Questões éticas para um tempo de mudanças
Síntese de nossas questões atuais
Nosso tempo, a condição pós-moderna
A questão da identidade está sendo extensamente discutida na teoria social. Em essência, o argumento é o seguinte: as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado.
Nosso tempo, a condição pós-moderna
A “crise de identidades” é vista como parte de um processo mais amplo de mudança, que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os quadros de referência no mundo social.
Condicionantes paradoxais da contemporaneidade – Pós-modernidade
Fragmentação – percebemos um todo mas não damos conta dele - não o re-conhecemos.
Superficialidade – não conseguimos nos aprofundar nos temas e reflexões, mas “passeamos” por um sem número de novas possibilidades...
Velocidade – produzimos mais, aprendemos mais, queremos mais mas estamos sempre a dever, atrasados...
Questões da educação nestes tempos
Algumas perguntas
Qual o papel da escola hoje?
Como educar?
Que mundo queremos?
Que aluno queremos formar?
Avaliar para quê? O que fazer com a avaliação? Como avaliar?
Na busca de respostas
O problema da educação no mundo moderno está no fato de, por sua natureza, não poder esta abrir mão nem da sua autoridade, nem da tradição, e ser obrigada, apesar disso, a caminhar em um mundo que não é estruturado nem pela autoridade nem tampouco mantido coeso pela tradição.
Na busca de respostas
Isso significa, entretanto, que não apenas professores e educadores, porém todos nós, na medida em que vivemos em um mundo junto às nossas crianças e aos jovens, devemos ter em relação a eles uma atitude radicalmente diversa da que guardamos um para com o outro.
Na busca de respostas
Cumpre divorciarmos decisivamente o âmbito da educação dos demais, e acima de tudo do âmbito da vida pública e política, para aplicar exclusivamente a ele um conceito de autoridade e uma atitude face ao passado que lhe são apropriados mas não possuem validade geral, não devendo reclamar uma aplicação generalizada no mundo dos adultos.
História recente
Autoridade, crise, reflexão, responsabilidade.
Crise de autoridade, mais do que uma conjuntura local, uma condição de nosso tempo – nos anos 60 uma revolta contra a autoridade do Estado, da escola e da família.
Com Edgar Morin (Folha de São Paulo, pg. A14, 28/04/08):
“A figura do pai perdeu importância, dando lugar a uma era de maior liberdade na relação entre pais e filhos.
Daí a importância do diálogo!
A necessidade de abrir o tema da educação e da avaliação de um ponto de vista amplo, considerando as relações comunitárias (escuta atenta: qual é a nossa realidade?), e o entorno da escola, para que nos voltemos ao efetivo e ao condizente com essa realidade; o diálogo assumido como questão política, a ser tratado publicamente!
Daí a importância do diálogo!
A autoridade do educador se afirma na condução segura de uma prática que é inerente ao ato educativo transformador.
Mas não é só isso!!!
Daí a importância do diálogo!
É necessário, no mundo contemporâneo, que a autoridade dê lugar à liberdade consciente . Os mecanismos de coerção estão sendo retirados das mãos dos docentes. Os alunos, por sua vez, conhecem cada vez mais seus direitos.
Avaliação: Para que avaliar? O que avaliar? Como avaliar?
Quais avaliações?
Conceitos e metas. A cada pergunta uma resposta e um modo de avaliar – em decorrência das demandas obtemos processos e resultados distintos.
Quais avaliações?
O que fazer? Há um modelo? Como inovar?
No Ensino Médio as “imposições” dos vestibulares?
E quando as mudanças nos grandes vestibulares acontecerem?
As avaliações do governo em todos os níveis de ensino - ENEM, Prova Brasil, PROUNI etc., como demandas...
Uma demanda de mercado – sociedade de competição – condição do modo de produção...
Para fazer frente a esses processos homogeneizantes é condição firmar uma meta e uma proposta de trabalho e apresentar à comunidade, buscando envolvimento e participação – as famílias e seus filhos precisam afirmar um projeto de formação!
Condições atuais para realizar avaliações na escola
Na escola, as equipes docentes devem afirmar suas metas e competências e dialogar com alunos sobre sua “indisciplina” e a falta de interesse na escola – dúvidas sobre sua importância e validade e o questionamento da autoridade (Quem conhece? Como conhece?)
A autoridade de formular as perguntas e ousar responder – função de quem conhece.
Condições atuais para realizar avaliações na escola
Não podemos abrir mão de nossa autoridade – nós, professores, somos quem conhece!
Mas não um nós individualizado e fragmentado, mas um nós coletivo, parceiro, companheiro, que pergunta, formula análises, reflete caminhos e tenta dar respostas em conjunto, professoras e professores aliados na releitura de nossa tarefas e de nossos novos desafios.
Metas atuais: Avaliação e interdisciplinaridade
Formar equipes visando repensar o que é avaliar e como avaliar – a partir da constituição de uma subjetividade coletiva.
Articular os conhecimentos, uma demanda de nosso tempo – antes uma articulação entre pessoas.
Metas atuais: Avaliação e interdisciplinaridade
Formular perguntas que re-conheçam e dialoguem com o mundo dos alunos.
Ivani Fazenda – Interdisciplinaridade é ação/ atitude, demandando: Humildade, Parceria, Espera, Olhar/Escuta, Desprendimento.
Práticas em educação formal
Para a articulação de novas formas de avaliação:
Preparação dos alunos/antecipação dos conteúdos/temas, competências e habilidades que serão abordados.
Definição conjunta das diretrizes (inter-docentes) – perguntar: O que devemos avaliar?
Práticas em educação formal
Múltiplas formas de avaliar – no mínimo 05 instrumentos por bimestre/trimestre;
Múltiplos instrumentos, múltiplos olhares, e afirmação da competência da equipe docente, por exemplo, com projetos sendo avaliados por bancas compostas por docentes de várias áreas.
Considerando processos de múltiplas avaliações
Tipos de avaliação
1. Avaliação Inicial ou de sondagem: leitura do mundo do/da estudante – O que ele/ela conhece?
2. Avaliação Formativa: Dessa avaliação o professor pode reorientar conteúdos e métodos de ensino/aprendizagem – escuta atenta do processo.
Considerando processos de múltiplas avaliações
3. Avaliação Recapitulativa: Mensura o que o/a estudante reteve. É o instrumento que mensura êxito ou fracasso, sempre ao final do processo.
Considerando processos de múltiplas avaliações
4. Avaliação Somativa
Essa modalidade, geralmente, é aplicada ao final de cada período de aprendizado, com o objetivo de medir o conhecimento adquirido pelo educando. Sua função é classificar os alunos ao final da unidade semestre ou ano letivo, segundo níveis de aproveitamento apresentados
Considerando processos de múltiplas avaliações
5. Avaliação Diagnóstica
A avaliação diagnóstica visa a identificar e avaliar o conhecimento que o aluno traz, tanto antes de iniciar o curso, como ao iniciar uma nova prática, mesmo que seja em menor escala, e ao término do curso para identificar o que foi aprendido.
Consiste em: pré-teste e pós-teste.
Elementos para reflexão
Ética – se queremos formar nossos alunos para o mundo que temos, que aí está, precisamos pensar numa educação para a mobilidade e para a instabilidade, para a crise das identidades, para a globalização, para as injustiças, para os problemas da sustentabilidade da vida no Planeta, para os terrorismos, para as violências...
Elementos para reflexão
Precisamos de uma educação que faça dos processos de avaliação um modo de conhecer quem aprende, para que possamos interferir e potencializar esse processo, como uma nova lógica do fazer educativo, pois, do contrário, estaremos só reproduzindo o já ultrapassado.
Elementos para reflexão
Precisamos enfim de uma lógica avaliativa imersa na eticidade; que seja escuta, interação, acolhimento, afetos, trocas e que seja também, a um só tempo, diálogo competentemente amoroso e amorosamente competente.
Bibliografia
Arendt, Hanna. Entre o passado e o futuro. São Paulo, Perspectiva, 2007.
Fazenda, Ivani. Interdisciplinaridade, História, Princípios e Métodos. Campinas, Papirus, 1995.
Foucault, Michel. Introdução à uma vida não fascista. In: O Anti-Édipo. Deleuze e Guattari, Porto, Edições 70, 1975.
Hall, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro, DP&A, 2006.
Hernandez, Fernando. Transgressão e mudança da educação. Porto Alegre, Artmed, 1998.
Maffesoli, Michel. Notas sobre a pós-modernidade. Rio de Janeiro, Atlântica, 2004.
Silva, Tomaz Tadeu da. O currículo como fetiche. Belo Horizonte, Autêntica, 1999.
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