Alexandro Muhlstedt
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.
(Nelson Mandela)
INTRODUÇÃO
O
presente documento é resultado dos estudos empreendidos por um grupo
de professores do
Colégio Estadual Professor Francisco Zardo, por meio do Grupo de
Estudos semi presencial, ofertado pela Secretaria de Estado da
Educação e organizado pelo Departamento da Diversidade. Trata-se de
estudos sobre a temática Diversidade Étnico Racial.
A
diversidade entre os indivíduos é uma condição da natureza humana
e está presente na abordagem pedagógica. Isso não significa que
lidar com ela seja simples, pois, ainda hoje, está-se aprendendo a
conviver com as diferenças. Nem toda diversidade, no entanto,
significa desigualdade, e este é o caso da diversidade étnico-racial
e cultural. Cada um dos grupos que contribuiu para a formação da
sociedade brasileira tem histórias, saberes, culturas e, muitas
vezes, línguas diversas. Será que essa diversidade foi
historicamente valorizada, tanto pela sociedade quanto pela escola?
Será que se soube respeitar e aproveitar essa multiplicidade de
contribuições culturais? A resposta a essas perguntas foi, durante
muito tempo, negativa.
Várias pesquisas têm
revelado a luta da população negra pela superação do racismo ao
longo da história do nosso país. Uma trajetória que se inicia com
os quilombos, os abortos, os assassinatos de senhores nos tempos da
escravidão, tem ativa participação na luta abolicionista e adentra
os tempos da república com as organizações políticas, as
associações, a imprensa negra, entre outros. Também no período da
ditadura militar, várias foram as ações coletivas desencadeadas
pelos negros em prol da liberdade e da democracia.
1.
Justificativa
Nos
últimos anos, vivemos um "boom"
de
quebra de paradigmas, ideologias, mudanças de comportamentos, que
não deixam mais que minorias excluídas fiquem caladas. Segundo a
Lei 10639/2003 é obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana na Educação Básica. Essa obrigatoriedade
busca assegurar o direito à igualdade de condições de vida e de
cidadania valorizando a história e cultura dos afro-brasileiros e
dos africanos, bem como para ampliar o foco dos currículos escolares
para a diversidade cultural, racial, social e econômica brasileira.
O
tema Diversidade Educacional Étnico Racial aproxima professores e
alunos de uma história de exclusão no Brasil e suscita em todos a
esperança na atuação da escola diante da Lei 10639/03 “no
sentido de desconstruir mecanismos ideológicos que dão
sustentabilidade aos mitos da inferioridade do negro e da democracia
racial” (COSTA e SILVA, 2011). Esta luta não deve, porém,
restringir-se ao meio educacional e sim ampliar-se pela sociedade
para que aconteçam as devidas transformações nas estruturas que
servem à produção das desigualdades étnico raciais, em espaços
públicos, organizações e afins.
Através deste
tema, enfatiza-se a superação do senso comum sobre as tradições
religiosas africanas e suas manifestações. Tais tradições foram
vistas como resistência cultural já que se apresentavam contrárias
à opressão e discriminação impostas ao longo do tempo. Na defesa
de sua identidade, com o fortalecimento de suas tradições, o
afrodescendente contribuiu para a construção da identidade do povo
brasileiro que se reconhece plural. Porém, haverá avanço na
questão tolerância religiosa somente quando houver respeito pelas
diferenças e pelo direito de cada um professar a sua fé e
participar da prática cultural e religiosa que esteja relacionada à
sua identidade.
Assim, o exercício religioso se
efetivará na sociedade como uma diferença que enriquece porque é
variada, livre e cidadã.
Como defendemos, a escola também é
um espaço fundamental de construção de novas práticas e atitudes,
além de ser o lugar de transmissão de conhecimentos científicos e
técnicos (que orientam, junto com a família e outros espaços e
agentes, o comportamento social). Assim, a escola é um ponto
privilegiado para trabalhar a diversidade da cultura humana e os
valores éticos de respeito ao outro.
Se é papel da
educação fomentar a construção de uma ética fundada no respeito
aos direitos humanos, condição básica para a vida em sociedade,
nós, educadores devemos estar atentos aos preconceitos que envolvem
a
cor da pele, o tipo de cabelo, o formato dos lábios, a origem, a
etnia, a religião, os modos de falar, etc. e e
intervir em toda e qualquer situação de preconceito, reforçando a
dignidade humana, a defesa da cidadania.
Desse modo,
espera-se perceber, no cotidiano, por meio de atitudes, a melhora do
comportamento dos alunos, pretendendo maior tolerância e respeito.
Pensando na escola como espaço de
socialização dos sujeitos, é nela e por ela que se estabelecem
relações com pessoas de diferentes culturas, costumes, famílias.
Podemos estabelecer um lugar de segregação ou de igualdade. Neste
sentido é que sempre devemos pensar em combater a segregação nas
diversas ações desenvolvidas por uma comunidade escolar, em favor
da igualdade e da cidadania.
Trabalhar a diversidade étnico-racial
não deve se restringir ao dia 20 de novembro. Como já é conhecido
ela deve ser inserida no currículo escolar em todas as áreas do
conhecimento: língua portuguesa, história, geografia, matemática,
ciências, artes e outras.
É importante que o aluno tenha
consciência da importância e influência da cultura africana na
sociedade atual, visando a contribuição na construção de sua
personalidade, seja como afrodescendente ou não, além de incutir o
respeito a diversidade nas características físicas e culturais.
Quando se conhece melhor o tema ao
qual você quer trabalhar é possível conseguir melhores resultados,
desta forma se os alunos tiverem mais informações a respeito da
Diversidade Étnico Racial eles não tenham preconceito.
Por fim, é importante trabalhar a
temática da diversidade étnico-racial em sala de aula porque a
diversidade é algo que nos identifica como brasileiros. E uma das
etnias que só lembramos por conta do processo de escravização é a
dos povos africanos. Temos uma história interligada a esse
Continente, mas que não conhecemos.
2.
Problemática
A realidade de nossa escola é de que
não se observa uma comunidade escolar negra. A maioria dos alunos
são brancos ou se declaram brancos. É sabido que atitudes racistas
estão mais ligadas à cor da pele do que à origem étnica. Se a
pessoa tem descendência negra mas não mostra isto na cor de sua
pele, a discriminação é menor. Neste sentido, observamos maior
discriminação de gênero do que de etnia.
Conhecer a raiz da história africana
e os termos comuns a este aprendizado, é essencial para que o
educador conduza de forma eficiente e eficaz o assunto. Além da
quebra de pré-conceitos, inerentes à conduta do ser humano.
Talvez a realidade das escolas e
principalmente dos professores hoje seja reconhecer que existe
racismo, às vezes o professor fica com receio de falar sobre o
assunto ou discutir com os alunos.
Uma das problemáticas que vivenciamos
nos últimos anos, não só em nossa escola, mas que atinge o debate
nacional são as questões das cotas para indígenas, negros e para
estudantes de escolas públicas nas universidades públicas. Para
podermos oferecer argumentos aos nossos alunos, para além do
“concordou ou discordo”, é buscarmos a compreensão da história
destes grupos e das condições do processo educacional em nosso
país.
3. Objetivos
- Trabalhar as questões do racismo, levando os alunos a entenderem e respeitarem a cultura e os componentes étnico racial.
- Conhecer melhor as questões da Diversidade Étnico racial no contexto da escola.
- Manter Fórum permanente de
discussão e troca de informações no blog do grupo de estudos.
- Fomentar a temática da Diversidade
Étnico racial nas semanas e reuniões pedagógicas.
- Realizar o estudo dos temas
(conteúdos) da História e Cultura afro-brasileira e africana na
Proposta Pedagógica Curricular.
- Desenvolver atividades com os alunos
que envolvam o conhecimento e o respeito à História e Cultura
afro-brasileira e africana.
- Organizar práticas escolares que
levem em consideração a História e Cultura afro-brasileira e
africana existente nas salas de aula.
4.
Conteúdos
Os assuntos, ou
conteúdos, estão presentes na Proposta Pedagógica Curricular do
Colégio Zardo.
Em
2011 foi realizado um conjunto de atividades com o intuito de definir
os conteúdos de cada uma das legislações solicitadas nas
diferentes disciplinas do currículo escolar. Dentre elas, a Lei
10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade da inclusão de História
e Cultura Afro-Brasileira e Africana nas diversas disciplinas da
Proposta Pedagógica Curricular.
Discutir
as relações étnico raciais em sala de aula é um caminho possível
para mostrarmos que somos diversos. E nesse contexto,
inevitavelmente, haverá discussão sobre as imposições dos
determinismos cultural e biológico. É
preciso, então, que haja o entendimento claro e o reconhecimento e
valorização dos africanos na participação da construção do
Brasil. Isso implica no reconhecimento e na valorização dos
afrodescendentes na igualdade de direitos sociais, civis, culturais,
econômicos e a valorização dos negros que compõem a população
brasileira. E para isto se faz necessário que ocorram mudanças nos
discursos, raciocínios, gestos, posturas e o modo de tratar as
pessoas negras.
Todos os temas abordados para a
igualdade em todos os aspectos são pertinentes. No caso da arte,
temas ligados à arte desenvolvida por artistas negros que se
destacaram em seus trabalhos são desejáveis por que levam alunos
negros a se identificarem com o sucesso, a visibilidade, que em
outros tempos era campo de atuação de brancos(somente).O sujeito
precisa se enxergar e se identificar como pertencente a uma etnia que
tem valor como qualquer outra, que desenvolve papéis na sociedade
como qualquer outra(seja bom ou ruim o desempenho desenvolvido).
De acordo com a Lei 10.639, de 09 de
janeiro de 2003, o estudo da História da África e dos Africanos e a
contribuição da cultura negra na formação do povo brasileiro
tornam-se obrigatórios no currículo escolar. Essa lei passou a
valer para todos os níveis da educação básica com a instituição
das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais.Foi necessária a criação de uma lei para que
houvesse um tardio reconhecimento da importância da cultura negra na
sociedade brasileira. A implantação desta lei não coloca o negro
na História do Brasil como simples escravizado e sim como um grande
contribuidor do multiculturalismo que há no nosso país.
Alguns temas a serem trabalhados:
Processo de construção do racismo e do racialismo a partir dos
conhecimentos da Biologia, Filosofia, Craniometria, Darwinismo
Social, do processo de colonização; Formação da identidade do
povo brasileiro; Mito da democracia racial; Movimentos Sociais,
cidadania e a construção dos direitos civis, políticos e sociais.
5.
Metodologia e estratégias
Cabe a cada professor incluir e
desenvolver os temas de acordo com a sua dinâmica de trabalho.
No
Colégio Zardo existe a prática de utilizar o blog da pedagogia como
um espaço para divulgar ações dos temas da história e cultura
afrobrasileira e africana. Assim, publica-se material dos alunos
(fotos, textos, vídeos) além de avaliar o conhecimentos dos mesmos
por meio de seus comentários.
É
importante viabilizar as abordagens da questão racial sob três
aspectos: perspectiva folclórica,
através dos eventos comemorativos pertencentes à raça negra;
através da perspectiva
crítica,
levantando questionamentos sobre as identidades coletivas dos
sujeitos negros e perspectiva pós-colonial,
dando ênfase ao hibridismo identitário e às práticas discursivas
abertas à diversidade e desafiadoras
de dogmatismos, que geram o preconceito em relação ao outro.
Trabalhar a discriminação no
ambiente escolar, percebidos por nós professores, de maneira
interdisciplinar, com os alunos, através de reportagens de jornais e
revistas, letras de músicas, poesias, etc., mostrando o quanto a
discriminação e termos pejorativos estão presentes nos textos e
principalmente, na mídia; essa falta de conhecimento em relação à
identidade negra reforça seu tratamento discriminatório.
Na questão da Diversidade Étnico
racial é importante problematizar o racismo e as permanências na
atualidade do nosso passado escravista, deixando clara a
impossibilidade de se olhar para o presente sem levar em conta o
passado, assim como as persistentes desigualdades econômicas, social
e de direitos que afetam a discriminação afrodescendente. Pensando
na sobre a desconstrução social e histórica do racismo, o objetivo
é relacionar a situação presente da sociedade brasileira com as
raízes históricas na época da escravidão.
Realizar
a pesquisa e análise dos
índices do IBGE caracterizando as diferenças entre brancos e negros
quanto ao desenvolvimento educacional, ganhos salariais,
oportunidades de empregos, distribuição e concentração de renda.
Trabalhar com os diversos tipos de
preconceito existente na sociedade, criando projetos que valorizem o
negro na da sociedade, orientando ao respeito.
Ensinar
a convivência respeitosa e pacífica com o diferente, o conhecimento
de valores e solidariedade em todo âmbito escolar em muitos casos
também no familiar criando novas formas de superação para os
atuais desafios tendo a consciência que o direito de saber é de
todos, independente de raça ou qualquer que seja a diversidade e
trabalhar temas pertinentes a formação do cidadão para a
construção de uma sociedade justa em que
todos possam ter a oportunidade de começar a viver em paz, pois
trabalhamos em lugares de produção e reprodução de conhecimentos,
conceitos e atitudes.
Consideramos que são boas estratégias
para se trabalhar o tema é o uso de filmes, documentários e
palestras, porque quanto mais se evita, mais aumenta o preconceito.
Essas ações são as que devem ser desenvolvidas na escola. Os
filmes são fortes aliados para falar sobre o assunto, haja visto os
três filmes sugeridos aqui para nortear nossas discussões.
As ações serão as de identificar
como os alunos e professores se relacionam e lidam com diferenças
étnico raciais no ambiente escolar , refletir sobre elas,
identificar práticas racistas discriminatórias e desenvolver
projetos, trabalhos, palestras, que venham combater costumes
geradores de desigualdade . Quanto mais falarmos sobre o assunto ,
menos tabu teremos. Devemos ter também o apoio da família, pois não
adianta somente a escola se no seio familiar existe discriminação e
preconceito . Até hoje nunca vi uma escola que ensinasse
discriminação e preconceito, no entanto ele existe.
De acordo com a Lei 10.639, de 09 de
janeiro de 2003, o estudo da História da África e dos Africanos e a
contribuição da cultura negra na formação do povo brasileiro
tornam-se obrigatórios no currículo escolar. Essa lei passou a
valer para todos os níveis da educação básica com a instituição
das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais. Foi necessária a criação de uma lei para que
houvesse um tardio reconhecimento da importância da cultura negra na
sociedade brasileira. A implantação desta lei não coloca o negro
na História do Brasil como simples escravizado e sim como um grande
contribuidor do multiculturalismo que há no nosso país.
Trabalhar com músicas; leitura e
interpretação de charges e história em quadrinhos; pesquisa sobre
os movimentos sociais negros; sobre as cotas nas universidades
públicas. E um dos momentos pontuais é trabalhar com o dia 20 de
novembro, não apenas para lembrar a escravização e sim da luta
pela construção de uma sociedade sem discriminação e
desigualdades.
Utilizando os meios sugeridos aqui
podem ser bons motivos para desencadear uma gama de discussões e
percepções do que se passa na cabeça de nossos alunos.
Nas semanas pedagógicas de fevereiro
e julho, o grupo desenvolverá apresentação sobre as questões da
Diversidade Étnico Racial.
Nas reuniões pedagógicas on line,
haverá um tema relacionado à Diversidade Étnico Racial para
estudos pelos professores.
Para o cotidiano da escola, prever no
Plano de Trabalho Docente os conteúdos da Diversidade Sexual e
Gênero.
Organizar a presença do tema
Diversidade Étnico Racial em texto no Projeto Político Pedagógico.
6.
Avaliação
Com a implementação das temáticas e
metodologias apontadas aqui, podemos verificar a comprometimento dos
alunos e, a partir das análises e conclusões das discussões, o
avanço na compreensão do processos histórico e ideológicos sobre
a história e cultura afrobrasileira e africana em nossa sociedade.
O professor pode verificar a
participação e o envolvimento dos alunos nos estudos dos temas
através de pesquisas de vídeos, textos e imagens na Internet,
workshop, enfim, provocando reflexões e propiciando visibilidade a
diversidade Étnico Racial.
O professor pode verificar a
participação do estudante, observar como ele se envolve com o
assunto, com os trabalhos e projetos relacionados à esta temática.
Alguns estudantes, por exemplo não gostam de ouvir falar nos orixás
ou nas práticas de candomblés. Não veem este assunto com um objeto
de estudo, mas sim como algo que não deve ser falado ou até fazem
“gracinhas” ou “piadinhas” com as formas de manifestações
de fé desta religião.
Verificação da participação e
envolvimento do estudante no estudos dos temas
Por meio de instrumentos de avaliação: relatórios, textos, imagens, produção de material, elaboração de vídeos, cartazes e livros. Pode-se também analisar comentários em blog sobre o assunto.
Por meio de instrumentos de avaliação: relatórios, textos, imagens, produção de material, elaboração de vídeos, cartazes e livros. Pode-se também analisar comentários em blog sobre o assunto.
Conforme
especificado na Proposta Pedagógica Curricular do ensino de Língua
Estrangeira do Colégio Zardo, o assunto pode ser trabalhado tentando
fazer uma correlação com a história da luta de Martin Luther King
nos Estados Unidos (inclusive pode-se utilizar o famoso discurso que
dispomos em áudio) com os ícones da luta na História do Brasil no
que se refere aos direitos dos negros (Abdias Nascimento, por
exemplo).
Pode-se verificar o
envolvimento dos alunos a partir do momento em que eles questionam o
que lhes foi ensinado na História; verificar como constroem a
argumentação na defesa ou contraposição aos conteúdos e como
participam das pesquisas e das apresentações dos dados pesquisados.
7.
Recursos
Uso das tecnologias da informação
(computador com Internet) para realizar os estudos no blog, postagens
e comentários.
Datashow para apresentação da
proposta aos professores.
Texto impresso com os conteúdos
previstos, bem como a versão digital a ser entregue no pen drive.
Caderno temático sobre Relações
Étnico Raciais.
8. Articulação do grupo
O grupo organizou-se criando um blog
na rede mundial (Internet) no qual foram sendo postados os materiais
enviados pelo Departamento da Diversidade, bem como outros textos,
vídeos e imagens sugeridos pelo grupo. Tornou-se o espaço, além do
correio eletrônico, no qual o grupo manteve a comunicação e a
partilha de informações.
Num
primeiro momento, foram estudados os textos do Caderno Temático
sobre Relações Étnico raciais (inserção dos conteúdos de
história e cultura afrobrasileira e africana nos currículos
escolares), elaborado pelos técnicos do Departamento da Diversidade
(Secretaria de Estado da Educação), no qual compreendemos melhor a
questão.
Em
segundo lugar, foram vistos os vídeos sugeridos: “Vista minha
pele”, “Diálogo das Religiões” e “Tradições Ciganas”.
Realizou-se discussão sobre os filmes, sendo que O vídeo "Vista
minha pele" é um filme que trata do preconceito que muitos
jovens passam na adolescência de um jeito bem diferente e criativo.
É
um curta-metragem de Joel Zito Araújo, constituindo-se num excelente
instrumento pedagógico para discutir a questão racial e outras
formas de preconceito em nossas salas de aula. O filme é uma
divertida paródia da realidade brasileira. Já “Diálogo das
religiões – O vídeo das religiões afro – Direito de resposta”,
é um programa feito contra ataques sofridos pela TV Record. Não se
pode usar a TV, concessão pública, para incentivar o preconceito
religioso. A Record, a serviço da Universal, viu-se obrigada pela
justiça a apresentar o seguinte programa como direito de resposta
por suas afirmações difamatórias contra as religiões
afro-brasileiras. As virtudes de uma pessoa não tem nenhuma relação
com suas crenças. Acreditar em Deus não significa ser santo, e
não-acreditar em Deus não significa ser um demônio. E o vídeo
“Tradições Ciganas” mostra que o Povo Cigano é uma raça
sofrida, discriminada, excluída do contexto
sócio-político-econômico, perseguida por muitas "inquisições",
levada aos campos de concentração e aos fornos crematórios da
Alemanha Nazista (tanto quanto o povo judeu).
Também
foi analisado o endereço do sítio www.sagrado.org.br onde são
encontrados diversos temas discutidos por líderes religiosos de
várias concepções religiosas. São vídeo de, no máximo dois
minutos.
Por
fim, foram inseridos vários comentários no próprio blog. E assim,
foi possível sistematizar os posicionamentos do grupo referente à
temática estudada, bem como estabelecer ações para trabalhar
pedagogicamente com o assunto em sala de aula.
9.
Considerações
finais
É
possível notar que, de modo geral, os professores trazem consigo um
alinhamento na questão de articularem ações e estratégias de
ensino para o trabalho em sala de aula, que em muitos casos surgiram
pela necessidade em reverter no contexto escolar o preconceito e a
discriminação que continuam presentes e perceptíveis. Todas estas
estratégias unidas a uma boa formação continuada e à iniciativa
que os professores possuem ao abordar o tema se traduzem numa forma
de implementação da Lei de maneira eficaz.
A
educação é um ato permanente, dizia Paulo Freire, e neste sentido
os professores do Colégio Zardo, entendem que estudar as relações
étnico-raciais é um instrumento para a construção de uma
sociedade antirracista, que privilegia o ambiente escolar como um
espaço fundamental no combate ao racismo e à discriminação
racial.
10.
REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS
BRASIL.
Ministério da Educação / Secretaria da Educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade. Orientações e Ações para Educação
das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD, 2006.
______.
Lei
10639, de 9 de janeirto de 2003.
Altera a Lei no
9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática
"História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras
providências.
COLÉGIO
ZARDO. Projeto Político Pedagógico. Curitiba, 2011.
_______. Proposta
Pedagógica Curricular. Curitiba, 2011.
COSTA,
Hilton; SILVA, Paulo Vinicius
Batista (Org.). Notas de história e cultura afro-brasileiras. Ponta
Grossa: UEPG/UFPR, 2007.
GOMES,
N. L. Diversidade étnico-racial, inclusão e equidade na educação
brasileira: desafios, políticas e práticas. In: Revista
Brasileira de Política e Administração da Educação.
v.27, n.1, p. 109-121, jan./abr. 2011.
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