terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A DIVERSIDADE ÉTNICO RACIAL NO CONTEXTO ESCOLAR: Reflexões e ações no Colégio Estadual Professor Francisco Zardo

Alexandro Muhlstedt

Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.

Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.

(Nelson Mandela)


INTRODUÇÃO

O presente documento é resultado dos estudos empreendidos por um grupo de professores do Colégio Estadual Professor Francisco Zardo, por meio do Grupo de Estudos semi presencial, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação e organizado pelo Departamento da Diversidade. Trata-se de estudos sobre a temática Diversidade Étnico Racial.
A diversidade entre os indivíduos é uma condição da natureza humana e está presente na abordagem pedagógica. Isso não significa que lidar com ela seja simples, pois, ainda hoje, está-se aprendendo a conviver com as diferenças. Nem toda diversidade, no entanto, significa desigualdade, e este é o caso da diversidade étnico-racial e cultural. Cada um dos grupos que contribuiu para a formação da sociedade brasileira tem histórias, saberes, culturas e, muitas vezes, línguas diversas. Será que essa diversidade foi historicamente valorizada, tanto pela sociedade quanto pela escola? Será que se soube respeitar e aproveitar essa multiplicidade de contribuições culturais? A resposta a essas perguntas foi, durante muito tempo, negativa.
Várias pesquisas têm revelado a luta da população negra pela superação do racismo ao longo da história do nosso país. Uma trajetória que se inicia com os quilombos, os abortos, os assassinatos de senhores nos tempos da escravidão, tem ativa participação na luta abolicionista e adentra os tempos da república com as organizações políticas, as associações, a imprensa negra, entre outros. Também no período da ditadura militar, várias foram as ações coletivas desencadeadas pelos negros em prol da liberdade e da democracia.

1. Justificativa
Nos últimos anos, vivemos um "boom" de quebra de paradigmas, ideologias, mudanças de comportamentos, que não deixam mais que minorias excluídas fiquem caladas. Segundo a Lei 10639/2003 é obrigatório o ensino de História e Cultura Afro- Brasileira e Africana na Educação Básica. Essa obrigatoriedade busca assegurar o direito à igualdade de condições de vida e de cidadania valorizando a história e cultura dos afro-brasileiros e dos africanos, bem como para ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira.
O tema Diversidade Educacional Étnico Racial aproxima professores e alunos de uma história de exclusão no Brasil e suscita em todos a esperança na atuação da escola diante da Lei 10639/03 “no sentido de desconstruir mecanismos ideológicos que dão sustentabilidade aos mitos da inferioridade do negro e da democracia racial” (COSTA e SILVA, 2011). Esta luta não deve, porém, restringir-se ao meio educacional e sim ampliar-se pela sociedade para que aconteçam as devidas transformações nas estruturas que servem à produção das desigualdades étnico raciais, em espaços públicos, organizações e afins.
Através deste tema, enfatiza-se a superação do senso comum sobre as tradições religiosas africanas e suas manifestações. Tais tradições foram vistas como resistência cultural já que se apresentavam contrárias à opressão e discriminação impostas ao longo do tempo. Na defesa de sua identidade, com o fortalecimento de suas tradições, o afrodescendente contribuiu para a construção da identidade do povo brasileiro que se reconhece plural. Porém, haverá avanço na questão tolerância religiosa somente quando houver respeito pelas diferenças e pelo direito de cada um professar a sua fé e participar da prática cultural e religiosa que esteja relacionada à sua identidade.
Assim, o exercício religioso se efetivará na sociedade como uma diferença que enriquece porque é variada, livre e cidadã.
Como defendemos, a escola também é um espaço fundamental de construção de novas práticas e atitudes, além de ser o lugar de transmissão de conhecimentos científicos e técnicos (que orientam, junto com a família e outros espaços e agentes, o comportamento social). Assim, a escola é um ponto privilegiado para trabalhar a diversidade da cultura humana e os valores éticos de respeito ao outro.
Se é papel da educação fomentar a construção de uma ética fundada no respeito aos direitos humanos, condição básica para a vida em sociedade, nós, educadores devemos estar atentos aos preconceitos que envolvem a cor da pele, o tipo de cabelo, o formato dos lábios, a origem, a etnia, a religião, os modos de falar, etc. e e intervir em toda e qualquer situação de preconceito, reforçando a dignidade humana, a defesa da cidadania.
Desse modo, espera-se perceber, no cotidiano, por meio de atitudes, a melhora do comportamento dos alunos, pretendendo maior tolerância e respeito.
Pensando na escola como espaço de socialização dos sujeitos, é nela e por ela que se estabelecem relações com pessoas de diferentes culturas, costumes, famílias. Podemos estabelecer um lugar de segregação ou de igualdade. Neste sentido é que sempre devemos pensar em combater a segregação nas diversas ações desenvolvidas por uma comunidade escolar, em favor da igualdade e da cidadania.
Trabalhar a diversidade étnico-racial não deve se restringir ao dia 20 de novembro. Como já é conhecido ela deve ser inserida no currículo escolar em todas as áreas do conhecimento: língua portuguesa, história, geografia, matemática, ciências, artes e outras.
É importante que o aluno tenha consciência da importância e influência da cultura africana na sociedade atual, visando a contribuição na construção de sua personalidade, seja como afrodescendente ou não, além de incutir o respeito a diversidade nas características físicas e culturais.
Quando se conhece melhor o tema ao qual você quer trabalhar é possível conseguir melhores resultados, desta forma se os alunos tiverem mais informações a respeito da Diversidade Étnico Racial eles não tenham preconceito.
Por fim, é importante trabalhar a temática da diversidade étnico-racial em sala de aula porque a diversidade é algo que nos identifica como brasileiros. E uma das etnias que só lembramos por conta do processo de escravização é a dos povos africanos. Temos uma história interligada a esse Continente, mas que não conhecemos.

2. Problemática

A realidade de nossa escola é de que não se observa uma comunidade escolar negra. A maioria dos alunos são brancos ou se declaram brancos. É sabido que atitudes racistas estão mais ligadas à cor da pele do que à origem étnica. Se a pessoa tem descendência negra mas não mostra isto na cor de sua pele, a discriminação é menor. Neste sentido, observamos maior discriminação de gênero do que de etnia.
Conhecer a raiz da história africana e os termos comuns a este aprendizado, é essencial para que o educador conduza de forma eficiente e eficaz o assunto. Além da quebra de pré-conceitos, inerentes à conduta do ser humano.
Talvez a realidade das escolas e principalmente dos professores hoje seja reconhecer que existe racismo, às vezes o professor fica com receio de falar sobre o assunto ou discutir com os alunos.
Uma das problemáticas que vivenciamos nos últimos anos, não só em nossa escola, mas que atinge o debate nacional são as questões das cotas para indígenas, negros e para estudantes de escolas públicas nas universidades públicas. Para podermos oferecer argumentos aos nossos alunos, para além do “concordou ou discordo”, é buscarmos a compreensão da história destes grupos e das condições do processo educacional em nosso país.

3. Objetivos

  • Trabalhar as questões do racismo, levando os alunos a entenderem e respeitarem a cultura e os componentes étnico racial.
  • Conhecer melhor as questões da Diversidade Étnico racial no contexto da escola.
- Manter Fórum permanente de discussão e troca de informações no blog do grupo de estudos.
- Fomentar a temática da Diversidade Étnico racial nas semanas e reuniões pedagógicas.
- Realizar o estudo dos temas (conteúdos) da História e Cultura afro-brasileira e africana na Proposta Pedagógica Curricular.
- Desenvolver atividades com os alunos que envolvam o conhecimento e o respeito à História e Cultura afro-brasileira e africana.
- Organizar práticas escolares que levem em consideração a História e Cultura afro-brasileira e africana existente nas salas de aula.

4. Conteúdos

Os assuntos, ou conteúdos, estão presentes na Proposta Pedagógica Curricular do Colégio Zardo.
Em 2011 foi realizado um conjunto de atividades com o intuito de definir os conteúdos de cada uma das legislações solicitadas nas diferentes disciplinas do currículo escolar. Dentre elas, a Lei 10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade da inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas diversas disciplinas da Proposta Pedagógica Curricular.
Discutir as relações étnico raciais em sala de aula é um caminho possível para mostrarmos que somos diversos. E nesse contexto, inevitavelmente, haverá discussão sobre as imposições dos determinismos cultural e biológico. É preciso, então, que haja o entendimento claro e o reconhecimento e valorização dos africanos na participação da construção do Brasil. Isso implica no reconhecimento e na valorização dos afrodescendentes na igualdade de direitos sociais, civis, culturais, econômicos e a valorização dos negros que compõem a população brasileira. E para isto se faz necessário que ocorram mudanças nos discursos, raciocínios, gestos, posturas e o modo de tratar as pessoas negras.
Todos os temas abordados para a igualdade em todos os aspectos são pertinentes. No caso da arte, temas ligados à arte desenvolvida por artistas negros que se destacaram em seus trabalhos são desejáveis por que levam alunos negros a se identificarem com o sucesso, a visibilidade, que em outros tempos era campo de atuação de brancos(somente).O sujeito precisa se enxergar e se identificar como pertencente a uma etnia que tem valor como qualquer outra, que desenvolve papéis na sociedade como qualquer outra(seja bom ou ruim o desempenho desenvolvido).
De acordo com a Lei 10.639, de 09 de janeiro de 2003, o estudo da História da África e dos Africanos e a contribuição da cultura negra na formação do povo brasileiro tornam-se obrigatórios no currículo escolar. Essa lei passou a valer para todos os níveis da educação básica com a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais.Foi necessária a criação de uma lei para que houvesse um tardio reconhecimento da importância da cultura negra na sociedade brasileira. A implantação desta lei não coloca o negro na História do Brasil como simples escravizado e sim como um grande contribuidor do multiculturalismo que há no nosso país.
Alguns temas a serem trabalhados: Processo de construção do racismo e do racialismo a partir dos conhecimentos da Biologia, Filosofia, Craniometria, Darwinismo Social, do processo de colonização; Formação da identidade do povo brasileiro; Mito da democracia racial; Movimentos Sociais, cidadania e a construção dos direitos civis, políticos e sociais.

5. Metodologia e estratégias

Cabe a cada professor incluir e desenvolver os temas de acordo com a sua dinâmica de trabalho.
No Colégio Zardo existe a prática de utilizar o blog da pedagogia como um espaço para divulgar ações dos temas da história e cultura afrobrasileira e africana. Assim, publica-se material dos alunos (fotos, textos, vídeos) além de avaliar o conhecimentos dos mesmos por meio de seus comentários.
É importante viabilizar as abordagens da questão racial sob três aspectos: perspectiva folclórica, através dos eventos comemorativos pertencentes à raça negra; através da perspectiva crítica, levantando questionamentos sobre as identidades coletivas dos sujeitos negros e perspectiva pós-colonial, dando ênfase ao hibridismo identitário e às práticas discursivas abertas à diversidade e desafiadoras de dogmatismos, que geram o preconceito em relação ao outro.
Trabalhar a discriminação no ambiente escolar, percebidos por nós professores, de maneira interdisciplinar, com os alunos, através de reportagens de jornais e revistas, letras de músicas, poesias, etc., mostrando o quanto a discriminação e termos pejorativos estão presentes nos textos e principalmente, na mídia; essa falta de conhecimento em relação à identidade negra reforça seu tratamento discriminatório.
Na questão da Diversidade Étnico racial é importante problematizar o racismo e as permanências na atualidade do nosso passado escravista, deixando clara a impossibilidade de se olhar para o presente sem levar em conta o passado, assim como as persistentes desigualdades econômicas, social e de direitos que afetam a discriminação afrodescendente. Pensando na sobre a desconstrução social e histórica do racismo, o objetivo é relacionar a situação presente da sociedade brasileira com as raízes históricas na época da escravidão.
Realizar a pesquisa e análise dos índices do IBGE caracterizando as diferenças entre brancos e negros quanto ao desenvolvimento educacional, ganhos salariais, oportunidades de empregos, distribuição e concentração de renda.
Trabalhar com os diversos tipos de preconceito existente na sociedade, criando projetos que valorizem o negro na da sociedade, orientando ao respeito.
Ensinar a convivência respeitosa e pacífica com o diferente, o conhecimento de valores e solidariedade em todo âmbito escolar em muitos casos também no familiar criando novas formas de superação para os atuais desafios tendo a consciência que o direito de saber é de todos, independente de raça ou qualquer que seja a diversidade e trabalhar temas pertinentes a formação do cidadão para a construção de uma sociedade justa em que todos possam ter a oportunidade de começar a viver em paz, pois trabalhamos em lugares de produção e reprodução de conhecimentos, conceitos e atitudes.
Consideramos que são boas estratégias para se trabalhar o tema é o uso de filmes, documentários e palestras, porque quanto mais se evita, mais aumenta o preconceito. Essas ações são as que devem ser desenvolvidas na escola. Os filmes são fortes aliados para falar sobre o assunto, haja visto os três filmes sugeridos aqui para nortear nossas discussões.
As ações serão as de identificar como os alunos e professores se relacionam e lidam com diferenças étnico raciais no ambiente escolar , refletir sobre elas, identificar práticas racistas discriminatórias e desenvolver projetos, trabalhos, palestras, que venham combater costumes geradores de desigualdade . Quanto mais falarmos sobre o assunto , menos tabu teremos. Devemos ter também o apoio da família, pois não adianta somente a escola se no seio familiar existe discriminação e preconceito . Até hoje nunca vi uma escola que ensinasse discriminação e preconceito, no entanto ele existe.
De acordo com a Lei 10.639, de 09 de janeiro de 2003, o estudo da História da África e dos Africanos e a contribuição da cultura negra na formação do povo brasileiro tornam-se obrigatórios no currículo escolar. Essa lei passou a valer para todos os níveis da educação básica com a instituição das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Foi necessária a criação de uma lei para que houvesse um tardio reconhecimento da importância da cultura negra na sociedade brasileira. A implantação desta lei não coloca o negro na História do Brasil como simples escravizado e sim como um grande contribuidor do multiculturalismo que há no nosso país.
Trabalhar com músicas; leitura e interpretação de charges e história em quadrinhos; pesquisa sobre os movimentos sociais negros; sobre as cotas nas universidades públicas. E um dos momentos pontuais é trabalhar com o dia 20 de novembro, não apenas para lembrar a escravização e sim da luta pela construção de uma sociedade sem discriminação e desigualdades.
Utilizando os meios sugeridos aqui podem ser bons motivos para desencadear uma gama de discussões e percepções do que se passa na cabeça de nossos alunos.
Nas semanas pedagógicas de fevereiro e julho, o grupo desenvolverá apresentação sobre as questões da Diversidade Étnico Racial.
Nas reuniões pedagógicas on line, haverá um tema relacionado à Diversidade Étnico Racial para estudos pelos professores.
Para o cotidiano da escola, prever no Plano de Trabalho Docente os conteúdos da Diversidade Sexual e Gênero.
Organizar a presença do tema Diversidade Étnico Racial em texto no Projeto Político Pedagógico.

6. Avaliação

Com a implementação das temáticas e metodologias apontadas aqui, podemos verificar a comprometimento dos alunos e, a partir das análises e conclusões das discussões, o avanço na compreensão do processos histórico e ideológicos sobre a história e cultura afrobrasileira e africana em nossa sociedade.
O professor pode verificar a participação e o envolvimento dos alunos nos estudos dos temas através de pesquisas de vídeos, textos e imagens na Internet, workshop, enfim, provocando reflexões e propiciando visibilidade a diversidade Étnico Racial.
O professor pode verificar a participação do estudante, observar como ele se envolve com o assunto, com os trabalhos e projetos relacionados à esta temática. Alguns estudantes, por exemplo não gostam de ouvir falar nos orixás ou nas práticas de candomblés. Não veem este assunto com um objeto de estudo, mas sim como algo que não deve ser falado ou até fazem “gracinhas” ou “piadinhas” com as formas de manifestações de fé desta religião.
Verificação da participação e envolvimento do estudante no estudos dos temas
Por meio de instrumentos de avaliação: relatórios, textos, imagens, produção de material, elaboração de vídeos, cartazes e livros. Pode-se também analisar comentários em blog sobre o assunto.
Conforme especificado na Proposta Pedagógica Curricular do ensino de Língua Estrangeira do Colégio Zardo, o assunto pode ser trabalhado tentando fazer uma correlação com a história da luta de Martin Luther King nos Estados Unidos (inclusive pode-se utilizar o famoso discurso que dispomos em áudio) com os ícones da luta na História do Brasil no que se refere aos direitos dos negros (Abdias Nascimento, por exemplo).
Pode-se verificar o envolvimento dos alunos a partir do momento em que eles questionam o que lhes foi ensinado na História; verificar como constroem a argumentação na defesa ou contraposição aos conteúdos e como participam das pesquisas e das apresentações dos dados pesquisados.

7. Recursos

Uso das tecnologias da informação (computador com Internet) para realizar os estudos no blog, postagens e comentários.
Datashow para apresentação da proposta aos professores.
Texto impresso com os conteúdos previstos, bem como a versão digital a ser entregue no pen drive.
Caderno temático sobre Relações Étnico Raciais.

8. Articulação do grupo

O grupo organizou-se criando um blog na rede mundial (Internet) no qual foram sendo postados os materiais enviados pelo Departamento da Diversidade, bem como outros textos, vídeos e imagens sugeridos pelo grupo. Tornou-se o espaço, além do correio eletrônico, no qual o grupo manteve a comunicação e a partilha de informações.
Num primeiro momento, foram estudados os textos do Caderno Temático sobre Relações Étnico raciais (inserção dos conteúdos de história e cultura afrobrasileira e africana nos currículos escolares), elaborado pelos técnicos do Departamento da Diversidade (Secretaria de Estado da Educação), no qual compreendemos melhor a questão.
Em segundo lugar, foram vistos os vídeos sugeridos: “Vista minha pele”, “Diálogo das Religiões” e “Tradições Ciganas”. Realizou-se discussão sobre os filmes, sendo que O vídeo "Vista minha pele" é um filme que trata do preconceito que muitos jovens passam na adolescência de um jeito bem diferente e criativo. É um curta-metragem de Joel Zito Araújo, constituindo-se num excelente instrumento pedagógico para discutir a questão racial e outras formas de preconceito em nossas salas de aula. O filme é uma divertida paródia da realidade brasileira. Já “Diálogo das religiões – O vídeo das religiões afro – Direito de resposta”, é um programa feito contra ataques sofridos pela TV Record. Não se pode usar a TV, concessão pública, para incentivar o preconceito religioso. A Record, a serviço da Universal, viu-se obrigada pela justiça a apresentar o seguinte programa como direito de resposta por suas afirmações difamatórias contra as religiões afro-brasileiras. As virtudes de uma pessoa não tem nenhuma relação com suas crenças. Acreditar em Deus não significa ser santo, e não-acreditar em Deus não significa ser um demônio. E o vídeo “Tradições Ciganas” mostra que o Povo Cigano é uma raça sofrida, discriminada, excluída do contexto sócio-político-econômico, perseguida por muitas "inquisições", levada aos campos de concentração e aos fornos crematórios da Alemanha Nazista (tanto quanto o povo judeu).
Também foi analisado o endereço do sítio www.sagrado.org.br onde são encontrados diversos temas discutidos por líderes religiosos de várias concepções religiosas. São vídeo de, no máximo dois minutos.
Por fim, foram inseridos vários comentários no próprio blog. E assim, foi possível sistematizar os posicionamentos do grupo referente à temática estudada, bem como estabelecer ações para trabalhar pedagogicamente com o assunto em sala de aula.

9. Considerações finais

É possível notar que, de modo geral, os professores trazem consigo um alinhamento na questão de articularem ações e estratégias de ensino para o trabalho em sala de aula, que em muitos casos surgiram pela necessidade em reverter no contexto escolar o preconceito e a discriminação que continuam presentes e perceptíveis. Todas estas estratégias unidas a uma boa formação continuada e à iniciativa que os professores possuem ao abordar o tema se traduzem numa forma de implementação da Lei de maneira eficaz.
A educação é um ato permanente, dizia Paulo Freire, e neste sentido os professores do Colégio Zardo, entendem que estudar as relações étnico-raciais é um instrumento para a construção de uma sociedade antirracista, que privilegia o ambiente escolar como um espaço fundamental no combate ao racismo e à discriminação racial.

10. REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Educação / Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD, 2006.
______. Lei 10639, de 9 de janeirto de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.
COLÉGIO ZARDO. Projeto Político Pedagógico. Curitiba, 2011.
_______. Proposta Pedagógica Curricular. Curitiba, 2011.
COSTA, Hilton; SILVA, Paulo Vinicius Batista (Org.). Notas de história e cultura afro-brasileiras. Ponta Grossa: UEPG/UFPR, 2007.

GOMES, N. L. Diversidade étnico-racial, inclusão e equidade na educação brasileira: desafios, políticas e práticas. In: Revista Brasileira de Política e Administração da Educação. v.27, n.1, p. 109-121, jan./abr. 2011.

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