade e a pluralidade de culturas, assunto constante nas aulas de língua estrangeira. No livro didático de língua Inglesa do ensino médio, fornecido esse ano pela primeira vez pelo governo, pode-se contar com unidades temáticas abordando a diversidade, inclusive nas esferas indígenas e de africanidades.
Conforme especificamos na proposta pedagógica do ensino de Língua Estrangeira no Colégio Zardo, o assunto da Lei 11.645/08 sobre História e Cultura Afro Brasileira e Indígena, pode ser trabalhado tentando fazer uma correlação com a história da luta de Martin Luther King nos Estados Unidos (inclusive pode-se utilizar o famoso discurso que é disponível em áudio) com os ícones da luta na História do Brasil no que se refere aos direitos dos negros (Abdias Nascimento, por exemplo). Quanto a cultura indígenas também pode-se fazer correlação da cultura indígena brasileira e dos índios da América do Norte, utilizando a história da colonização brasileira e americana que inclusive é retratada em muitos filmes. Exemplos possíveis para serem trabalhados: retratar o Índio no Brasil – Caramuru e Brava Gente Brasileira; e nos EUA Um Novo Mundo – A New World (a história de amor entre a índia Pocahontas e o capitão inglês John Smith são o pano de fundo para este belo filme sobre a chegada dos colonizadores britânicos na América, ainda inexplorada, em 1607, e o choque cultural que têm com a civilização indígena), tido como o melhor filme já feito sobre o tema).
Assuntos como: reconhecimento e valorização da sociodiversidade, os direitos culturais e as transformações da prática pedagógica, diversidade sociocultural indígena e quilombola que são amparados legalmente.
Vale ressaltar que os conteúdos a serem trabalhador devem incluir os diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.

4. Metodologia e estratégias:

Cabe a cada professor incluir e desenvolver os temas de acordo com a sua dinâmica de trabalho. Sugere-se, por exemplo, a visitação ao Museu Paranaense, conhecendo e explorando a exposição sobre questão negra e indígena. Para isso, basta enviar e-mail ou fazer ligação solicitando visita guiada. Acredita-se que será um momento para visualizar melhor os temas e assim aplicar melhor os conteúdos.
Outra sugestão é termos no blog da pedagogia um espaço para divulgar ações dos temas da diversidade. Assim, pode ser publicado material dos alunos (fotos, textos, vídeos), além de avaliar os conhecimentos dos mesmos por meio de seus comentários.
Algumas ações possíveis: pesquisas de campo onde os alunos analisam a compreensão e os motivos da população pensar de determinada maneira (isso porque devemos dar o suporte teórico das análises históricas, filosóficas e sociológicas); trazer trechos de filmes que possuem diversas interpretações sobre o papel dos indígenas e negros em nossa história brasileira e na medida do possível, na história paranaense.
Durante o ano letivo podem acontecer diversas práticas que possam desenvolver os temas, desde que partam dos fundamentos legais para a atual realidade.
Nas semanas pedagógicas de fevereiro e julho, o grupo desenvolverá apresentação sobre as questões da Diversidade. Nas reuniões pedagógicas On Line, haverá um tema relacionado à Diversidade para estudos pelos professores. Para o cotidiano da escola, prever no Plano de Trabalho Docente os conteúdos da Diversidade. Organizar a presença do tema Diversidade em texto no Projeto Político-Pedagógico.

5. Avaliação

Com a implementação das temáticas e metodologias apontadas aqui, pode-se verificar a comprometimento dos alunos e, a partir das análises e conclusões das discussões, o avanço na compreensão dos processos históricos e ideológicos sobre os indígenas e negros em nossa sociedade.
O professor pode verificar a participação e o envolvimento dos alunos nos estudos dos temas através de pesquisas com pessoas mais velhas, parentes, workshop, enfim, provocando reflexões e propiciando visibilidade a diversidade cultural.
Verificação da participação e envolvimento do estudante nos estudos dos temas por meio de instrumentos de avaliação: relatórios, textos, imagens, produção de material, elaboração de vídeos, cartazes e livros. Pode-se também analisar comentários em blog sobre o assunto.

6. Recursos

Uso das tecnologias da informação (computador com Internet) para realizar os estudos no blog, postagens e comentários.
Datashow para apresentação da proposta aos professores.
Texto impresso com os conteúdos previstos, bem como a versão digital a ser entregue no pen drive.

7. Articulação do grupo

O grupo de professores organizou a criação de um blog na Internet (www.grupodeestudoszardo) no qual foram sendo postados os materiais enviados pelo Núcleo Regional de Educação de Curitiba (NREC), bem como outros textos, vídeos e imagens sugeridos pelo grupo sobre a temática da Diversidade. Tornou-se o espaço, além do correio eletrônico, no qual o grupo manteve a comunicação e a socialização das informações.
Num primeiro momento, foi estudado o texto “O que fazer pedagogicamente com a diversidade na sala de aula”. No blog, cada componente do grupo expressou sua visão a respeito do tema, tentando responder os questionamentos apresentados. Nessa tarefa, foi possível expressar as visões acerca das questões que tratam da Diversidade, sendo que conhecer um pouco mais sobre essa temática motivou compreendê-la melhor no cotidiano da escola.
No Blog, o grupo expressões opiniões sobre alguns aspectos da Diversidade e sua abordagem na escola. A seguir, algumas contribuições socializadas pelos participantes:

Acredito que na escola (sendo um microcosmo da sociedade) há todo o tipo de discriminação. Dentre as citadas, tenho percebido que a homofobia está mais presente nos ambientes de sala de aula. Alguns alunos gays têm vindo falar pra mim, que estão sendo vítimas de outros que muitas vezem fazem piadinhas de mau gosto ou algum comentário ofensivo. Só que nunca presencio o fato, sempre o aluno vem me contar, depois que o fato já passou, e assim fica mais difícil retomar(digamos assim) o assunto e orientá-los no sentido de discutir sobre direitos, deveres e obrigações de cada um (sejam homossexuais ou héteros).
Para contribuir positivamente, o professor também não pode ter nenhum preconceito. E isso é muito difícil porque somos fruto de uma sociedade (ainda) machista, racista, homofóbica, etc. O melhor combate para se livrar de todo tipo de preconceito ainda é a educação e a informação. O desconhecimento e o desconhecido causam muito medo e mal estar. Por isso a tendência é não aceitar o que não se conhece. O preconceito nasce de um conceito pré- concebido, pré- estabelecido. Quem não tem filhos negros, gays ou nunca sofreu discriminação não conhece o assunto efetivamente, só tem uma vaga ideia. Na minha (modesta) opinião, e o que sempre digo em sala de aula é: ponha-se no lugar do outro.
E se fosse com você? E se você sofresse todos os dias com as dificuldades que uma pessoa, vítima de preconceito, discriminação, sofre e precisa superar, você gostaria? Como se sentiria? Como reagiria? A intolerância aos costumes, à cor da pele, às opiniões contrárias são o estopim para que se inicie um processo de discriminação.
Para lidar legalmente com as situações, novamente cito a informação. Quem está bem informado, com conhecimento sobre leis, direitos e deveres terá maiores subsídios para orientar os alunos combatendo a discriminação e convivendo na diversidade. Se bem que deixo bem claro aqui que livrar-se de preconceito não se faz por decreto, mas com educação para o afeto.
Pedagogicamente trabalhamos sim com valores condizentes com trato positivo para a diversidade, ou pelo menos tentamos trabalhar, pois muitas vezes nós mesmos temos dificuldade em aceitar um aluno que nos falte com o respeito ou que tenha mais dificuldade em assimilar o conteúdo, que não aprenda a matéria facilmente da mesma maneira que outros, são muitos alunos em sala de aula pra lidar com tanta diversidade (Ufa!).
Cabe a cada um de nós nos conhecermos melhor a nós mesmos, tentarmos superar nossas dificuldades e preconceitos que estejam lá no fundo, e que às vezes não nos damos conta de que temos, para então não fazer da diversidade um problema, mas uma solução.
Marilise - Artes

Sendo a escola um espaço de intensas e múltiplas relações e interações, inevitavelmente nos deparamos com uma gama de diversidade que nos força a tomar atitudes para cada caso que envolvem preconceito e discriminação. Ocorre que os profissionais necessitam de atitudes que visem à formação de cidadãos com valores, de forma a respeitarem as pessoas e suas diferenças.
A escola assim, acaba assumindo a função de educar desenvolvendo valores que considera mais adequados. É muito comum, em minha rotina como pedagogo e diretor auxiliar, deparar-me com situações que envolvem preconceito, discriminação, e formas delicadas de xingamentos, ameaças por variados motivos. Assim, sempre que analisado cada problema, observa-se a presença da intolerância e desrespeito do diferente.
Concordando com a professora Marilise, observo que, quanto mais o educador conhece da questao de diversidade, melhor é sua atuação para lidar com a heterogeidade em sala de aula.
Um exemplo simples de nossa rotina é a reação quando se tem de realizar um Plano Especial de Estudos. Muitos professores se empenham, se envolvem e querem saber sobre o aluno. Outros, ao contrário, fazem pouco caso e ainda deturpam as razões pelas quais o Plano de Estudos está sendo feito.
Realmente, temos muito a avançar nas questões que se referem ao trato com a Diversidade (por tarte do professor, primeiro), para nos tornarmos uma escola realmente inclusiva (formando alunos aptos a respeitar o diferente). Um dos passos é este que estamos dando: estudar, aprender e trabalhar juntos.
Uma das questões propostas a partir do texto é pensar formas de intervenção na escola para lidar melhor com a Diversidade.Para mim, é necessário duas frentes de atuação:
A primeira é a formação dos profissionais. Afinal, já que somos considerados racionais, atribuímos a nossa personalidade um tom de verdade. E quando vislumbramos o outro como diferente ao nosso comportamento, criamos obstáculos e discriminamos este ser, achando que ele se torna uma ameaça a nossa integridade. Assim, é necessário desconstruir algumas "verdades" ou "crenças" por meio de estudos, debates e leituras.
A segunda, diz respeito a uma "escolarização" dos conhecimentos elaborados sobre a Diversidade. Isso quer dizer que, em posse de uma formação e um conhecimento claro sobre diversidade, estabelecer atividades para o dia a dia da escola a fim de haver mais respeito e tolerância.
É necessário, então, reconhecer a diversidade étnica, racial e cultural da sociedade brasileira e identificar, respeitar, criticar e repudiar todas as formas de relações preconceituosas, discriminatórias e excludentes.
Como atividades é interessante que na sala de aula ocorram discussões, debates e produção de textos a partir da projeção de vídeos; seminários e apresentações de pesquisas e produções em sala de aula; trabalhos com letras de música que retratam questões relativas a preconceito e discriminação; trabalhos utilizando diferentes linguagens visuais, como vídeo, fotografia, iconografia; e confecção de cartazes, desenhos, charges, e histórias em quadrinhos, por exemplo.
Pedagogo Alex

Realmente é importante que nós como educadores estudemos para termos condições de dar a devida atenção ao assunto da diversidade. Infelizmente dentro do cotidiano escolar existem todas as formas de preconceito, seja de cunho racial, sexual, social e até religioso.
Não sei se concordam comigo, mas acho que hoje em dia o preconceito e até o bullying no que se refere a esses preconceitos diminuiu um pouco. Talvez seja pelo fato de eu estar trabalhando praticamente só com turmas de ensino médio, não vejo e não sei (no momento) de situações constrangedoras envolvendo preconceito. Imagino que na idade dos alunos de ensino fundamental, eles tendem a ser mais "cruéis" e têm menos esclarecimento e discernimento sobre o respeito com a diversidade. Alguns anos atrás, por exemplo, os alunos homossexuais, ou até aqueles que estavam passando por crises sem saber definir a sua preferência, ficavam mais isolados e no caso de meninos, acabavam andando só com as meninas por serem discriminados pelos meninos. Hoje eu vejo que esses alunos têm mais amigos, tanto meninos quanto meninas.
Não sei se essa é somente uma impressão equivocada ou se também percebem isso. Porem ainda estamos longe de uma sociedade livre de preconceitos e que respeita as diferenças, portanto temos muito a aprender e aprimorar a nossa prática para que ela seja voltada a uma educação que transmita esses valores aos nossos alunos.
Carmen Cinthia B Sekitani -  Inglês

Imaginar todos os habitantes do planeta iguais não teria graça. Afinal, como lidar com tanta diversidade seja de diferentes culturas e etnias no cotidiano escolar? Este questionamento me faz reportar a uma situação vivida recentemente dentro da sala de aula, quando um aluno discrimina o colega por ser descendente de nordestino e na presença do professor do qual não aproveita a oportunidade para (questionar/refletir/estudar/dialogar) que as diferenças fossem respeitadas.
Com base na leitura do texto e na situação vivenciada, para mim o foco é na formação dos profissionais (começando por mim)provocando muitas leituras para melhor lidar com a diversidade no dia a dia da escola. As pontuações do Alex são muito pertinentes e as sugestões de atividades eu acrescentaria um juri simulado sobre o tema. O bacana é termos profissionais engajados em aprimorar seus conhecimentos e assim contribuir por uma educação de qualidade.
Precisamos promover o direito do cidadão, pois no art. 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, diz que não deve haver, em nenhum momento,discriminação por cor, raça, gênero,idioma, nacionalidade, opinião ou qualquer outro motivo.
Pedagoga Marcia

Na verdade, preconceito existe, não só na escola mas em qualquer lugar. O que acontece é que muitas vezes ele fica mascarado, atrás de uma piada ou algum comentário discriminatório sobre racismo ou homofobia. As vezes, sem perceber, nós mesmos cometemos algum tipo de preconceito. Cabe ao professor tentar coibir este tipo de atitude, levando ao conhecimento da equipe pedagógica ou direção para que possam tomar as devidas providências.
O professor é um espelho para os alunos, o que ele faz pode refletir positiva ou negativamente nas atitudes deles. Por isso qualquer comentário ou piada deve ser bem pensada antes de fazer, pois pode incentivar o preconceito.
Os professores não recebem treinamento ou orientações para lidar com determinadas situações, muitas vezes não sabendo o que fazer ou que atitudes tomar legalmente, sem se prejudicar.
Não há como negar falta de conhecimento sobre as formas de preconceitos existentes em nossa sociedade, vemos todo dia nas mídias casos sobre o assunto, cada dia se discute mais formas de acabar com o racismo, homofobia, etc. As escolas deram um grande passo entrando nessa discussão respeitando as diversidades que há entre os indivíduos.
Trabalhar em cima do assunto é uma forma de superar o problema, através de discussões e palestras para os alunos e professores. Cabe a cada um de nós fazer a nossa parte no sentido de não incentivar as atitudes que possam gerar desconforto para as pessoas.
Marcos Mazetti - Informática

A sociedade vive uma constante evolução, porém nem sempre este crescimento vem de forma justa para todos, como professora vejo que precisamos desenvolver ações práticas para combater todas as formas de preconceito e discriminação que podem gerar violência a todas as pessoas.
Como exemplo, posso citar o período da primavera, onde a diversidade de flores com seus perfumes trazem a alegria de dias ensolarados e belos. Somos como estas flores, cada um com seu estilo, perfume, cores e designer, sem esta diversidade não existiria primavera.
Assim deveríamos ser para com todos, amar o próximo simplesmente pela sua diferença e pelo que podemos receber dele.
Como educadora muitas vezes, sinto despreparada para agir em certas situações, falta-me conhecimentos e argumentos para conduzir de forma pacífica a situação, porém tenho como objetivo buscar ferramentas práticas para a melhor solução.
Vejo a escola de hoje muito mais preparada e renovada para ajudar nossos alunos. Quando a diretoria, coordenação pedagógica, administradores e educador trabalham em equipe tendo como objetivo melhor qualidade em sala, poderemos sim ter uma escola da igualdade e amor ao próximo. Devemos semear conhecimento mas sem o amor não valerá em nada todo nosso esforço.
Amei esta frase, por isto estou colocando em destaque. "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” (Nelson Mandela)
Mariane – Geografia

Após ler o texto em questão e as contribuições aqui postadas, faço minhas considerações.
Muitas formas de racismo, homofobia ou machismo encontradas em nossa escola estão camufladas nas frases e piadas do nosso dia a dia. Quantas vezes recebemos ou fazemos comentários sobre a aparência de alguém, os trejeitos e até mesmo as características de nossos alunos ou de colegas de trabalho. Isso demonstra o quanto está enraizado em nós atitudes preconceituosas e que não damos conta que as temos. Portanto, em alguns momentos nosso tm de voz ou a maneira como fazemos os comentários é de pura maldade e preconceito.
Uma outra questão é que a expressão "raça" está presente em nossas falas e escritos que não percebemos que é mais uma forma de discriminarmos. Diferença de raça entre os humanos não existe pois pertencemos a um mesmo grupo: os seres humanos. A classificação e a diferenciação de raças foram criadas em momento específicos da história humana com o objetivo de separar os grupos e assim poder explorar os que não estavam na mesma "evolução". Assim, quando usamos "diferenças de raças ou étnicas" estamos confundindo os conceitos e perpetuando a concepção de que alguns grupos são melhores do que outros. E essa classificação acaba sendo reforçada pela cor da pele.
O correto seria abolismo a expressão raça, afinal ela aponta a discriminação por si só, no gênero humano. Em relação ao machismo também precisamos estudar sua fundamentação histórica e desmitificarmos que "sempre foi assim". A homofobia é algo que temos a possibilidade de discutirmos nos últimos anos e na escola é mais recente ainda. Tanto o machismo como a homofobia são faces da mesma moeda pois afrontam poderes estabelecidos diante do ser feminino e dos que são homossexuais. Poderes estes reforçados pela questão religiosa cristã católica herdada dos colonizadores.
Nós profissionais da educação não recebemos, ao longo de nossa formação acadêmica, informações sobre racismo, homofobia ou machismo. Entramos em sala de aula com a cara e a coragem e muitas vezes buscamos, sozinhos, dados e informações que nos auxiliem.
Eu mesma fui procurar estudar mais quando um professor de filosofia da UTFPR, fundador do movimento negro em Curitiba, nos deu um texto sobre o Iluminismo que levantava algumas questões sobre as contradições desse movimento importante em termos históricos. Pude perceber que as contradições não são ensinadas ou apresentadas a nós enquanto alunos do ensino médio ou da graduação. Só nos ensinam o lado bom, como se todos os iluministas não tivessem posições políticas opostas. A partir daí fui procurar livros que mostrassem várias vertentes sobre a questão racial a partir da biologia, medicina, filosofia, craniometria, dentre outras explicações.
E como plano de ação, acabei preparando algumas transparências para as aulas de Sociologia no tocante aos conteúdos específicos da disciplina. É muito bom poder oferecer aos nossos alunos essas explicações históricas e pseudocientíficas e ouvi-los nas discussões.
E não é só nas questões raciais, machistas ou homofóbicas mas quando discutimos a formação do povo brasileiro a partir das matrizes africanas, indígenas e europeias.
Um outro caminho é a utilização da literatura brasileira que está tão impregnada de ideologias contrárias à diversidade racial e de gênero.
Espero não estar fugindo das análises propostas para esse fórum.
Salvina - Sociologia

Algumas situações mencionadas não tenho conhecimento de que tenha ou esteja ocorrendo em nossa escola, no entanto muitos colegas fazem comentários e eu também referente a mudança de comportamento quando há, tentando solucionar as questões sempre de forma positiva, não tenho preconceito quanto a raça de ninguém só não aceito atitudes que possam prejudicar o outro ou a mim mesma, procuro sempre que possível conhecer um pouco da historia dos alunos, quem sou eu para ficar julgando o gosto das pessoas, acredito que nenhum professor tem intenção de prejudicar a moralmente ou sentimentalmente qualquer que seja o seu aluno,a não ser que goste de passar por situação semelhante.Algumas situações de diversidade podem trazer dificuldades por ser desconhecida no nosso cotidiano, mas nos adaptamos e temos o apoio de todo corpo docente, procuramos trabalhar e tratar com respeito nossos alunos, existem fontes de pesquisas conforme sugere o texto para várias formas de diversidades como IBGE, FIPE, UNESCO, as secretárias de saúde e da educação entre outras.Sim, pedagogicamente trabalhos na construção coletiva para o desenvolvimento dos saberes, conhecimento de valores e solidariedade em todo âmbito escolar em muitos casos também no familiar.Vamos juntos no decorrer deste trabalho em grupo criar novas formas de superação para os atuais desafios em nossa escola tendo a consciência que o direito de saber é de todos, independente de raça, cor, religião, sexualidade, entre outros, todos somos cidadãos e temos o livre arbítrio de escolhas, mas sempre respeitando o próximo, vivemos em uma democracia. E quanto mais conhecimento tivermos e passarmos para nossos alunos, melhor. Por isso é importante também trabalhar assuntos do cotiano mesmo que não seja a nossa realidade, pois conhecendo as diferenças e que aprenderemos a respeitá-las, independente da disciplina é possível encaixar temas pertinentes a formação do cidadão para uma sociedade justa.
Ana Lucia - Arte

8. Considerações finais

Com o desenvolvimento dessas atividades, o processo de reflexão sobre a temática foi tomando forma. E para completar os estudos que foram sendo realizados, foi publicado no blog dois documentos (Cadernos temáticos) encaminhados pelo NRE: Educação Escolar Quilombola: Pilões, Peneiras e Conhecimento Escolar e Educação Escolar Indígena. O grupo debruçou-se sobre os documentos e novamente publicou no blog as interpretações da temática. Deteve-se em abordar as necessidades e importância de se trabalhar tais temas com os alunos, quais seriam esses temas, quais as ações e quais meios avaliativos.
Assim, o grupo constituiu uma espécie de análise e diagnóstico da situação da escola frente aos conceitos e informações apresentadas nos textos de apoio.
Estudar os aspectos que envolvem a Diversidade, além da compreensão crítica de aceitação, é também fazer jus à legislação brasileira que garante indistintamente a todos o direito à escola, em qualquer nível de ensino.
Há de se considerar que, socializar o conhecimento, deve ser tarefa primordial da escola, mas é também de atuar na transformação dos saberes e é pela soma de esforços que promove o pleno desenvolvimento do indivíduo como cidadão.
O currículo, enquanto instrumento da cidadania democrática, deve contemplar conteúdos e estratégias de aprendizagens que capacitem o ser humano para a realização de atividades nos três domínios da ação humana: a vida em sociedade, a atividade produtiva e a experiência subjetiva.
Para melhorar faz-se necessário desfazer o caráter excludente, ainda presente na escola, e do currículo tradicional, que reproduzem as desigualdades sociais ao trabalhar com padrões culturais distantes das realidades dos alunos.


9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BRANDÃO, C. R. A Educação como cultura. Campinas: Mercado das Letras, 2002.
COLÉGIO ZARDO. Proposta Pedagógica Curricular. Curitiba, 2011.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessário a Prática Educativa: Rio de Janeiro Paz e Terra 1999.
______. Ação Cultural para liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1984.
LOPES, H. T. (org) Negro e Cultura no Brasil. Rio de Janeiro REVAN / UNESCO 1987.

SANTOMÉ, J. T. As culturas negadas e silenciadas no currículo. In: SILVA, T. T. da (org.) Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995.

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